Cultura

Associações implementadas em todos os municípios no Huambo

Estácio Camassete | Huambo

Jornalista

A Associação Provincial de Teatro no Huambo (APTH), implementou em todos os municípios a sua representação, uma medida que serve para expandir as artes cénicas e aumentar o número de membros.

06/03/2024  Última atualização 08H46
Presidente da Associação de Teatro no Huambo, Rodrigues Eurico © Fotografia por: Joaquim Armando | Edições Novembro

Segundo o presidente da APTH, Rodrigues Eurico Canhanga, agora que todos os municípios já têm os representantes, vão trabalhar para inclusão dos programas nas comunas, uma forma de promover a interacção entre os diferentes grupos.

A actividade de expansão do teatro nos 11 municípios começou no dia 31 de Janeiro e até 28 de Fevereiro do corrente ano, segundo o responsável, conseguiram constituir os núcleos de teatro nas sedes. "Hoje podemos dizer que cumprimos o calendário das actividades que vão ser asseguradas pelas coordenações municipais, esperando que os coordenadores eleitos, consigam assegurar as artes nas suas comunidades”, disse.

Rodrigues Eurico Canhanga defende a importância da existência de um programa para maior difusão do teatro a nível das comunidades, por ser uma forma de intervenção social na educação dos cidadãos.

Com a implementação deste projecto, aferiu, permitiu-se criar condições de trabalho nas sedes para o desenvolvimento das artes cénicas e dar a oportunidade dos actores e grupos realizarem as actividades.

Os municípios da Caála e Ucuma, lembrou, são os mais preocupantes pela inexistência de salas convencionais para a realização de espectáculos de teatro, porque as sedes, deixaram de existir os antigos Clubes Recreativos Municipais, espaços adoptados para diversas actividades locais.

Este périplo por algumas regiões, disse, serviu para constatar o nível de crescimento do teatro realizado nas comunidades, por precisarem de muitos apoios das administrações municipais.

O responsável do Teatro no Huambo destacou ainda que dentro de dois anos, vão colher resultados positivos pela dinâmica a ser implementada nas sedes comunais da província do Huambo.

A província regista actualmente, mais 60 grupos de teatro, um número, disse, que precisa de ser apurado. Rodrigues Canhanga disse que a associação tem um programa de formação dos actores em técnicas de teatro, para se melhorar a qualidade na performance em palco.

"Com maior envolvimento, o teatro no Huambo vai crescer, uma vez que existe um mosaico artístico muito grande, e há pessoas com vontade de fazer bem as coisas. Queremos que o teatro volte a ser o principal palco de teatro no país”.

Centro Cultural Manuel Rui um marco no cenário artístico

Nelson Pedro Nhanga explicou, que no mercado cultural e teatral do Huambo, é visível o surgimento de vários grupos, tendo como mascote representativa o colectivo de Artes Vozes d’África, vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes em 2014, bem como foi o fomentador do movimento teatral no Huambo de 1998 até aos dias de hoje.

A nível local, continuou, foi criada uma Associação Provincial de Teatro que tem levado a cabo acções inovadoras e congregadoras de valores, onde o maior desafio está na extensão e dinamização da arte a nível de todos os municípios.

"Com a inauguração da imponente obra do Centro Cultural Manuel Rui em Janeiro, pelo Presidente da República, João Lourenço, a classe, o Huambo e o país ganharam, porque vai proporcionar ao público trabalhos com maior qualidade”, afirmou.

O mentor do "SOS Teatro” apresentou outro quadro existente no Huambo, actualmente com mais 20 salas com algumas condições técnicas para a realização de espectáculos, mas que os acessos e os custos dificultam a realização das actividades.

Quanto aos apoios à classe, disse que o mesmo ainda existe de forma tímida, mas a nível institucional já permite o acesso a uma ou outra sala. A implementação da lei do mecenato, defendeu, foi criada para permitir mais inclusão da classe empresarial no apoio às actividades culturais. Outra preocupação apresentada por Nelson Pedro Nhanga está relacionada com a fuga de cérebros e jovens com talento nas artes. "São muitos os que se vêem obrigados a buscar outros desafios nos cursos de belas artes e acabam por enfraquecer o mosaico cultural local, por este motivo aguardamos por dias melhores para de forma grata instruirmos a nova geração”, disse.

Nelson Pedro Nhanga considera que a prática do teatro tem sido um bom espaço de ocupação dos tempos livres da juventude para não seguir caminhos desviantes.

A formação académica também foi abordada pelo responsável, dizendo que "é um forte entrave para a instrução do homem, permitindo assim a partilha de conhecimentos e fomento das artes para as gerações vindouras.”

Este ano o projecto "Mo Teatro” estive em Benguela e recentemente em Luanda, no Palácio de Ferro, criado pela Associação Angolana de Teatro, com a apresentação no dia 16 de Fevereiro. "Foi uma experiência sem igual. Com esta iniciativa da AAT permitiu incluir outros grupos retirando a ideia de que o teatro é apenas aquele feito em Luanda”, refere.

Desafios para o ano artístico

Para este ano um dos desafios é aumentar o número de participações em festivais, promovendo uma digressão com a peça "O Parceiro Ideal”, para as províncias do Namibe, Cuando Cubango e Cuanza Sul. O projecto, disse, deve ser também exibido no Festival Angolano de Teatro de Monólogos (FAMO), edição de 2024, entre outros.

Na componente "SOS Literatura”, realçou, está previsto o lançamento do segundo livro da autoria de Nelson Pedro, intitulado "Traços da Minha Alma”, enquanto que para o projecto "SOS Cinema” está previsto a formação e capacitação de actores em cinema e televisão em parceria com a Cine Life e a TP Filmes.

Desta parceria, frisou, foi possível produzir no mercado dois filmes nacionais, "O Nascido no Escuro”, em 2021, e actualmente o filme "Onde Está Deus”, com previsão de lançamento para este ano.

Nelson Pedro Nhanga é actor, dramaturgo, encenador e escritor com elevada experiência em artes cénicas e dramáticas. Começou a carreira artística em Luanda, no grupo teatral São Joaquim, localizado na Praia do Bispo, onde nasceu.

O artista fez parte, depois, do grupo Experimental de Teatro Ministério da Cultura e Turismo até o ano de 1998, quando migrou para o interior do país com objectivo de se formar.

Naquela província, com os novos amigos e "irmãos adoptivos” fundaram o colectivo de Artes Vozes D'África, um dos poucos grupos detentores do PNCA fora de Luanda.

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