Sociedade

Cristina Diogo João: Uma psicóloga ao serviço dos jovens

Rui Ramos

Jornalista

“Ajudando outras mulheres, ganho paz, alegria e motivação de mostrar o caminho certo para elas, ajudá-las a sobreviver, a vencer e a crescer na vida de forma espiritual, financeira e psicológica”

17/03/2024  Última atualização 10H32
© Fotografia por: DR

Cristina Diogo João nasceu no dia 8 de Fevereiro de 1993, no Cuanza-Norte. É filha de André Gaspar Soares Mateus e de Madalena Domingos António Diogo.

"Tenho nove irmãos e viemos para Luanda ainda eu era muito pequena”, recorda. "Vivíamos no Cassenda, na rua 12, depois passamos a morar no Bairro da Madeira, por detrás do supermercado Jumbo, por muitos anos”, prossegue.

"Quando morávamos no bairro da Madeira, éramos muitos em casa, tios e tias, primos e primas, todos numa só casa, era muita confusão, mas, também, dava muita alegria”, sublinha a jovem  acrescenta que "sou baptizada e crismada na Igreja Católica, fiz o ensino de base na escola nova (localizada na Calemba), na escola 1.º de Maio fiz a 5.ª classe e na escola Ngola Kanini a 6°classe”.

Em 2009, Cristina e um irmão vão morar em Viana, com o tio Avozinho, e nesse ano a família mudou-se definitivamente para o mesmo município, onde a jovem  fez grande amizade com Alice Santos, Narciso Cláudio, Mila Bala, David Campos, Pedro Raul, Djomara, Lotina, Odeth, Leandra Marra, Edson Miguel, Cláudio, Kenny, enumera, sem se enganar nos nomes.

Em Viana, Cristina estudou na escola Comandante Loy, da sétima à nona classe, transitando para o Ensino Médio, que frequentou a Escola 22 de Novembro.

Em 2018, inscreve-se no Instituto Superior de Ciências de Administração e Humanas (ISCAH), na Via Expressa, onde estudou três anos, no período da manhã, tendo sido assaltada, várias vezes, a caminho da Universidade, mas, como tinha de se concentrar, passa para o período nocturno, que frequentou com muitas dificuldades financeiras, sendo a grande distância de casa e a falta de valores para o transporte, motivos que a podiam fazer desistir, o que não aconteceu, por ter contado com o apoio de alguns colegas.

"Sempre tive como objectivo e foco terminar os estudos, no ISCAH formei uma família de colegas que abraçavam os mesmos projectos que eu. Faço parte de várias associações juvenis que apostam no desenvolvimento do país de forma directa ou indirecta, que têm como objectivo ajudar quem precisa”, realça e acrescenta: "integro à direcção do projecto "Psicologia Comunitária”, que tem como mentor o líder Mateus Barreira”.

Cristina também integra o projecto Mulheres com Liberdade em África, liderado por Doroteia Malundo e, no ano passado, aderiu a uma das maiores organizações do país, a AJME - Associação de Jovens Mulheres Empoderadas, que tem como presidente Nilsa Ernesto, fazendo parte da direcção.

"No ano lectivo de 2022/2023, fui professora na escola 6050 Maria Teresa, localizada em Icolo e Bengo, "uma região carente de professores, de energia eléctrica e de água canalizada”.

Por falta de dinheiro para o táxi, em 2023, no terceiro trimestre, não conseguiu comparecer na escola duas semanas antes das provas finais. "Eu não recebia nenhum pagamento, era tudo por minha conta”.

No dia 24 de Julho de 2023, Cristina perde o seu rei, herói, conselheiro e amigo, o pai André Mateus. "Ele aconselhou-me a estudar sempre, dizendo "estudem para ser que nem eu e os meus irmãos, todos unidos, trabalhadores e ninguém depende de ninguém”.

"É uma honra trabalhar e partilhar ideias com jovens que têm ideias diferentes, mas um só objectivo, ajudar os outros sem pedir nada em troca, aprendendo sempre coisas novas, sentindo a dor dos outros e procurar sempre uma forma de ajudar no desenvolvimento do país”, enfatiza, para acrescentar: "Agradeço por ter como amigos alguns líderes juvenis como Mateus Barreira, Doroteia Malundo, Inácio Mandi, Lauzana Gonçalves, Maria Tandala, Natália José, Esperança Malaya, Artur Fuaenda ... É um prazer fazer parte do associativismo”.

Cristina diz que não gosta de estar ou prestar atenção e assistência a um só lugar ou município, porque "Angola toda precisa da nossa ajuda, por isso trabalho com amor no associativismo para o meu bem e para o bem do próximo”.

"Sendo o foco principal de muitas associações de mulheres jovens, estamos a aprender a cuidar umas das outras. Em 2023, o número de mulheres que veio ter connosco, querendo fazer parte, foi bom demais”.

Muitas mulheres não acreditavam, diz, "mas mostrámos o que somos capazes de fazer para ajudar no desenvolvimento do país e no bem-estar da população”.

O projecto Mulheres com Liberdade em África, explica, "visa capacitar as mulheres em diversas áreas da vida social, o que culminou num estudo de diagnóstico social nas comunidades de Luanda, nomeadamente Viana, Estalagem, Capalanca, Kicolo, Cazenga, Benfica, Cassequel, Ingombota, Rangel, Mabor, Bairro Uíge e Cacuaco”.

O projecto Psicologia Comunitária, por seu lado, "visa ajudar na saúde mental do indivíduo, levando à população o conhecimento e o papel do psicólogo, dando a conhecer algumas doenças mentais de que muitos não fazem ideia”.

Em jeito de conclusão, Cristina pergunta: "O que ganho ajudando outras mulheres?”. E responde: "Ajudando outras mulheres, ganho paz, alegria e motivação de mostrar o caminho certo para elas, ajudá-las a sobreviver, a vencer e a crescer na vida de forma espiritual, financeira e psicológica”.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Sociedade