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África sem capacidade para enfrentar crises

A comissária da União Africana (UA), Josefa Correia Sacko, considerou, em Tóquio, que o continente é incapaz de enfrentar uma série de crises interligadas relacionadas com a energia, a alimentação, a dívida e as alterações climáticas.

14/03/2024  Última atualização 07H10
Josefa Sacko pede um esforço maior na busca de soluções conjuntas a favor dos países africanos © Fotografia por: DR
A diplomata da UA interveio,  ontem, no simpósio com o tema: "A economia global e a coordenação das políticas numa época de desafios globais cada vez mais complexos". Na ocasião. Josefa Sacko referiu que num mundo que enfrenta crises interligadas, a fragilidade agrava outros desafios globais. 

Acrescentou que os países afectados pela fragilidade são, na maioria, também atingidos por conflitos e violência, e que se encontram numa trajectória de desenvolvimento diferente da do resto do mundo, com níveis de pobreza persistentemente elevados e um capital humano em declínio.

"A África Subsaariana já alberga cerca de metade destes países na categoria de fragilidade, resultante da violência, golpes militares, o novo conflito israelo-palestino em Gaza e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia”, disse Josefa Sacko. A comissária da União Africana sublinhou que estes eventos estão a contribuir para sufocar um melhor crescimento em todo o continente”, segundo a  Reuters.

Como consequência destes factores, prosseguiu, no início do corrente ano, nove Estados africanos se encontram em situação de endividamento, outros 15 em risco elevado e 14 em risco moderado, incluindo a Zâmbia, o Ghana e recentemente a Etiópia que fazem parte de países em incumprimento das suas dívidas.

Para agravar a situação, em 2023 a África Subsaariana foi responsável por 48% das mortes causadas pelo terrorismo a nível mundial, tendo a situação dos ataques alastrado para além dos pontos críticos históricos, como o Sahel e o Corno de África, para a África Austral e as regiões costeiras da África Ocidental. Na sua óptica, a comunidade internacional deve apoiar os países sob pressão, mesmo nas situações mais difíceis, especialmente em locais como Sahel e o Corno de África, onde a sobreposição de crises de segurança, humanitárias e económicas ameaça minar as instituições dos países em risco de colapso.

Nova cultura de multipartidarismo

"É cada vez mais consensual que as instituições financeiras internacionais devem permanecer empenhadas e desempenhar um papel fundamental na estabilização das economias frágeis e afectadas por conflitos e ajudar a promover o crescimento inclusivo", defendeu a diplomata.

Josefa Sacko defendeu, por outro lado, uma nova cultura de multilateralismo, visto que o actual sistema nascido das circunstâncias que se seguiram à segunda guerra Mundial já não é adequado aos seus objectivos  e que seja inclusiva, bem como que disponha de mecanismos integrados de responsabilização e transparência.

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