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Armas de guerra usadas para prática de caça furtiva

André Brandão | Ndalatando

Armas de guerra modernas e sofisticadas estão a ser usadas para a caça furtiva em vários pontos da província do Cuanza-Norte, denunciou, sexta-feira, o chefe do Departamento Provincial do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF).

24/02/2024  Última atualização 14H08
Caçadores furtivos têm como preferência abater animais considerados em vias de extinção © Fotografia por: DR
Em entrevista ao Jornal de Angola, Simão Jorge explicou que os caçadores furtivos têm como preferência animais considerados em vias de extinção, como a seixa, veados, macacos, paca, pangolim, jibóia, pacaça e algumas aves.

De acordo com o responsável do IDF no Cuanza-Norte, a caça para fins comerciais está suspensa desde 2005, mas, ao longo de estradas da província, nos troços Ndalatando/Golungo-Alto/Zenza, Lucala/Samba-Caju/Ambaca e Ndalatando/Cambambe, são visíveis muitos animais abatidos, pendurados em árvores e bancadas.

A equipa de fiscais e efectivos da Polícia Nacional, sublinhou, tem realizado acções para combater a caça furtiva, mas, muitas vezes, são ameados de morte pelos caçadores.

Os fiscais, acrescentou, quando não estão em companhia de efectivos da Polícia, praticamente não conseguem fazer nada quando são ameaçados, por não disporem de meios para contrariar as acções dos infractores.

"O Cuanza-Norte tem apenas cinco guardas florestais, com idades compreendidas entre 30 e 50 anos, para cobrir os dez municípios. São necessários, pelo menos, mais 30”, explicou, acrescentando que a caça pode ser permitida numa comunidade para alimentação das famílias, mas é proibida por lei, quando passa a ser em grande escala.

Exploração florestal

Simão Jorge informou que, em 2023, o IDF apreendeu 1.785 tábuas que correspondem a 208,08 metros cúbicos de madeira serrada, pelo facto de os proprietários não disporem de licença de exploração. No mesmo ano, acrescentou, o IDF recebeu 16 processos para licenciamento de exploração florestal, dos quais 13 foram validados.

Para tratar a licença de exploração florestal, os interessados devem apresentar croquis de localização da área, cópia do Bilhete de Identidade (BI) e os documentos da empresa. A província do Cuanza-Norte conta, actualmente, com nove concessionários de exploração de madeira, que a vendem em diferentes regiões e em países da Europa, América e Ásia.

A madeira mais comercializada no Cuanza-Norte é do tipo Moreira, Tacula Vermelha, Kibaba, Muanze, Mufuta, explorada, fundamentalmente, nas florestas do Golungo-Alto, Banga, Quiculungo, Bolongongo e Luinha (Ambaca).

Fabrico de carvão

O responsável provincial do IDF deu a conhecer que a produção de carvão vegetal está proibida no país, mas, no Cuanza-Norte, ainda se regista tal prática e são vistos vários sacos em diferentes artérias. Os camponeses, acrescentou, ao fazer o corte de árvores para a prática da agricultura familiar podem aproveitar para produzir carvão, mas devem ter autorização das autoridades competentes (administração municipal ou fiscais ambientais).

Para Simão Jorge, o que também preocupa são as queimadas constantes que têm dizimado várias espécies de animais e plantas. "As acções de sensibilização prosseguem nas comunidades, com o apoio das autoridades tradicionais e administrativas”.

O Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF), explicou, reproduz várias espécies de árvores no polígono do município de Lucala e outros, tendo, no ano passado, produzido 522 plantas ornamentais (eucaliptos e acácias) e mais de 400 frutíferas.

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