O Festival Internacional de Jazz, agendado para decorrer de 30 deste mês a 1 de Maio, na Baía de Luanda, tem já confirmada a participação de 40 músicos, entre nacionais e estrangeiros, e o regresso da exposição de artes visuais com obras de 23 artistas plásticos, anunciou, sexta-feira, em conferência de imprensa, no Centro de Imprensa da Presidência da República, CIPRA, o porta-voz da Bienal de Luanda, Neto Júnior.
O artista plástico, João Cassanda, com a obra “Mumuíla Feliz”, e o escultor Virgílio Pinheiro, com a escultura “Piéta Angolana”, são os vencedores da 17.ª edição do Grande Prémio ENSA-Arte 2024, tendo arrebatado uma estatueta e um cheque no valor de seis milhões de kwanzas.
Centenas de foliões do Lubango, Gambos e Quipungo juntaram-se, na avenida João Paulo II, para dançar o Carnaval, edição 2024 do desfile provincial da Huíla. No esplendor do Carnaval, havia sol escaldante e mais tarde uma chuva miúda refrescou o ambiente, permitindo que, às 14h00, os foliões exibissem canções, danças e coreografias em forma de competição.
A proeza coube ao grupo mais antigo da província da Huíla, o Ferrovia, que abriu o desfile, na passada terça-feira, embora como grupo homenageado. Antes, chamava-se "Cristo Rei”, tem mais de 50 anos de existência.
O colorido dos foliões (trajes e máscaras) e a decoração do espaço, entre a marginal do rio Mucufe e a avenida João Paulo II, assemelhava-se à pintura impressionista e expressionista dos mestres
europeus da arte moderna do século XIX, porque as cores em cena exprimiam momentos de alegria, ansiedade, fobia, além das formas geométricas dos corpos dos dançarinos pintados em branco, predominantemente.
Dos 8 grupos (municípios) previstos para o desfile provincial, cinco foram os grandes ausentes, nomeadamente Humpata, Chibia, Matala, Cacula e Quilengues, cujas ausências resultaram no encerramento da festa antes das 18 horas. Nem por isso, os huilanos saíram satisfeitos da zona engalanada para a competição, por terem lotado e festejando mais um momento de alta euforia de identidade cultural.
A sonoridade de ritmos diversos "invadia” os ouvidos dos espectadores que não se continham, dançavam também, além de acenarem efusivamente a passagem de cada um dos grupos infantis e adultos. Alguns, para verem bem, subiram as árvores, outros nos carros cisternas.
Embora se tenha notado poucos turistas estrangeiros, esses percorriam de um lado ao outro da zona em que os grupos se apresentavam. A Polícia de Intervenção Rápida (PIR) reforçou a segurança e estabilidade do recinto e dos foliões, afastando quaisquer interrupções de transeuntes (peões) ou automobilistas.
Dançaram o Carnaval sob o lema "Unidade na diversidade para promover a angolanidade, como Nação”, de acordo com o presidente da Cooperativa Cultural da Huíla, Pedro Mussunda, que recordou ter havido maior organização e eficiência na presente edição.
Lady Licha "fecha” festa
O desfile provincial ficou marcado com diversas danças, quer tradicionais quer populares, neste último caso destaca-se o kuduro. Todos dançaram, os bailarinos dos grupos, os espectadores, todos! Era uma autêntica vibração, até as zungueiras com filhos ás costas, no caso da Mingota, uma jovem de 22 anos, que vendia bolinhos, jinguba e maungo (catato). "Esse Carnaval é o melhor do país, nós podemos se juntar, aos grupos e dançarmos à vontade”, realçou.
E para "enfurecer” mais, ou aquecer a festa, a parte final do desfile provincial ficou marcada com a intervenção da kudurista Lady Licha, que brindou o público com acrobacias além de belas canções, acompanhadas pelo público fortemente atento à sua actuação. A cantora foi retirada da cena pela organização por ter rasgado o "colan”, incidente que resultou das acrobacias dançantes deixando-a quase indecente aos olhos de todos.
