Cultura

1º Festival Travessias dedicado à música brasileira

Armindo Canda

Jornalista

A primeira edição do Festival Travessias, dedicado a música brasileira, juntou num concerto realizado na passada sexta-feira, na Casa das Arte de Talatona, em Luanda, artistas nacionais e estrangeiros.

20/02/2024  Última atualização 09H00
Iniciativa juntou, num único palco, em Talatona, instrumentistas angolanos, brasileiros, portugueses e uma moçambicana © Fotografia por: DR

O evento contou, igualmente, com a presença de alunos e professores angolanos de música, cujo taleto mereceu reconhecimento dos estrangeiros.

No concerto de encerramento foi homenageado, a título póstumo, o cantor e nacionalista Ruy Mingas, falecido a 4 de Janeiro deste ano, por doença, em Lisboa. A orquestra executou o clássico "Meninos do Huambo”, letra de Manuel Rui Monteiro, parceiro musical no Hino Nacional.

Antes do concerto de sexta-feira, o Memorial Dr. António Agostinho Neto acolheu, na quarta-feira, o primeiro espectáculo, que serviu de apresentação dos professores e artistas nacionais e estrangeiros participantes no primeiro Festival Travessias. Durante uma semana, decorreram aulas e pequenas apresentações em escolas.

Ao fazer um resumo do Festival Travessias, o Maestro brasileiro João Maurício disse que o programa da primeira edição do projecto foi composto de muita música brasileira, com o objectivo de promover um pouco mais os ritmos do Brasil. "Acreditamos que tem muito a ver com os ritmos africanos e nos identificamos com as canções deste belo continente”.

João Maurício felicitou os instrumentistas angolanos pela capacidade e o talento que têm, tendo incentivado os dirigentes um maior acompanhamento aos instrumentistas.

"Estes jovens têm muito talento e raramente se vêem pessoas com uma tamanha intuição musical, mas eles precisam de professores para um maior acompanhamento”, disse.

Pela produção do evento, Yuri Simão, responsável da Nova Energia, referiu que o projecto "Travessias” é um encontro de vários mundos da lusofonia, por isso abraçaram o desafio em trazer este grande projecto internacional em Angola.

"Neste primeiro encontro, tivemos a realização de uma Master Class para que houvesse uma troca de saberes entre os artistas angolanos e estrangeiros, sobretudo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Este é um projecto pioneiro que desviamos de Moçambique para Angola, porque estava previsto começar em Moçambique, e esperamos realizar a segunda edição deste grande projecto ainda este ano”.

Yuri Simão realçou que o projecto tem como objecto a criação de intercâmbio cultural, onde as pessoas de diferentes origens e nacionalidades possam conectar-se através da música, reunindo músicos de países como Angola, Brasil, Portugal e Moçambique.

Para Luísa Elias, uma das estudantes e participante da Master Class, foi uma experiência agradável e aprendeu bastantes com os professores estrangeiros. "Durante dois dias de aulas práticas, consegui adquirir muito conhecimento, e uma das coisas que aprendeu foi ser mais agil, pensar rápido e de forma positiva e nada negativo”.

O Concerto

O resultado das aulas ministradas pelos professores foi apresentado em concerto, que serviu para recordar algumas figuras importantes da música erudita brasileira, com realce para a compositora Francisca Gonzaga, César Guerra Peixe, Egberto Gismonti, Waldemar Henrique e Alfredo Viana "Pixinguinha”.

A música do país do samba esteve em evidência no alinhamento, com canções do Nordeste, da região Centro Oeste e da Amazónia, dentre elas "Morão”, "Tambá Tajã”, "Uirá-Curu”, "Palhaço”, "Cubanita” e "Rosa”.

Bruno Neto, cantor lírico com voz de barítono, acompanhado por piano, brindou os presentes com "Adeus”, "Chula” e "Tem pena da Nega”, músicas do compositor brasileiro Waldemar Henrique. De seguida, o grupo Coral Monte Sinai, trajados de túnica verde e branca, incluíram no alinhamento duas propostas musicais. A orquestra, formada por músicos angolanos, portugueses, brasileiros e uma moçambicana, teve a direcção do maestro João Maurício, do Brasil.

Outro momento do concerto foi a actuação dos professores estrangeiros, com destaque para as exibições da musicóloga brasileira Magna Ferreira, do violoncelista norte-americano Jed Barahal, da violinista moçambicana Agnes Golias, dos portugueses Luís Santana, Ricardo Alves, violinista Inês Vieira, trombonista Joaquim Oliveira e da pianista Christina Margotto, que cantaram um fado intitulado "Foi Deus” de Amália Rodrigues.

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