Política

Angola e Cabo Verde preparam retoma da ligação aérea directa

António Gaspar |

Jornalista

O embaixador de Cabo Verde em Angola, Júlio Morais, apontou quarta-feira como um dos principais desafios das relações de cooperação a retoma da conectividade aérea directa entre os dois países.

01/02/2024  Última atualização 10H35
Luísa Damião recebeu, além do embaixador de Cabo Verde, outros parceiros sociais © Fotografia por: Arsénio Bravo| Edições Novembro
Em declarações à imprensa, no final de um encontro com a vice-presidente do MPLA, Luísa Damião, disse que estão a ser dados passos para uma cooperação económica sustentada entre os dois Estados.

Júlio Morais informou que a retoma da conectividade aérea deve ser seguida da potenciação dos respectivos aeroportos internacionais e da criação de uma companhia conjunta para explorar novas rotas direccionadas para os mercados norte-americano, europeu e o oeste-africano.

Sublinhou que, de acordo com a parceria em curso, o seu país opera, em regime de aluguer, com uma aeronave da companhia aérea angolana, TAAG.

O chefe da missão diplomática cabo-verdiana em Angola referiu que deverá ser retomado um projecto no domínio do agronegócio na zona da Kibala (Cuanza-Sul), numa extensão de cerca de sete mil hectares, por se adaptar às prioridades de desenvolvimento dos dois países.

Ressaltou ainda haver uma grande comunidade cabo-verdiana com pequenos e médios empresários nas áreas agrícola, agro-negócio e agro-industrial. Para o embaixador Júlio Morais, os desafios são, essencialmente, económicos, que obrigam a escolher alguns projectos que possam alavancar outros no âmbito da cooperação Sul-Sul entre países com propósitos e ambições comuns.

Adiantou que o investimento angolano em Cabo Verde é notável no domínio aéreo, com uma companhia a ligar as diferentes ilhas do país, assim como pela presença do Banco Angolano de Investimento (BAI) e da operadora de telefonia UNITEL.

O diplomata disse que pretendem contar "regularmente” com o apoio do MPLA, partido que suporta o Governo, e manter o diálogo político-partidário ao "mais alto nível”, com uma agenda de cooperação "robusta” virada para o futuro.

"Foi neste quadro de cimentar a amizade entre os dois Estados que decidimos tomar algumas medidas de políticas externas em que estaremos envolvidos este ano e que poderão, de certa forma, implicar também algum aconselhamento ou apoio por parte do MPLA”, disse o diplomata.

Júlio Morais partilhou com a vice-presidente do MPLA a agenda das festividades do centésimo aniversário de Amílcar Cabral, líder da luta de libertação nacional da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

Confrontado sobre a pouca cooperação no domínio económico, Júlio Morais disse que os desafios são enormes, entretanto acrescentou que "neste momento estamos satisfeitos com o que há, mas podemos fazer mais. Temos investimentos angolanos na área dos transportes aéreos internos, BestFlight, uma companhia angolana que assegura todo o transporte no interior de Cabo Verde, assim como nas telecomunicações”.

Fundação António Agostinho Neto

Numa outra audiência, Luísa Damião recebeu o administrador da Fundação António Agostinho Neto (FAAN), Amarildo da Conceição, que manifestou a pretensão de aprofundar as relações entre a instituição que dirige e o MPLA.

Amarildo da Conceição lembrou que Agostinho Neto foi o fundador da Nação. "Por isso, faz todo o sentido caminharmos de mãos dadas, uma vez que os objectivos são comuns”.

Para os desafios do novo ano, Amarildo da Conceição  disse que pretendem dar outra dinâmica à Fundação. Entre os projectos em carteira, sem avançar muitos detalhes, destacou a contínua divulgação da vida e obra de Agostinho Neto além-fronteiras.

Amarildo da Conceição lembrou, neste particular, que a Fundação tem cátedras que falam da vida do fundador da Nação na Itália, Argentina e na Universidade do Porto, em Portugal.

Para o administrador, "é um projecto internacional que visa levar o nome de Agostinho Neto e do país”.

Por sua vez, a reverenda do Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA), Deolinda Teca, recebida igualmente pela vice-presidente do MPLA, pediu maior atenção às crianças de rua. "Reconhecemos os esforços desenvolvidos pelas instituições do Estado em prol das crianças, mas ainda assim continuamos preocupados com o número crescente de menores de rua, sobretudo  em determinadas centralidades, não apenas em Luanda, mas também em outras partes do país”.

Neste contexto, adiantou que o CICA está a preparar uma conferência sobre violência baseada na criança para chamar a atenção dos familiares sobre os riscos que as crianças enfrentam quando vão à rua.

O núcleo feminino da Rádio Nacional de Angola (RNA), liderado por Emília Cakongo, no final da audiência, mostrou-se solidária e disponível para apoiar as políticas do Executivo, com realce para a promoção e o empoderamento da mulher.

"Sabemos que ainda temos muitos desafios relativamente ao empoderamento da mulher. Enquanto núcleo da RNA, pretendemos juntar-nos a este trabalho de advocacia para que as mulheres ocupem o seu verdadeiro lugar e tenham as mesmas oportunidades que os homens”, disse.

Câmaras de Comércio querem investidores no país

A agenda das audiências ficou concluída com a recepção dos presidentes das Câmaras de Comércio e Indústria Angola-Líbano, Mohamed Nasser, e Câmara Bilateral de Comércio e Indústria Angola-França, Melquiades Kerlan.

Mohamed Nasser quer que o MPLA, partido no poder, continue a incentivar os investidores estrangeiros.

Já Melquiades Kerlan contou que o encontro serviu para chamar atenção para a promoção dos investimentos de Angola virados à França e vice-versa.

O encontro com a vice-presidente do MPLA, acrescentou, serviu também para apresentar oficialmente a Câmara ao partido no poder.

"Este é um encontro positivo e esperamos que recebamos apoio para podermos ultrapassar as dificuldades por que passamos. A Câmara também se sente na obrigação de fazer a atracção do investimento privado”, atirou.

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