Pela primeira vez, a Huíla ofereceu um milhão e 500 mil kwanzas como prémio do vencedor da categoria de adultos. Os prémios do Carnaval aumentaram comparando os valores praticados entre 2015 até 2022, segundo o presidente da Cooperativa Cultural da Huíla. Na classe infantil os prémios foram avaliados em um milhão de kwanzas para o vencedor, 750 mil para o segundo classificado e 500 mil kwanzas para o terceiro classificado.
Festa
de todas as idades e
estratos sociais
No Lubango, a maior festa cultural do país, à semelhança de Luanda, capital do país, movimenta todas as idades, entre crianças, adolescentes, jovens, adultos e anciãos, e todos os estratos sociais.
O evento serviu, também, para os vendedores ambulantes obterem maiores rendimentos, dando de comer e beber os foliões com guloseimas ou "comidas de mimo”, no caso de bolinhos, maungos (catato), jinguba, bolachas, sumos, refrigerantes, rebuçados, sambapitos, chocolates, gelado, e outros aperitivos, como milho assado.
A Cooperativa Cultural da Huíla elaborou um plano para o Entrudo, avaliado em 42 milhões de kwanzas, a fim de garantir o êxito do evento. Porém, desse orçamento, 26 milhões foram garantidos pelo Governo Provincial da Huíla, houve uma subtração de 7 milhões para os municípios organizarem os desfiles municipais, restando 19 milhões e 524 mil kwanzas utilizados para o desfile provincial. "Temos de forma tímida, recebido outros apoios financeiros a nível local”, disse. A ausência da competição provincial, em 2023, motivou algumas empresas locais a apoiarem, este ano, a organização do Entrudo, que pertence à Cooperativa Cultural da Huíla.
Embora exista, ainda, pouca adesão dos empresários locais, as empresas do ramo alimentar, gráfica, comunicação social, e do sector do entretenimento estão em primeiro lugar das que apoiaram o desfile provincial do Carnaval 2024.
Do Ministério da Cultura e Turismo recebem apenas um apoio financeiro, desde 2015 que deixaram de receber tecidos e outros adereços, além da produção de indumentárias, fruto da crise económica e financeira internacional. "O Governo deixou de importar material, em função da crise financeira internacional”, rematou, dizendo que têm recebido "uma verbazinha mínima para apoiar o Carnaval”, e serve para aumento do prémio ou compra de refeições (lanche) ou aumento na compra de adereços.
Danças típicas
Segundo Pedro Mussunda, actualmente existe uma miscelânea de danças porque os grupos não estão estáticos, não estão limitados às danças locais como "tchiuanga-hanga”, "umbanda”, danças de "efico”, mas já se misturam com a kabetula, semba, entre outras.
Adiantou que os grupos criam dinâmicas que fazem com que se apresentem da melhor maneira possível, há um conjunto de danças que identificam as comunidades huilanas, com os hábitos, usos e costumes das suas populações, misturadas com outros estilos e géneros já referidos. "O mundo é dinâmico assim como a cultura também, a tendência é sempre procurar diversificar, combinando a tradição com a modernidade para que caminhem juntos, ir inovando fazendo com que o Carnaval seja essa grandiosa festa, com dança, canção, luz, cor e alegria para que seja uma festa popular”.
Melhores classificados
Categoria de Adultos Pontos
União Tundavala (Lubango) 793
Muholo Lemba (Gambos) 736,5
Epungo (Quipungo) 638
Ouro Negro Tundavala (Lubango) 632
Esperança do Hoque (Lubango) 410,5
Classificação dos Grupos Infantis
União Tundavala (Lubango) 793
Muholo Lemba (Gambos) 736,5
Epungo (Quipungo) 638
Ouro Negro Tundavala (Lubango) 632
Esperança do Hoque (Lubango) 410,5
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