Cultura

Artistas testemunham inauguração da mostra “Kina Muta – Muta Kina”

Gil Vieira

Jornalista

A inauguração da exposição “Kina Muta – Muta Kina”, realizada na quinta-feira, no Salão Internacional de Exposições do Museu Nacional de História Natural, em Luanda, foi testemunhada por diversas personalidades dos diferentes ramos da sociedade angolana, com destaque para a secretária de Estado da Cultura, Maria da Piedade, e o vice-governador de Luanda para o sector Político e Social, Manuel Gonçalves.

24/02/2024  Última atualização 14H15
Secretária de Estado da Cultura, Maria da Piedade, e o vice-governador de Luanda Manuel Gonçalves presenciaram o acto © Fotografia por: DR

Um total de 75 obras  de pinturas, cerâmicas, tapeçarias, esculturas em madeira e bronze, da autoria de 50 artistas, coleccionadas por Álvaro Macieira, ao longo de 30 anos, compõem a exposição "Kina Muta – Muta Kina”, sob curadoria de Kabudy Eli.   A mostra foi preparada no sentido de saudar, antecipadamente, a comemoração dos 50 anos de Independência Nacional, que se vai assinalar no dia 11 de Novembro de 2025.

Álvaro Macieira, à entrada da sala da exposição, que vai ficar patente durante seis meses, explicou que cada obra escolhida possui detalhes singulares, cuja selecção foi movida pela paixão, pelo investimento e pela vontade de continuar a incentivar os artistas angolanos.

Das peças referidas pelo artista plástico e coleccionador, destacam-se a obra intitulada "Dimensão da Paz”, do artista plástico angolano Mayembe, uma obra produzida sobre a técnica talhada sobre madeira, espelha, de acordo com Álvaro Macieira, a celebração da paz.

A compilação "Do Pó Viemos ao Pó Voltaremos”, do artista Albino José, evidencia o ponto de que o ser humano, enquanto ser vivente no planeta terra, não se pode apegar-se a bens materiais. A obra foi produzida em 2022, através da utilização de uma técnica mista.

Uma outra obra significativa para Álvaro Macieira é o símbolo da sua antiga galeria,  que dá nome á exposição Kina Muta – Muta Kina”, criado em 1998 e restaurada em Fevereiro de 2024, pelo artista plástico Sozinho Lopes.

A cultura africana é, maioritariamente, representada na exposição, sobretudo nas peças "Gaia Africana”, de Virgínia Romão, "Da Série Kianda”, de António Gonga, "Expressão 2”, de Álvaro Macieira e Horst Poppe, "Memórias da Escola de Foto”, de Paulo Kapela, "A Dançarina”, de Mpanda Vita, e "A Mística e o Mito do Caçador que Entendia a Língua dos Animais”, de Sozinho Lopes. 

O coleccionador Álvaro Macieira expôs, igualmente, duas obras que serviram de homenagem para si, uma intitulada "A Caricatura e o Grande Mestre”, de Nelson Paim, explorando a técnica mista sobre tela, e a outra "Homenagem ao Álvaro Macieira”, do artista Mateus Mário Kalunga.

Além das obras dos artistas acima mencionados, Álvaro Macieira expôs, também, peças de António Tomás Ana "Etona”, Augusto Ferreira, Ana David "Kiana”, Álvaro Macieira, Benjamim Sabby, Carla Peairo, Camuto, Cláudio Macieira, Dom Sebas Cassule, Domingos Barcas, Engrácia Ferreira-Zizi, Erika Jamece, Fernando de Carvalho "Tozé”, Fineza Teta, Guilherme Mampuya, Helena, Helena Justino, Imanni Silva, Jorge Gumbe, Jacinto Coutinho, José Pedro "Tchindje”, Kabudy Eli, Kapela, Kidá, Lino Damião, Luís Damião, Malangatana, Marcos Kabenda, Matondo Alberto, Manuel Ventura, Marcela Costa, Massongi Afonso, Mpambukidi Nlunfidi, Márcia Simão, Naguib, Paulo Kussy, Paulo Amaral, Patrícia Cardoso, Toko, VAN, Virgínia Romão e Zan Andrade.

À entrada da exposição, Álvaro Macieira fez uma homenagem ao pintor alemão Horst Poppe, artista que lhe garantiu projecção na Alemanha, e, igualmente, cuja relação começou no espaço "Kinamuta”. 

A abertura da exposição contou com a presença do vice-governador de Luanda para o sector Político e Social, Manuel Gonçalves, que, à saída do encontro, disse ter gostado da exposição, sobretudo por esta ser composta por obras encantadoras e produzidas por vários artistas.

Preservação da cultura

O artista plástico e escritor Álvaro Macieira, em declarações à imprensa, durante a abertura da exposição "KinaMuta – MutaKina”, explicou que começou a coleccionar as obras com a intenção de incentivar os artistas promissores a continuarem a criar e a ajudar a preservar a cultura nacional.

Segundo o artista, após vários anos de colecção, onde conseguiu reunir um acervo de mais de 100 peças, pretende apelar à preservação das raízes culturais, aconselhando, também, a população a reservar algum tempo para pesquisas das obras patentes.

"É uma exposição que reúne 50 artistas, se as pessoas dedicarem alguns dias a cada um, seria um tempo muito bem aproveitado, onde se saberia mais sobre a História do país”, disse.

Álvaro Macieira contou, ainda, que a criação da exposição foi espontânea, realçando que nos últimos 15 anos acumulou muito trabalho, no sentido de mostrar que é possível em Angola encher-se com obras numa sala à dimensão do Salão Internacional de Exposições do Museu Nacional de História Natural.

Artistas e instituições homenageadas

O Museu de História Natural homenageou, quinta-feira, no seu auditório, com a entrega de diplomas de mérito, a vários artistas e instituições pelo contributo prestado para o desenvolvimento da cultura nacional.

Entre as instituições, foram distinguidas a Edições Novembro, Governo Provincial de Luanda (GPL), Televisão Pública de Angola (TPA), Sonangol E.P, Rádio Nacional de Angola (RNA), Endiama e Universidade de Luanda (UniLuanda). Dos artistas homenageados, destacam-se Carlos Alberto Pereira, Dom Sebas Cassule e Daniel Kuma.

Álvaro Macieira é jornalista, escritor e consultor cultural. Nasceu no dia 13 de Maio de 1958, na vila de Sanza Pombo,  província do Uíge. É membro da União dos Escritores Angolanos (UEA) e da União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP). Publicou os livros "Castro Soromenho: Cinco Depoimentos”, "Cantos de Amor” e "Séculos de Amor”. Como artista plástico chegou a ganhar fama nacional e internacional

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