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Há mais de três décadas, Júlia Dolores Fernandes Lima encanta plateias com a sua poesia e declamação. Actualmente, ela ocupa o cargo de secretária executiva da Brigada Jovem de Literatura de Benguela, a sua terra natal, onde nasceu há meio século.
Júlia Lima é aclamada como a melhor poetisa de Benguela por historiadores e figuras proeminentes da cultura local. O seu caminho na poesia teve início em 1986, na catequese, quando participou de um jogral na Igreja Católica "Nossa Senhora do Pópulo", em Benguela, aos cuidados de seis catecúmenos.
Em 1984, Júlia escreveu o seu primeiro poema, intitulado "O teu coraçãozinho, Senhor", um marco que a impulsionou para o mundo das palavras belas e férteis. Os elogios iniciais vieram de professores, em especial da professora Marinela, que reconheceram o seu talento e a encorajaram a seguir em frente.
Tudo aquilo que fazia, explica, é com a mão de Deus, porque nunca deu conta da veracidade e das tamanhas palavras que dizia. "Eu falava, mas não dava conta de que eram palavras muito bonitas ou muito boas. Ficava surpreendida quando as pessoas me perguntavam ou a forma como me olhavam e depois de actuar.
"Antes pensava que no avião não aconteciam movimentos estranhos que senti pela primeira vez a bordo”, disse, salientando que, aquela sensação de calafrio e mau estar, a fez desistir.
Ao longo dos seus 28 anos de carreira, Júlia Lima não se limitou a Benguela. A sua poesia autêntica e emocionalmente impactante a levou aos palcos da terra de Samora Machel, em Moçambique, e Sam Nujoma, na Namíbia.
Júlia Lima, considerada a melhor poetisa de Benguela pela sua originalidade metafórica, profundidade poética e impacto emocional, compartilhou nesta entrevista ao Jornal de Angola a sua jornada desde os primeiros passos na poesia até o reconhecimento internacional.
Além das actuações em igrejas, escolas e eventos governamentais, Júlia emociona públicos diversos, transmitindo esperança e amor por meio da sua poesia. O seu livro "Rosa dos Meus Sonhos", de 50 páginas, reflecte a sua criatividade e dom divino para transmitir sentimentos profundos, como fé, esperança e amor.
A gratidão de Júlia Lima pela educação e apoio dos pais moldou a sua generosidade e dedicação à comunidade. A mãe, Maria Helena, uma figura sacrificada que a inspira diariamente, é lembrada com carinho nas suas palavras.
Além dos seus feitos como poetisa, Júlia Lima actua como assistente social, compartilhando a sua arte e conhecimento em diversas comunidades. A sua paixão pela cultura e literatura a levou a palcos internacionais, como em Moçambique e Namíbia, onde a sua presença foi marcante.
Júlia Lima, uma mulher versátil e comprometida com o enriquecimento da cultura local, destaca a importância do contínuo estudo e da diferenciação entre formas artísticas, como a declamação e a poesia. A sua contribuição para a sociedade vai além dos palcos, abrangendo acções sociais e educativas que impactam positivamente a comunidade.
Com uma carreira diversificada e repleta de conquistas, Júlia Lima inspira aqueles ao seu redor a perseguirem os seus sonhos e a valorizarem a arte e a cultura como instrumentos de transformação e esperança.
Antiga presidente da Associação das Mulheres Empresárias do Bié
A sua ascensão ao cargo ocorreu após participar de uma formação que reuniu 100 mulheres, em que a sua apresentação singular a destacou.
Numa reviravolta inesperada, Júlia foi escolhida para liderar a associação, apesar de não ter um histórico como empresária. A presença marcante de figuras influentes contribuiu para a sua nomeação, demonstrando a importância da capacitação e do reconhecimento mútuo entre mulheres empreendedoras.
"Senti-me honrada e surpresa com a escolha. Foi um momento de descoberta e confiança, em que a senhora Florence me indicou para assumir a presidência da Associação das Mulheres Empresárias", relembrou Júlia, destacando a valorização de suas habilidades, dedicação e simplicidade.
A mensagem que recebeu, anunciando a sua nomeação como presidente, foi um marco emocionante na sua trajectória. Júlia enfatizou que a sua liderança não se baseou na experiência como empresária, mas sim na competência e comprometimento, além da conexão estabelecida com outras mulheres durante o processo de escolha.
Além de sua actuação na associação, Júlia Lima aproveitou a oportunidade para reflectir sobre a inveja, alertando para os seus efeitos nocivos na sociedade. Para o mês de Março, dedicado às mulheres, ela ressaltou a importância de conscientizar sobre os danos causados pela inveja, considerando-a como um veneno que prejudica relações e impede o crescimento colectivo.
Júlia Lima, apesar da idade, está apostada em concluir a sua formação em Psicologia, que interrompeu por diversas situações. Mas, neste período de paragem, obteve outras conquistas. "Consegui 30 diplomas de vários cursos, oito menções honrosas, três de mérito e uma gala”, referiu.
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