Desporto

Banho de gente no adeus a António Mendes da Silva “Mendinho”

Zugu Epalanga

Jornalista

A despedida a António Mendes da Silva “Mendinho”, terça-feira, no Cemitério do Benfica, foi marcada pela presença de perto de quinhentas pessoas, que acompanharam o antigo atleta do Interclube e da Selecção Nacional de Honras à última morada.

03/04/2024  Última atualização 08H00
Natural de Icolo e Bengo o antigo craque deu os primeiros pontapés na bola no bairro © Fotografia por: Eduardo Pedro | Edições Novembro

Após ser velado nas primeiras horas do dia na residência do malogrado, o caixão chegou ao local do sepultamento às 11h00, merecendo honras militares.

Depois seguiu-se a intervenção da igreja, da qual Mendinho era membro, notas de condolências do director dos Serviços Prisionais, do Interclube, o elogio fúnebre da família e mensagem de condolências da Direcção de Educação Patriótica. Entre os presentes, salta à vista o presidente do Interclube, Alexandre Canelas, dirigentes desportivos, antigos colegas, desportistas que prestaram homenagem ao futebolista, cujo caixão foi levado por familiares, colegas e jogadores, de forma intercalada.

O amigo e antigo colega da equipa, Félix José Pascoal "Felito”, conheceu Mendinho,quando frequentava os escalões de formação.

"Ele era o meu ídolo e tão logo ascendi à equipa principal, nos tornámos amigos”, recorda, uma amizade duradoura até à data da morte do craque, camisola 8.

 "Não fazia distinção das pessoas, era um verdadeiro camarada. Sabia quanto ele valia. Era um jogador fantástico”, destacou Felito.

 Quem também alinha no diapasão é Teófilo Moniz, ex-futebolista e apreciador do talento de António Mendes da Silva.

 "Tive a felicidade de ver a jogar, pela primeira vez, em 1973, na equipa de juvenis do Sporting Futebol do Maxinde”, começa por dizer, na hora do adeus ao futebolista. "Foi num jogo na distrital de Luanda, um verdadeiro hino ao futebol”, recorda.  Numa escala de zero a dez, o ex-futebolista, sem receio, atribui-lhe a nota mais alta.

"Dou-lhe a nota 10. Não me lembro de ter visto um desempenho abaixo da média”, testemunhou, no momento de condolências à família do finado.

"Mendinho atrai em torno de si todo o sentimento de crer de uma equipa de futebol”, concluiu, ao lembrar os feitos do jogador forjado nas escolas do Rangel.

Samuel Saúka, 62 anos, corroborou com as declarações acima enumeradas e deixou uma sugestão.

"Sugiro que a direcção do Interclube retire a camisola 8, à semelhança do que ocorre noutras partes do mundo”, seria, no entender deste, a melhor forma de homenagear o atleta.

O avançado que representou o Atlético Sport Aviação (ASA) destacou o lado humorístico do médio falecido na passada quinta-feira, vítima de doença.

"Era de uma camaradagem sem igual e lançava sempre uma piada para elevar a moral do grupo”, sublinhou.

Já o técnico Horácio Cangato recorda a trajectória com o então jovem António Mendes da Silva.

"Conheci-o aos 9 anos no torneio de interturmas e logo reconheci o "diamante” por lapidar”, disse, condoído, perante a perda do antigo pupilo. Tal como Mendinho, Cangato teve o privilégio de orientar nomes da craveira de Lito Gouveia, Congolé, Gigito, Mário Fontes Pereira e tantos outros.

"Todos foram para Escola do Maxinde”, dando sequência às respectivas carreiras. Kinito é outra referência do Interclube, refere-se ao companheiro com saudade e lembra. Mendinho como jogador do topo.

"Jogávamos de olhos fechados, passe o exagero. Foram muitos golos servidos por António Mendes da Silva. Resultado da cumplicidade dentro das quatro linhas”, frisou, ainda não refeito da morte do amigo.

Carreira

Natural de Icolo e Bengo, Mendinho deu os primeiros pontapés na bola no bairro, à semelhança de centenas de adolescentes da sua época. Aos 14 anos, o jovem destacou-se, em parte, devido aos dotes futebolísticos, mas também a garra e o talento que exibia entre a rapaziada.

O Campeonato de Inter-turmas na Escola Emídio Navarro, onde era um dos destaques, catapultou-o para futebol federado, concretamente no Sporting Clube do Maxinde, depois de aliciado pelo treinador Sousa Neto.

Seguem-se a experiência Marinha FC e 1° de Agosto, com dois títulos conquistados do Girabola. Rompe com o clube rubro e negro e assina pelo Interclube, onde reencontra Severino Cardoso " Sémica”.

O futebolista faz parte da versão mais acabada da equipa afecta à Polícia Nacional, e com a camisola "nerazzuri” confirmou as credenciais já apresentadas, atingindo o melhor período da carreira.

Com Raúl, Mingo e Kinito fez parte do "quarteto fantástico”, demolidor pela forma artística com que se exibia diante dos adversários. Na turma da Polícia viveu momentos felizes e únicos.

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