Cultura

Carla Moreno celebra o amor e a força das mulheres em espectáculo

Analtino Santos

Jornalista

Com muita vontade em celebrar os feitos das mulheres em palco, a actuação da cantora Carla Moreno ficou marcada com uma brilhante exibição durante o espectáculo realizado em alusão ao Março Mulher, que aconteceu na noite de sexta-feira, no Miami Beach.

04/03/2024  Última atualização 08H10
A voz de “Cadê o amor” cantou temas de mulheres que a influenciaram numa noite que celebrou a amizade, a beleza e a força da mulher e o amor pela arte © Fotografia por: DR

A cabo-verdiana teve como convidadas as cantoras Raquel Lisboa, Djamila Delves e Yola Araújo, assim como a escritora Karen Pacheco.O talento, a força, a resiliência e a cumplicidade feminina foram reconhecidos por Carla Moreno como algumas das qualidades das colegas que a acompanharam em palco, e de forma geral das mulheres. "Então quando chegamos no mês de Março, temos mesmo que parar e celebrar todos os passos dados pelas grandes mulheres, senhoras de pulso que todas nós na verdade somos e de que às vezes nos esquecemos”, disse.

Carla Moreno acrescentou que as conquistas das mulheres devem ser comemoradas todos os meses.A artista também aproveitou o momento para comemorar por antecipação o aniversário, que acontece amanhã. "Foi uma dupla celebração e mais uma vez foi interessante cantar para um público especial. Desta vez, disse, o espectáculo teve um sabor muito especial. O dia 8 que se aproxima, lembrou, marca uma nova era na história mundial, com a celebração do Dia Internacional da Mulher.

As presenças de Raquel Lisboa, Djamila Delves e Yola Araújo representou para Carla Moreno o respeito e admiração pelo que fazem, e permitiu fortalecer o intercâmbio cultural entre os povos. "A nossa relação não é apenas profissional, por exemplo, a Raquel ajudou-me muito quando eu cheguei a Angola, hoje somos comadres. Nós trabalhámos juntas como coristas do Matias Damásio, Paulo Flores, Yuri da Cunha e outros artistas”, frisou a cabo-verdiana.

Carla Moreno ressaltou que "foi por isso que trouxe mulheres realmente incríveis, que em qualquer parte do mundo teriam notoriedade. A Yola, a Djamila, a Karen e a Raquel são mulheres com integridade, atitude, personalidade e guerreiras. São pessoas que me orgulham”.

De Sodade à Muxima

No concerto, Carla Moreno apresentou um reportório com músicas de mulheres que a influenciaram ao longo da carreira. A morna foi o estilo que abriu a noite com "Sodade”, mundialmente conhecida na voz da eterna Cesária Évora. "Mi Crea ser Poeta” foi outro clássico deste género na fase inicial.

A influência das cantoras de soul music americana em "No one”, de Alicia Keys, e "I look to you”, de Whitney Houston, também teve o seu espaço de brilho durante o concerto. Do Brasil explorou Paula Fernandes e Ana Carolina em "Pássaro de Fogo” e "É isso aí”, temas acompanhados pelo "coro improvisado” pelas mulheres no local.

O fado esteve presente com "Lágrimas”, da também eterna Amália Rodrigues, e à capela partilhou outras músicas do género português. Temas conhecidos noutros estilos como "No woman no cry”, de Bob Marley, e "Aisha”, de ChekKalled, ganharam versão à kizomba.

O "hino” de Tito Paris "Dance ma mi creola” foi escolhido para o que seria o final, mas mesmo já na recta final puxou outras canções. A cantora brindou ainda o público com "Cadê o Amor”, tema promocional da carreira.

A viagem musical encerrou com "Muxima”. Carla Moreno, das canções angolanas que interpretou, destacou o clássico "Humbi-Humbi”; "Inocenti”, de Paulo Flores, "Xuxú”, de Matias Damásio, e "Presta Atenção”, de Pérola.

As amigas 

A primeira convidada a subir ao palco foi Raquel Lisboa e emprestou o seu timbre em "Monami”, de Lourdes Van-Dúnem. Com a dikanza sembou em "Canção Nostalgia”, de Carlos Burity. Djamila Delves puxou e agitou os fãs quando cantou o sucesso "E sou para dança”.

A última cantora a partilhar o palco foi Yola Araújo, com a antiga colega e a anfitriã. As três recordaram as Melomanias, em "Vagueando pelas ruas” e tiveram tempo para interpretar "Liamba”. Karen Pacheco levou a literatura em palco, ao declamar poesias. A saudade dos tempos que nunca viveu foi a mensagem deixada.

O percurso de uma cantora virtuosa

Carla Moreno explora os estilos morna, funaná, coladera e batuque, assim como viaja pela soul, R&B, blues, jazz e bossa nova. Dos grandes temas da morna, revive sucessos de Cesária Évora, Ildo Lobo e Paulino Vieira. No seu repertório destacam-se interpretações de temas de Paulo Flores e outras canções de artistas que a inspiram, como Whitney Houston, Aretha Franklin e Sara Tavares.

A música "Cadé o Amor”, de Dino Ferraz, marca a estreia numa aposta como cantora de temas inéditos. O compositor foi, igualmente, o responsável pelo "Se Fora eu”, com o qual venceu o Prémio da Canção de Luanda-LAC, em 2019. Carla Moreno carrega mais de duas décadas como corista, período em que trabalhou em palco e em estúdio com Paulo Flores, Tito Paris, Filipe Mukenga, Matias Damásio e Don Kikas.

A cantora teve o privilégio de cantar com Cesária Évora, Ildo Lobo, Bana e outros astros de Cabo Verde.  Em 2021 fez um dueto com Don Kikas em "Ainda foi ontem”, confirmando a sua grande cumplicidade com artistas angolanos. Nos últimos anos celebrou parcerias com os rappers Prodígio, Father Mak e Duke, que provam a versatilidade da artista e a vontade para encarar novos desafios musicais. Carla Moreno é dona de uma senhora voz que canta e encanta por onde passa.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Cultura