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Burkina Faso suspende emissoras BBC e a VOA

O Governo do Burkina Faso suspendeu as emissões das rádios BBC e Voice of America (VOA), durante duas semanas, por divulgarem um relatório da Human Rights Watch (HRW) que acusa o Exército de "abusos" contra civis, sem procederem ao cuidado de verificação dos factos arrolados, criando condições para desordem e aumento da violência no país.

28/04/2024  Última atualização 10H45
Autoridades falam em presença de conteúdo tendencioso contra os militares e sem provas © Fotografia por: DR

"O Conselho Superior de Comunicação (CSC) do Burkina Faso decidiu suspender os programas das duas rádios internacionais (a britânica BBC e a norte-americana VOA), que emitem em Ouagadougou, por um período de duas semanas", indica o comunicado de imprensa citado pela AFP.

A entidade afirmou ter "detectado no conteúdo do referido artigo declarações categóricas e tendenciosas contra o Exército do Brukina Faso sem provas tangíveis, especialmente porque o mesmo artigo apela a uma investigação independente".

No seu relatório, publicado na quinta-feira, a Organização Não-governamental Human Rights Watch acusa o Exército do Burkina Faso, que luta contra grupos 'jihadistas' armados, de ter "executado 223 civis", incluindo 56 crianças, durante dois ataques no Norte do país.

O CSC indicou, ainda, que "ordenou" aos fornecedores de serviços de internet "que suspendessem" o acesso aos portais e "outras plataformas digitais da BBC, VOA e da ONG no território" do Burkina Faso.

A entidade reguladora considerou que a "abordagem" da BBC e da VOA "mina os princípios fundamentais do processamento de informação, na medida que constitui desinformação susceptível de trazer descrédito ao exército" e "é, além disso, susceptível de criar perturbações na ordem pública".

A autoridade de comunicação convidou "todos os meios de comunicação social a absterem-se de divulgar, através dos seus diversos meios de comunicação, [o] artigo tendencioso (...) de natureza subversiva", lembrando que "qualquer infractor está exposto às sanções previstas nos textos em vigor".

O Burkina Faso, liderado por militares devido a golpes de Estado em 2022, já suspendeu, temporariamente ou indefinidamente, a transmissão de vários canais de televisão ou rádio e expulsou correspondentes estrangeiros.

Militares acusados de assassinatos

As forças militares do Burkina Faso são acusadas de ter matado 223 civis, em ataques a duas aldeias por alegada cooperação com terroristas. A organização de defesa dos direitos humanos apelou às Nações Unidas e à União Africana para apoiarem os esforços locais a fim de levar os responsáveis à Justiça.

O porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, declarou que a organização não tem qualquer confirmação do ataque. "Posso dizer-vos que estes relatos são extremamente, perturbadores e que iremos analisá-los”.

O Burkina Faso tem sido devastado pela violência que opõe extremistas islâmicos ligados à Al-Qaida e ao grupo Estado Islâmico (EI) às forças apoiadas pelo Estado.

Ambas as partes têm atacado civis, obrigando à deslocação de mais de dois milhões de pessoas, mais de metade das quais são crianças. A maioria dos ataques não é denunciado.


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