O Presidente da República, João Lourenço, recebeu hoje em audiência Sara Beysolow Nyanti, ministra dos Negócios Estrangeiros da República da Libéria, na qualidade de enviada especial do Presidente daquele país, Joseph Nyuma Boakai.
A cidade de Luanda acolhe, desde segunda até sexta-feira, a 57.° Reunião Ministerial do Comité Consultivo Permanente das Nações Unidas encarregue de questões de Segurança na África Central (UNSAC).
Angola e a República da Coreia rubricaram, terça-feira, em Seul, quatro instrumentos jurídicos de cooperação, nos domínios do Comércio, Saúde, Ordem Pública e Diplomacia.
A assinatura dos documentos aconteceu momentos após o encontro entre os Chefes de Estado João Lourenço e Yoon Suk-Yeol, no Palácio Presidencial, em que foi signatário, pela parte angolana, o ministro das Relações Exteriores, Téte António, e da parte da Coreia o do Comércio, Indústria e Energia, Ahn Dukgeun.
O acordo de promoção do comércio estabelece a criação de uma plataforma para o sector privado, enquanto a parceria no âmbito da diplomacia vai incidir sobre protocolos entre a Academia Diplomática Venâncio de Moura e a Academia Diplomática Nacional da Coreia.
Os instrumentos jurídicos, de acordo com o Presidente João Lourenço, vão ajudar a incrementar e intensificar os contactos entre as entidades públicas coreanas e angolanas, além dos homens de negócios de um e de outro país, os quais encorajou, no Fórum Empresarial da última segunda-feira, a aproveitarem as vastas oportunidades disponíveis no mercado nacional para realizarem negócios que possam redundar em benefícios mútuos.
No discurso proferido após a assinatura dos quatro documentos sobre a cooperação bilateral, o Chefe de Estado esclareceu os objectivos da visita oficial à Coreia, destacando o interesse de Angola procurar absorver "as dinâmicas que impulsionaram o desenvolvimento” do país asiático.
"Poder contar com a colaboração do vosso país, no sentido de ajudarem Angola a dar passos firmes e seguros na construção de uma economia sólida, capaz de responder às necessidades fundamentais da população e de se integrar no contexto da economia mundial”, disse João Lourenço, dirigindo-se ao homólogo Yoon Suk-yeol.
O Presidente da República confessou, ainda, que, no decurso da visita, constatou, nos contactos que manteve, o interesse e a sensibilidade coreana para as questões relativas à cooperação com o continente africano, assegurando que tal vontade terá "expressão mais significativa e mais visível com a realização da Cimeira Coreia-África”, agendada para Junho deste ano.
"Esperamos que surja um quadro realista e pragmático de cooperação entre os diferentes países africanos e a Coreia”, perspectivou João Lourenço.
O estadista angolano disse, ainda, que a presença em Seul visou, sobretudo, abordar com as autoridades do país, liderado por Yoon Suk-yeol, "todos os aspectos que compõem o escopo da cooperação bilateral”, que se formalizou em 1993, ao abrigo do Acordo Geral de Cooperação, firmado entre as duas nações.
"Transcorreram, desde então, 31 anos de intercâmbio e de trocas a todos os níveis e, apesar de termos realizado, neste período, acções de cooperação com apreciável relevância, considero que estamos muito aquém de tudo quanto podemos fazer, tendo em conta o potencial de que os nossos dois países dispõem”, acrescentou, admitindo que os Estados podem fazer muito mais.
João Lourenço apontou um conjunto de ideias e de projectos de cooperação que Angola e a Coreia podem desenvolver, quer ao nível institucional, quer com o sector Empresarial Privado coreano, cujo dinamismo e capacidade empreendedora considerou amplamente conhecido, "pelo papel transformador que a Coreia conseguiu realizar no plano da economia”, projectando-se, em muito poucas décadas, ao nível das grandes economias do mundo.
Instabilidade mundial
João Lourenço não deixou de lamentar o facto de se estar a viver "num mundo cada vez mais conturbado”, sublinhando os "conflitos antigos que não se resolvem” e, também, deplorando o surgimento de "outros novos, um pouco por todas as regiões do Planeta”.
Em face disso, o estadista angolano considerou que já é tempo de a comunidade internacional mobilizar todos os esforços para encarar "estes problemas com frontalidade e com coragem”, para se lhes dar solução, "de modo a evitar que se eternizem ou que recrudesçam, ao ponto de degenerarem em conflitos de dimensão global”.
O Presidente da República encorajou, por isso, o líder sul-coreano a continuar a envidar todos os esforços "no sentido de aliviar a tensão que paira sobre a Península Coreana”, por considerar que "só a via do diálogo e do entendimento entre os povos e as nações contribuirão para o fim dos conflitos”, por mais intrincados que sejam.
