Política

“Cada angolano é um embaixador a favor do sector do Turismo no país”

Domingos Mucuta | Lubango

Jornalista

O ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República afirmou, ontem, no Lubango, província da Huíla, que cada angolano deve ser um embaixador a favor da promoção do turismo nacional.

03/05/2024  Última atualização 10H05
Governante falava na cerimónia de abertura da 7.ª Bolsa Internacional do Turismo, que decorre na cidade do Lubango © Fotografia por: Arimateia Baptista | Edições Novembro | Huíla

Adão de Almeida falava na cerimónia de abertura  da 7.ª Bolsa Internacional do Turismo (BITUR 2024), que decorre de 2 a 4 de Maio, na cidade do Cristo Rei, como oportunidade de exposição do potencial e de intercâmbio com países como Portugal, Marrocos e Cabo Verde.

 "Cada angolano é um embaixador a favor do turismo em Angola. Nesta qualidade, a função primária e principal é promover o país, a cultura, a história, a fauna, a flora e todos os outros activos turísticos para atrair turistas.”, defendeu o governante.

 Segundo o ministro de Estado, o turismo global é muito competitivo, por esta razão, para que Angola seja um país amigo do turismo é incontornável que cada um faça a sua parte: "Todos somos poucos para fazer do turismo angolano um sector capaz de competir com outras nações. Se cada turista que vier a Angola sair com uma boa imagem da hospitalidade é um potencial promotor do nosso turismo”.

 Adão de Almeida frisou que a vinda de um turista ao país representa vantagem para a economia nacional. "Noutro sentido, cada turista que não vem a Angola vai para outro país. Cada turista que não vem a Angola é uma oportunidade perdida de contribuirmos para o crescimento da economia, para gerarmos emprego para a juventude, para captarmos divisas para o país”, disse.

 O ministro de Estado defendeu trabalho contínuo para criar as bases necessárias a uma maior dinâmica no turismo interno: "Os angolanos têm de ser os primeiros interessados em conhecer e explorar o infindável potencial turístico que o país tem. Se o turismo interno for uma realidade vibrante, mais facilmente despontará interesse de visitantes estrangeiros”.

 Para Adão de Almeida, é importante a promoção do potencial turístico, desde o funcionário da missão diplomática no exterior, passando pelo agente do Serviço de Migração e Estrangeiros que recebe o turista no aeroporto, pelo taxista, recepcionista do hotel e outros.

"Todos são importantes. É preciso que cada um compreenda isso. Desde o guia turístico passando pelo empregado de quarto, o cozinheiro, o gestor hoteleiro, o empregado de restaurante, o agente da ordem pública, até ao cidadão comum que cruza com o turista em qualquer esquina da cidade”, disse o governante.

 De acordo com o ministro de Estado, também é essencial a hospitalidade de quem recebe o visitante de coração aberto, das belas paisagens naturais que encantam os olhos de qualquer um, pela diversidade, singularidade e originalidade da fauna e da flora que proporcionam momentos inesquecíveis, a riqueza e diversidade cultural, histórica até aos sabores da gastronomia.

 Transversalidade

A transversalidade coloca o sector numa interdependência em relação a outros, o que obriga a dinamização a partir dos segmentos sociais e económicos, tendo Adão de Almeida desafiado o Ministério do Turismo a trabalhar com o da Administração do Território, Governos Provinciais e Administrações Municipais para despertar nos órgãos da Administração do Estado mais engajamento no fomento do turismo local.

 "Temos que colocar no mapa do turismo todas as regiões do país. Cada província, município deve ser desafiado para assumir a quota parte no fomento e desenvolvimento do turismo em Angola, desde logo incentivando os planos provinciais e municipais de turismo”, reforçou o ministro de Estado.

 Adão de Almeida disse que a realização da bolsa fora de Luanda transmite uma mensagem acertada sobre o potencial turístico em todas as províncias e o contributo que o sector pode dar para o desenvolvimento local e a redução das assimetrias entre as diferentes regiões do país.

Terra abençoada

O governador da Huíla, Nuno Mahapi, disse, na mensagem de boas-vindas, que o turismo é uma das indústrias mais promissoras e dinâmicas do mundo, e Angola possui um potencial neste domínio.

 Nuno Mahapi afirmou que a Huíla é uma terra abençoada com uma riqueza cultural e natural preenchida por paisagens deslumbrantes, cuja hospitalidade oferece condições e oportunidades para um turismo sustentável.

