Especial

Dia Internacional do Trabalhador: Reivindicação por oito horas de trabalho sem corte no salário

Rui Ramos

Jornalista

O Dia do Trabalhador homenageia mundialmente os trabalhadores. A homenagem remonta ao dia 1 de Maio de 1886, sábado, quando 300 mil manifestantes saíram às ruas em Chicago, Nova Iorque, Detroit e outras grandes cidades norte-americanas, reivindicando “Eight-hour day with no cut in pay” (“Dia de oito horas sem redução no pagamento”).

01/05/2024  Última atualização 09H21
© Fotografia por: DR

A jornada de trabalho diária atingia na altura 17 horas. Chicago foi o centro da luta. No dia 4 de Maio, cerca de 2.500 manifestantes reuniram-se em assembleia em Chicago, na praça Haymarket, que viria a descambar para confrontos violentos provocando vítimas entre os trabalhadores e a polícia, tendo sido decretada a lei marcial em todo o território dos EUA.

Registaram-se prisões, cem sindicalistas foram detidos, oito julgados e sete condenados à morte. Quatro foram enforcados.

 Não foi por acaso que o incidente aconteceu em Chicago. A principal cidade de Illinois era uma das mais industrializadas do país, e por isso mesmo atraía imigrantes em massa. O resultado foi um crescimento incontrolável: em 1850, 30 mil pessoas viviam em Chicago. Em 1860, eram 112 mil. Em 1870, 298 mil. Em 1880, mais de 500 mil habitantes.

Os imigrantes, especialmente os de origem alemã, traziam consigo ideais anarquistas e socialistas de liberdade e justiça social. Antes mesmo das manifestações de 1886, eles vinham realizando uma série de greves e protestos por melhores condições de trabalho.

Entre os principais líderes das manifestações naquele período estava Albert Parsons, um jornalista socialista que depois se converteu ao anarquismo, que se assumia um defensor intransigente dos direitos dos trabalhadores e um dos condenados à forca pelo incidente da praça Haymarket, no qual, imprevisivelmente, rebentou uma bomba fazendo vítimas mortais. Nascido em Montgomery, Alabama, Parsons era adolescente quando lutou na Guerra Civil Americana. Mudou-se para o Texas, onde começou a actuar em defesa dos direitos dos escravos libertos. Em Chicago, em 1873, e como jornalista, envolveu-se com os movimentos trabalhistas. Condenado e enforcado, Albert Parsons morreu aos 39 anos. Anos mais tarde, foi considerado inocente dos incidentes de Haymarket.

Até hoje, o Governo dos EUA não reconhece o 1º de Maio como Dia do Trabalhador e nunca decretou dia feriado nesta data.

As lutas dos trabalhadores norte-americanos serviram de inspiração em muitos países, sobretudo industrializados, e os operários em geral conquistaram uma série de direitos, legislação trabalhista e reconhecimento em muitas Constituições.

Entre o fim da Primeira Guerra Mundial e o início da Segunda, 1918-1939, a duração máxima da jornada de trabalho foi fixada em oito horas na maior parte dos países industrializados. Os católicos celebram o dia 1º de Maio em homenagem a São José Operário, o santo padroeiro dos trabalhadores.

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