De igual modo, João Lourenço defende que a via do diálogo e do entendimento deve ser a perspectiva na abordagem aos diferendos no contexto da invasão da Ucrânia pela Rússia, que diz merecer uma solução que salvaguarde a integridade da nação ucraniana.
"Temos assistido, com preocupação, o grave conflito que ocorre no Médio Oriente, entre Israel e a Palestina, que tem vindo a ter amplas repercussões regionais, com risco de escalar para uma preocupante confrontação entre vários países daquela região”, alertou o Presidente da República, sugerindo que se tenha em conta os interesses do povo palestino e o direito à autodeterminação e à criação de um Estado da Palestina independente e soberano.
Conflitos
em África
Enquanto merecedor do título de "Campeão da Paz e Reconciliação”, distinguido pela União Africana, João Lourenço fez questão de introduzir, no discurso, uma visão sobre os conflitos prevalecentes no continente.
E, neste aspecto, o Presidente da República disse que a luta, em África, "é contra as mudanças inconstitucionais de poder e o terrorismo em alguns dos seus países”, nas regiões do Sahel e da África Ocidental e Central.
A situação no Sudão e no Leste da RDC, observou o Chefe de Estado, afigura-se "bastante preocupante”, a julgar pelo número de mortos, feridos, deslocados internos e refugiados, mas, também, "pela grande destruição das infra-estruturas e roubo dos recursos minerais e outras riquezas”.
"Temos vindo a trabalhar no sentido de ajudar estes países a encontrar os caminhos do diálogo, para se alcançar a paz duradoura e puderem, assim, se dedicar ao desenvolvimento económico e social dos países e das comunidades regionais em que estão inseridos”, referiu João Lourenço, que aproveitou a ocasião para formular, também, um convite ao homólogo coreano a visitar Angola.
Antes de deixar ontem a cidade de Seul, com destino aos Estados Unidos da América (EUA), o Presidente João Lourenço fez parte do almoço oficial oferecido pelo homólogo da Coreia, Yoon Suk-yeol.
Líder sul-coreano ambiciona expandir as
relações bilaterais
O Presidente da Coreia, Yoon Suk-yeol, manifestou-se, ontem, interessado em ver alargada a relação bilateral.
De acordo com o líder sul-coreano, se os dois países juntarem as vantagens que cada um tem demonstrado, com certeza ambos poderão expandir, ainda mais, as relações e aprofundar a cooperação.
"Angola tem abundância de recursos naturais e é um país jovem, enquanto a Coreia tem a tecnologia e a experiência de desenvolvimento económico”, afirmou Yoon Suk-yeol, referindo-se às vantagens recíprocas.
As empresas sul-coreanas, prosseguiu, têm participado na economia de Angola, através do sector da Construção e, também, dos navios na indústria petrolífera, tendo sublinhado que Angola e a Coreia estão a expandir as relações para o domínio das Energias Renováveis.
"Desde o estabelecimento das relações diplomáticas, em 1992, os nossos países têm mantido uma óptima cooperação de amizade”, acrescentou, para revelar que, em 1995, a Coreia enviou um corpo de engenheiros junto à base da ONU para a restauração de Angola.
Seja o primeiro a comentar esta notícia!
Faça login para introduzir o seu comentário.
LoginO Presidente da República, João Lourenço, foi hoje convidado pelo Presidente Volodymyr Zelensky para participar na Cimeira sobre a Paz na Ucrânia, que está prevista para os dias 15 e 16 de Junho na cidade suíça de Bürgenstock.
Angola vai assumir a Presidência do Comité Consultivo Permanente das Nações Unidas encarregado das Questões de Segurança na África Central (UNSAC), por um período de seis meses, durante a 57.ª Reunião Ministerial deste órgão da ONU, que Luanda acolhe a partir de hoje até sexta-feira.
A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) necessita de 5,5 mil milhões de dólares para fazer face às necessidades humanitárias e a recuperação da resposta a desastres de mais de 60 milhões de pessoas afectadas pela seca e inundações induzidas pelo fenómeno El Niño.
Três dos alegados envolvidos na tentativa de golpe de Estado na República Democrática do Congo (RDC), incluindo o congolês Christian Malanga, que liderou o movimento, são detentores desde 2022 de uma empresa mineira com sede em Maputo.
Angola vai assumir a Presidência do Comité Consultivo Permanente das Nações Unidas encarregado das Questões de Segurança na África Central (UNSAC), por um período de seis meses, durante a 57.ª Reunião Ministerial deste órgão da ONU, que Luanda acolhe a partir de hoje até sexta-feira.