Sociedade

Angola entre os países de desenvolvimento médio

Celeste de Melo

Jornalista

O relatório sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) apresentado, quinta-feira, em Luanda, mostra que Angola permanece no grupo dos países em desenvolvimento médio, cuja esperança de vida à nascença passou de 45,4 para 61,9 anos.

29/03/2024  Última atualização 11H55
Especialistas apresentam dados do índice do Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027 © Fotografia por: Edições Novembro
De acordo com o relatório, o país saiu de um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,369 para 0,591, numa variação de 60,2 por cento, que o coloca na categoria de "desenvolvimento médio”, com base nos dados relativos a 2023-2024.

De 1999 a 2023, de acordo com o documento, os dados indicam a evolução em algumas áreas, em especial em domínios como a escolaridade e o Rendimento Nacional Bruto (RNB), valor obtido pelos residentes de uma determinada economia, que aumentou de 3.735 para 5.328 dólares (um aumento de 42,6 por cento).

No entanto, descreve o documento, a recessão económica, prolongada pela pandemia da Covid-19, abrandou este progresso, fazendo com que as desigualdades afectassem o desenvolvimento humano. "A perda actual do IDH por Angola, devido às desigualdades, está estimada em 41,8 por cento”.

Passos essenciais

A representante residente do PNUD em Angola, Denise António, sublinhou, na apresentação do relatório, que a promoção da igualdade de género e do empoderamento das mulheres é um acto fundamental para impulsionar o desenvolvimento humano em Angola, onde o valor do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das mulheres é inferior ao dos homens, em especial nos níveis de educação.

Para corrigir as desigualdades no desenvolvimento humano, frisou, é necessário capitalizar as ligações globais, escolhendo a cooperação em vez do conflito. "É preciso trabalhar mais para a estabilidade climática e uma maior igualdade no aproveitamento das novas tecnologias”, indicou.

Entre os passos essenciais, destacou, também, o surgimento de instituições mais centradas nas pessoas, orientadas para o futuro, corrigir as percepções erradas e a desinformação.

O Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027 e a visão a longo prazo "Angola 2050”, disse, são frutos do reconhecimento do esforço do Governo angolano para promover o desenvolvimento humano, ao impulsionar o diálogo com a população.

Oportunidade

O secretário de Estado para o Planeamento, Luís Epalanga, salientou que a apresentação do relatório de desenvolvimento humano, de 2023 a 2024, é uma oportunidade para avaliar os resultados que decorrem da implementação de políticas, programas e projectos  do Executivo em parceria com diferentes parceiros sociais que cooperam para o desenvolvimento humano do país. Após a crise em 2020, causada pela Covid-19, referiu, muitos objectivos apresentados foram materializados. "Hoje, o país tem dado passos significativos que encorajam a continuar a persistir no processo de desenvolvimento almejado”, realçou.

Para o secretário de Estado, apesar dos avanços, o Governo angolano está ciente de que o país enfrenta grandes desafios. "Portanto, todos somos convidados a colaborar, para que haja um melhor futuro para as gerações futuras, sem excluir ninguém”, disse. O secretário de Estado enalteceu ainda o esforço e a contribuição de todos os parceiros envolvidos na melhoria das condições de vida das famílias angolanas.

O relatório

Desde 1990, o PNUD tem vindo a publicar o IDH como forma de medir e fazer avançar os progressos em matéria de desenvolvimento com base em dados provenientes de instituições oficiais a nível nacional. Neste documento, a organização classifica 193 nações em todo o mundo de acordo com os níveis de desenvolvimento que atingiram, relativamente à esperança de vida, escolaridade, Rendimento Nacional Bruto, Género, Educação e Saúde.

O PNUD é a principal agência das Nações Unidas dedicada à luta contra a injustiça, pobreza, desigualdades e alterações climáticas. A organização conta com parceiros em 170 países, incluindo Angola, prestando apoio à criação de soluções integradas e sustentáveis para as pessoas e o Planeta.

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