Cultura

Carnaval: Sandra Sebastião é a rainha do Bloco Amarelo de Benguela

Arão Martins / Benguela

Jornalista

Sandra Sebastião começou a dançar o Carnaval há mais de 20 anos. A bailarina é a rainha do grupo carnavalesco Bloco Amarelo de Benguela, vencedor do Carnaval da última edição. Sandra Sebastião ocupa este título há sete anos.

07/02/2024  Última atualização 09H15
Dançarina, actualmente rainha, (ao centro) foi bem recebida pelo grupo Bismas das Acácias © Fotografia por: Arão Martins | Edições Novembro

A rainha do grupo carnavalesco desempenha um papel crucial, sendo a representante e símbolo máximo da agremiação. Sandra contribui para a beleza do desfile, eleva o espírito de comunidade e promove a cultura carnavalesca, tornando-se numa figura importante e incontornável na celebração do Entrudo.

Em declarações ao Jornal de Angola, Sandra Sebastião disse que a experiência como rainha tem sido incrível. "Eu venho a dançar no grupo carnavalesco Bisma das Acácias há mais de 20 anos, e como rainha não foi nada fácil, mas tenho conseguido gerir bem com todas as exigências”, afirmou.

Natural de Benguela, Sandra Sebastião é filha de pais bakongo. Segundo contou ao a esse diário, é originária de uma família que sempre viu na dança um meio para se divertir e partilhar esta diversão com os outros. A mãe, Angélica Maica, foi bailarina e dançou no grupo do músico Koffi Olomidé, da República Democrática do Congo. "Ela também tinha um grupo que dançava muito bem. Entretanto, acabou por desistir por causa dos ciúmes do meu pai”, contou.

Com a desistência, explicou, a mãe passou a mostrar às filhas como se dança, ensinando-lhes vários movimentos. "Desenvolvi mais rápido as minhas habilidades graças à comandante Deolinda Trindade, que nos tirou do futebol, onde jogava na equipa feminina do Cabestar de Benguela, para a dança”, revelou.

 "Fui bem-recebida pelo grupo Bismas das Acácias, onde o Bloco Amarelo está integrado. Graças a Deus foi sempre um grupo familiar, de amigos, companheiros, daí a nossa permanência até hoje”, disse.

Rainhas de proa

Sandra Sebastião reconheceu que no grupo já passaram várias rainhas. Lembrou os nomes da Dr ª Alice, Jandira e Deolinda Trindade, sendo a última a quem substituiu na posição de rainha, devido à transição que ela fez para comandante do grupo.

 "Passou-me a coroa por descobrir o potencial em mim. Graças a Deus, desde que recebi esta grande honra conquistámos cinco títulos do Carnaval”, disse satisfeita.

Sandra Sebastião esclareceu, igualmente, que antes o grupo era apenas de animação e não de competição. "Concorríamos a prémios individuais, como Melhor Rainha, Prémio Cuca e Melhor Canção”, indicou.

A dançarina afirmou que consegue entender o actual comandante do grupo, que também foi bailarino dos Bismas das Acácias. "É fácil eu entender os passos e movimentos do comandante, porque estamos a vir de uma escola de dança e conversamos bastante. Os nossos movimentos são coordenados, por isso nos entendemos muito bem”, explicou.

Metas a alcançar

Sandra Sebastião afirmou, durante a entrevista ao Jornal de Angola, que a revalidação do título constitui a meta principal a alcançar na edição do Carnaval deste ano, a decorrer no próximo dia 13 deste mês de Fevereiro.

A rainha reconheceu que vai ser difícil, sobretudo pelo facto do grupo ter começado tarde os ensaios. Não obstante isso, Sandra Sebastião mostrou confiança na idoneidade e grande força de vontade da direcção do grupo para superar as adversidades, garantindo que o objectivo é ganhar.

A sua simpatia faz de Sandra Sebastião uma mulher especial e muito acarinhada, não apenas pelos cerca de mil elementos do grupo, mas, também, da sociedade benguelense.

Sandra Sebastião defendeu a contínua preservação da matriz do Carnaval. Disse notar que, para este ano, no meio do grupo, o Carnaval parece estar um pouco desanimado, lembrando que no ano passado o grupo começou a ensaiar cedo e havia muito mais animação.

"Reparamos que os apoios foram tardios. Já não temos muito tempo para os ensaios, porque o desfile provincial acontece já no dia 13. Só ensaiamos e não costuramos nada, ao contrário das edições anteriores, o que nos deixa um pouco tristes”, lamentou.

No passado, lembrou, as cartas de patrocínios que entravam cedo eram atendidas, igualmente, atempadamente, e os patrocinadores estavam sempre abertos, como a Soba Catumbela, o que motivava começar cedo o trabalho do grupo.

 

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