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Adriano Maleiane assegurou que o esforço de acolhimento abrange todas as pessoas

O Primeiro-Ministro moçambicano, Adriano Maleiane, garantiu, terça-feira, que o Governo tem o controlo das famílias refugiadas das zonas de conflito na região Norte do país, estando, neste momento, concentrado na alimentação e acomodação das pessoas.

06/03/2024  Última atualização 09H32
© Fotografia por: DR

"Neste momento, a prioridade é acomodar e alimentar estas pessoas. Está a ser um exercício muito grande, numa assentada, receber as famílias provenientes das zonas de conflito", disse Adriano Maleiane, em declarações à comunicação social em Maputo, após uma reunião com atletas moçambicanos.

Em causa está uma nova vaga de ataques em direcção ao Sul de Cabo Delgado, incursões que, desde há algumas semanas, têm obrigado milhares de pessoas a abandonarem as suas aldeias, principalmente em Chiùre, que se refugiam na sede daquele distrito e a Erati, em Nampula, província vizinha de Cabo Delgado, referiu o chefe do Governo.

A instabilidade militar em Cabo Delgado provocou 99.313 deslocados em menos de um mês, segundo estimativa da Organização Internacional das Migrações (OIM).  Em causa, de acordo com um boletim semanal da agência divulgado ontem, a que a Lusa teve acesso, está a fuga de pessoas dos distritos de Chiùre e Macomia, respectivamente com 91.239 e 5.719 deslocados, sobretudo crianças 61.492, um total de 62% da população deslocada.

"Os ataques e o receio de ataques por parte de grupos armados", descreve a OIM, verificou-se sobretudo em Ocua, Mazeze e Chiùre-Velho, no distrito de Chiùre, com os deslocados a fugirem para a vila de Chiùre (28.754) ou para Erati, na vizinha província de Nampula (45.957). Os registos da OIM apontam para 20.668 famílias deslocadas, por barco, autocarro ou a pé, em menos de um mês, no Sul da província de Cabo Delgado.

No mesmo boletim, a OIM refere que entre 22 de Dezembro de 2023 e 3 de Março de 2024, "ataques esporádicos e medo de ataques de grupos armados" em Macomia, Chiure, Mecufi, Mocímboa da Praia e Muidumbe já levaram à fuga de 24.241 famílias, num total de 112.894 pessoas.

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) reivindicou, no final de Fevereiro, a autoria de 27 ataques no mesmo mês, em vilas "cristãs" no distrito de Chiùre, Cabo Delgado, em que afirma terem morrido 70 pessoas. Através dos canais de propaganda do grupo, que documenta estes ataques com fotografias, é referida, ainda, a destruição de 500 igrejas, casas e edifícios públicos.

Mais de 100 escolas continuam encerradas

As incursões de rebeldes que desde 2017 assolam Cabo Delgado provocaram o encerramento temporário de 157 escolas, de um total de 978 que existem na província, afirmou, ontem, o director provincial de Educação.

O distrito de Chiùre, assolado por uma nova vaga de ataques nas últimas semanas, tem o maior número de escolas encerradas (40), seguido por Macomia, com 35 instituições, avançou Ivaldo Quincardete, citado pela Rádio Moçambique.

"Neste momento, estão a funcionar 821 escolas. O distrito com maior enfoque, por enquanto, é Chiùre e nós acreditamos que muito brevemente essas escolas vão retomar ou grande parte delas poderá retomar", observou o director provincial de Educação.

A província de Cabo Delgado enfrenta, há seis anos, uma insurgência armada que obrigou a uma resposta militar, desde Julho de 2021, com o apoio do Rwanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás.

Segundo Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), o conflito já causou um milhão de deslocados e cerca de 4 mil mortes.

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