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Comissão esclarece morte de jornalista

O jornalista britânico-americano Christopher Allen, que perdeu a vida em 2017 enquanto cobria a guerra civil no Sudão do Sul, foi “morto involuntariamente como resultado de fogo cruzado”, disse, ontem, uma comissão de inquérito do Governo sul-sudanês.

26/03/2024  Última atualização 10H25
Jornalista britânico-americano Christopher Allen © Fotografia por: DR
O jornalista e fotógrafo freelancer, de 26 anos, morreu depois de ter sido baleado na cabeça, no final de Agosto de 2017, durante os combates entre o Exército sul-sudanês, leal ao Presidente, Salva Kiir, e as forças rebeldes do seu rival Riek Machar, com as quais se encontrava, na cidade de Kaya, no extremo sul do país.

 Após a morte do jornalista, o Governo rejeitou as acusações de que o jornalista tinha sido deliberadamente visado pelo exército. Após anos de pressão dos Estados Unidos, Reino Unido e da família do jornalista, o Governo de Salva Kiir anunciou, em Outubro passado, a abertura de um inquérito.

Numa conferência de imprensa que apresentou os resultados da investigação, o chefe da comissão de inquérito governamental, David Charles Ali Bilal, afirmou que "Christopher Allen foi morto involuntariamente em resultado de fogo cruzado”.

Segundo a AFO, Bilal sublinhou que os confrontos tiveram lugar por volta das 05:30 da manhã, uma altura em que é muito difícil ver "quem é preto e quem é branco”. O jornalista "tinha entrado ilegalmente no Sudão do Sul”, acrescentou, afirmando que Allen "não usava qualquer vestuário de protecção ou identificação de imprensa”.

O ministro da Informação, Michael Makuei, tinha afirmado que Christopher Allen "não era um alvo” e tinha descrito o jornalista como um "rebelde branco” que tinha entrado ilegalmente no país. Esta investigação confirma a teoria avançada pelas autoridades sul-sudanesas na altura. Em Agosto passado, a organização não-governamental Repórteres Sem Fronteiras (RSF) apelou aos Estados Unidos para que conduzissem o seu próprio inquérito, face à "incapacidade de Juba de apontar o dedo à responsabilidade”.

"As informações disponíveis revelam que o facto de o jornalista ter sido deliberadamente visado e o tratamento dado ao seu corpo após a sua morte, incluindo fotografias que o mostram como um troféu, constituem crimes de guerra”, segundo a RSF.

O Sudão do Sul, que se tornou independente em 2011 com o apoio essencial dos EUA, seu principal financiador, mergulhou numa guerra civil dois anos depois. Segundo o índice de liberdade de imprensa da RSF relativo ao ano de 2023, o Sudão do Sul está classificado em 118.º lugar, sendo um país "onde reina a censura e onde ameaças e intimidações contra jornalistas e meios de comunicação são constantes”, com pelo menos nove jornalistas mortos desde 2014.

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