Cultura

Camões acolhe exposição sobre a música Cokwe

Gil Vieira

Jornalista

O projecto cultural “Thambwé”, que visou a recuperação, valorização e divulgação do património musical Cokwe, encerrou, terça-feira, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda, com uma exposição fotográfica e de instrumentos musicais, que ficará patente até 19 de Março.

29/02/2024  Última atualização 12H05
Fotografias e instrumentos musicais fazem parte da mostra © Fotografia por: fotos vigas da purificação | edições novembro

Os retratos patentes na mostra espelham os resultados alcançados pelo projecto "Thambwé”, desde o mês de Março de 2022, ano em que foi implementado na província da Lunda-Norte.

O projecto conseguiu fazer a digitalização do fundo fonográfico do Museu Regional do Dundo, criar uma escola de música tradicional e outra de construção de instrumentos e apoiar músicos e artesões da região.

O coordenador do projecto, David Lópes Sáez, de nacionalidade espanhola, explicou que a digitalização e recuperação do fundo fonográfico do Museu Regional do Dundo foi um dos resultados mais significativos do programa.

O pesquisador referiu que o espólio do museu é constituído por gravações realizadas em meados do século XX pela extinta Companhia de Diamantes de Angola (Diamang).

Quanto à criação da escola de música e de instrumentos, David Lópes Sáez garantiu que a primeira vai conceder aos residentes locais aulas de canto, batuque, dança e kisanji, enquanto a segunda vai garantir oportunidades de emprego na região.

"Estão a ser capacitados 15 jovens para a aquisição de competências profissionais que lhes permitam exercer um ofício nesta área, de forma a preservar e realçar, simultaneamente, valores culturais significativos e em vias de extinção”, assegurou.

David Lópes Sáez disse que para a conclusão do trabalho, residiu durante algum tempo na província da Lunda-Norte, o que lhe fez considerar a cultura Cokwe como uma das mais ricas de Angola.

"A primeira vez que ouvi falar desta cultura fiquei impressionado, por isso sinto-me feliz por ajudar na preservação da mesma”, disse.

O coordenador do projecto "Thambwé” frisou, igualmente, ser necessário apoiar, ainda mais, a cultura Cokwe, de forma a que não entre em extinção."No tempo que permaneci no local, percebi que os músicos não têm incentivos, o mais grave é que a maior parte dos jovens não conhece os instrumentos musicais, por isso  precisa-se de um trabalho intenso de valorização”, frisou.

David Lópes Sáez lamentou, igualmente, o estado do Museu Regional do Dundo, sublinhando que o mesmo não funciona como deveria. "Em termos de conservação das peças, fisicamente as mesmas estão  deterioradas. Infelizmente não existe um ambiente de trabalho”, disse.

O projecto "Thambwé” foi uma acção gerida pelo Camões - Centro Cultural Português, apoiado pela União Europeia, Embaixada de Espanha em Angola, Open Earth Foundation e a Procultura, um programa que visa contribuir para o aumento do emprego e o potencial gerador de rendimento do sector cultural nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e Timor-Leste.

Ministério da Cultura e Turismo recebe material digitalizado

O coordenador do projecto "Thambwé”, David Lópes Sáez, procedeu, terça-feira, no Camões - Centro Cultural Português, em Luanda, à entrega do conjunto total das músicas recuperadas e digitalizadas a  Alice Beirão, que recebeu em representação do ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau.

Alice Beirão, que é consultora do ministro Filipe Zau, agradeceu aos responsáveis do projecto "Thambwé” pelos resultados das pesquisas efectuadas permitir ao povo angolano, a partir da digitalização, ter mais informações sobre a música Cokwe e, igualmente, por possibilitar aos músicos e artesãos da região da Lunda-Norte desenvolverem habilidades e capacidades através das aulas de canto, batuque, dança e kisanji.

Por outro lado, o embaixador de Espanha acreditado em Angola, Manuel Lejarreta, considerou o "Thambwé” um projecto especial, por estar ligado ao sentido de pertença do povo da Lunda-Norte.

O diplomata espanhol afirmou, ainda, que a história do programa daria para um romance, por, no final, causar fortes emoções a todos intervenientes.

A actividade contou também com a presença do embaixador de Portugal em Angola, Francisco Alegre Duarte, a embaixadora da União Europeia em Angola, Rosária Bento Pais, e o escritor Manuel Rui Monteiro, cujo nome foi atribuído ao Centro Cultural do Huambo, inaugurado em Janeiro último pelo Presidente da República, João Lourenço.

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