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Crise política na CEDEAO prejudica a democracia

A consultora Oxford Economics considerou ontem que a saída do Níger, do Mali e do Burkina Faso da CEDEAO abre uma crise política que acaba com a esperança da organização conseguir restaurar a democracia no Mali, Burkina Faso e Níger, e aumenta a insegurança na região do Sahel.

01/02/2024  Última atualização 12H25
© Fotografia por: DR

"É uma perda para o bloco regional da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que ajudaram a fundar, em 1975, enfraquece a integridade institucional do bloco e pode piorar a insegurança no Sahel", escreve o departamento africano da consultora britânica Oxford Economics, citada pela AFP.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Mali entregou a um correspondente da AFP uma cópia da carta enviada à CEDEAO e a agência noticiosa oficial do Burkina Faso informou simultaneamente que o país tinha feito o mesmo, "confirmando a decisão conjunta, tomada domingo com o Mali e o Níger, de abandonar a instituição sub-regional". A informação sobre o Níger não foi inicialmente publicada. Mas as comunicações do Mali e do Burkina Faso sublinham o carácter comum da acção dos três países.

Para estes analistas, a saída dos três países do bloco regional "arrasa quaisquer esperanças de restaurar a democracia e a governação civil nos próximos anos", para além de "piorar a insegurança regional" e prejudicar a economia.

"Com a CEDEAO a manter as sanções, as condições económicas podem piorar, o que pode levar a um aumento da migração e uma degradação da insegurança alimentar na região", acrescenta a consultora, lembrando que os três países têm poucas trocas comerciais entre eles e nenhum tem ligação ao mar.

No comentário, os analistas chamam ainda a atenção para a possibilidade de os golpes militares serem seguidos noutros países, com os Camarões, Tchad e Serra Leoa a terem "risco elevado de golpe este ano". O Mali e o Burkina Faso enviaram na segunda-feira à CEDEAO uma "notificação formal" da saída dos dois países desta organização regional, segundo fontes oficiais. Os dois países e o Níger tinham anunciado no domingo a sua decisão de abandonarem a organização.

Os golpes de Estado no Mali (24 de Maio de 2021), Níger (26 de Julho de 2023), Burkina Faso (6 de Agosto de 2023) derrubaram Governos eleitos democraticamente e conduziram ao poder Juntas Militares que acusaram as forças ocidentais, em particular a antiga potência colonial (França), de ingerência.

Em Setembro, os três países, que tinham formado a Aliança dos Estados do Sahel (AES), acordaram reforçar a cooperação e negociaram acordos de auxílio militar, em caso de intervenção externa. Os três países alegam, também, estar sob ataque de grupos extremistas islâmicos e criticaram os governos anteriores de terem falhado nessa matéria.

 

 

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