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Brasil reforça campanha para Estado palestiniano

O Brasil anunciou que vai se juntar à campanha para a criação do Estado palestiniano, que passa pela admissão como membro pleno da Organização das Nações Unidas, uma posição manifestada pelo ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, ao homólogo Riyad al-Maliki.

21/03/2024  Última atualização 11H40
A maior parte dos Estados-membros das Nações Unidas apoia a causa palestiniana © Fotografia por: DR

Mauro Vieira, que trabalhou no domingo em Ramallah, Cisjordânia, avaliou com as autoridades locais a instauração de um cessar-fogo, a criação e reconhecimento de um Estado palestiniano, uma vez que, desde 2012, a Palestina tem status de observador na ONU — o que permite que os seus diplomatas participem dos debates, mas sem direito a voto. O maior obstáculo, no entanto, ainda é o poder de veto dos EUA no Conselho de Segurança da ONU (CSNU).

Na esteira dos últimos acontecimentos envolvendo a guerra Israel-Hamas, as autoridades palestinianas querem lançar um pedido formal para a adesão completa às Nações Unidas ainda este ano, principalmente diante do risco de que a guerra em Gaza abra caminho para novas invasões de terras por parte de israelitas, segundo a apuração do UOL. Só na Cisjordânia, existem mais de 700 controlos que ampliam a tensão sobre as cidades palestinianas.

Para o Governo brasileiro, a adesão da Palestina como membro pleno da ONU é um passo importante na direcção da garantia de que um acordo de paz seja estabelecido de forma explícita junto à criação de dois Estados — palestiniano e israelita —, com as fronteiras internacionalmente reconhecidas.

Segundo o Itamaraty, "ele [al-Maliki] descreveu a extrema gravidade da situação humanitária em Gaza e destacou o papel corajoso do Presidente brasileiro, Lula da Silva, em defesa da Palestina e dos palestinianos". Para al-Maliki, Lula da Silva "mostrou liderança, coragem, compromisso e humanismo ao longo da actual crise em Gaza" e falou de forma "forte e clara", ao descrever "a situação como ela é", o que causou indignação por parte de Israel, que declarou Lula como "persona non grata" para Telavive.

Mauro Vieira disse que, "para o homólogo palestiniano, que manifestou grave preocupação com os riscos de uma iminente acção militar em Rafah, o Presidente brasileiro tem sido um dos poucos líderes mundiais a agir em defesa dos civis desde a primeira hora e a ter a coragem de 'dizer as palavras certas na hora certa'".

No encontro com o ministro palestiniano das Relações Exteriores referiu que há um crescente aumento da violência de colonos israelitas contra palestinianos na Cisjordânia, e partilhou que Mauro Vieira reiterou a "disposição do Brasil em liderar o esforço pela admissão da Palestina como membro pleno da ONU".

Israel discute ataque a Rafah com EUA 

O Governo israelita anunciou, ontem, que o ministro da Defesa vai deslocar-se a Washington na próxima semana, numa altura em que a Casa Branca está a pressionar para que se evite um ataque em Rafah, na Faixa de Gaza.

O gabinete do Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou, na terça-feira, o envio de uma delegação "a pedido do Presidente norte-americano, Joe Biden", para discutir a invasão de Rafah, no sul da Faixa de Gaza, uma ofensiva que considera inegociável.

Na altura, o gabinete de Netanyahu anunciou, para breve, uma viagem até aos EUA do ministro dos Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e do conselheiro de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, bem como um representante do Ministério da Defesa que trata dos assuntos civis na Cisjordânia e em Gaza. "Por respeito ao Presidente, chegámos a acordo sobre a forma como nos poderiam apresentar as suas ideias, especialmente no que diz respeito à vertente humanitária. Obviamente, partilhamos plenamente do desejo de facilitar uma saída ordenada da população [de Rafah] e da prestação de ajuda humanitária à população civil", disse Netanyahu, horas antes, na abertura da Comissão de Assuntos Externos e Segurança do Knesset, o Parlamento israelita.

Durante o primeiro telefonema entre os dois líderes desde há um mês, Biden pediu a Netanyahu que enviasse, o mais rapidamente possível, uma equipa de "peritos militares, dos serviços secretos e humanitários” para discutir alternativas à ofensiva terrestre de Rafah. Para o Primeiro-Ministro israelita, essa é uma ofensiva inegociável e acrescentou que o exército já elaborou um plano de acção para a levar a cabo.




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