 "Ao investirmos no turismo não apenas criamos empregos. Geramos receitas, mas também preservamos o património cultural, ambiental e histórico, promovendo o orgulho nacional e o desenvolvimento comunitário”, frisou o governador.

 Para Nuno Mahapi, é preciso destacar o papel do sector público, que se resume à regulação, à promoção, ao incentivo e à eliminação das dificuldades: "Sem um sector privado atento, ousado e interessado não haverá turismo”.

 O governador reiterou a visão e a disponibilidade do Executivo para que o sector privado ocupe o espaço necessário e ajude o turismo a despontar. "É, igualmente, essencial melhorarmos a capacidade de atrair investimento estrangeiro directo para o Turismo. Precisamos de uma estratégia mais ousada e pragmática, capaz de oferecer vantagens comparativas e incentivar os investidores a escolherem Angola como destino”, indicou.

 

Diversificação de economia

Segundo Nuno Mahapi, o lema do evento "o turismo como factor determinante para a diversificação em Angola” é pertinente, pois constitui um dos maiores desafios do país e o sector tem mais potencial para contribuir na transformação estrutural da economia.

 "Já ninguém tem dúvidas de que a economia angolana tem que diminuir a dependência do sector petrolífero. Os números são eloquentes e impõem a todos uma profunda reflexão”, referiu o governador, apontando que o Turismo representa cerca de 10% da economia global, com tendência de crescimento para 11,4%, nos próximos 10 anos, cujo impacto ao PIB global ultrapassa o máximo histórico de 10 mil milhões de euros.

 Neste particular, Adão de Almeida informou que, em Angola, o Turismo contraiu substancialmente na sequência da pandemia da Covid-19, tendo, em 2022, representado apenas 0,01% do Produto Interno Bruto, de acordo com o Plano Nacional de Fomento ao sector.

 "O potencial não está ainda por explorar. Há, pois, muito a fazer”, reconheceu, sublinhando que Angola é um país turisticamente invejável e oferece uma oportunidade para a transformação da nação.

Ministro de Estado sugere implementação do Simplifica Turismo

O ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República lançou o desafio da elaboração, aprovação e execução do Projecto 1 Simplifica específico para o Turismo como forma de aumentar negócios, sobretudo, do sector.

Adão de Almeida entende que o Simplifica Turismo pode melhorar toda a cadeia de intervenção público-administrativa nos diferentes ramos, do nível local ao central, para que a relação Estado–sector privado seja mais aprazível.

O governante defendeu o trabalho contínuo para melhorar as infra-estruturas cruciais à dinamização do turismo, como o Aeroporto Internacional Dr. António Agostinho Neto, recentemente inaugurado, com capacidade para atender cerca de 15 milhões de passageiros por ano.

 Oferta formativa

Na óptica de Adão de Almeida, o Executivo vai continuar a trabalhar para investir mais na oferta formativa do sector do Turismo, com vista à profissionalização dos quadros: "Só com quadros bem preparados em todos os estágios da cadeia é possível dinamizar o turismo”.

 Segundo o ministro de Estado, ao nível do Subsistema do Ensino Superior, por exemplo, foram matriculados, entre 2017 e 2022, nos vários cursos disponíveis, 9.690 estudantes e graduados no mesmo período 368 quadros.

 Já o Subsistema de Formação Profissional, acrescentou Adão de Almeida, formou, nos últimos seis anos, 15.339 cidadãos, maioritariamente, jovens mulheres nas áreas do Turismo, Hotelaria e Restauração.

"Os dados disponíveis revelam que existe um défice de oferta formativa. É fundamental, por isso, trabalharmos para que a oferta formativa dos níveis secundário e de formação profissional estejam disponíveis em todas as províncias”, defendeu o ministro de Estado.

 Plano Nacional e isenção de vistos

 Adão de Almeida lembrou que o Plano Nacional de Fomento ao Turismo (PLANATUR), para 2024 – 2027, define a visão e a ambição do Executivo, de modo a tornar o sector vibrante e dinâmico, visando impulsionar a economia, gerar empregos e riqueza, contribuindo no desenvolvimento e fomento da prosperidade das pessoas.

 "Temos de manter as mangas arregaçadas e continuar o trabalho para facilitar a entrada de turistas estrangeiros no país. Aqui chegados, temos que nos questionar sobre o que temos de fazer para convertermos o imenso potencial turístico em riqueza efectiva”, disse.

O governante afirmou que o modelo actual precisa de ser repensado, na medida em que cria a sobreposição entre instituições públicas e "gera dúvidas sobre quem faz o quê, situação que está a impedir que os mesmos cumpram a função para que foram criadas”.

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