Política

Envio de forças sul-africanas à RDC é decisão multilateral

Garrido Fragoso | Addis Abeba

Jornalista

A recente decisão do envio de um contingente militar da África do Sul à República Democrática do Congo (RDC), para ajudar na pacificação do conflito no Leste daquele país, é multilateral, afirmou, quarta-feira, em Addis Abeba, o ministro das Relações Exteriores, Téte António.

15/02/2024  Última atualização 07H35
Ministro Téte António falou aos jornalistas à margem da 44ª reunião ordinária do Conselho Executivo da União Africana © Fotografia por: Paulo Mulaza| Edições Novembro
"A África do Sul está apenas a cumprir uma decisão da Cimeira da SADC, que teve lugar na capital angolana, Luanda”, declarou, aos jornalistas, o ministro Téte António, à margem da 44ª Sessão Ordinária do Conselho Executivo da União Africana, que desde ontem prepara a agenda da 37ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da organização continental, que decorre nos dias 17 e 18 deste mês.

O chefe da diplomacia angolana disse que a exemplo de Moçambique, os Estados-membros da organização regional devem, igualmente, contribuir com contingentes militares, como forma de ajudarem a pacificação da quela Região dos Grandes Lagos, mais concretamente a província do Kivu do Norte, onde o grupo rebelde M23 está a semear o terror e a forçar as populações a abandonarem as residências no Leste ,em busca de segurança na cidade de Goma.

Malawi e Tanzânia também enviarão tropas para a missão, que está a substituir a força regional da África Oriental, que deixou a RDC em Dezembro do ano passado, depois de o Governo congolês considerar o seu desempenho ineficaz.

O ministro Téte António confirmou a eleição de Angola a membro do Conselho de Paz e Segurança da organização continental, salientando que actualmente o país já assume responsabilidades regionais.

Apontou, a propósito, as responsabilidades continentais do Presidente da República, João Lourenço, de Campeão da Paz e Reconciliação em África.

"O Conselho de Paz e Segurança vai servir de mais um mecanismo para podermos impactar nas decisões que o continente vai tomar relativamente a esta matéria”, declarou o ministro Téte António.

  Conselho Executivo avalia relatórios do COREP

A 44ª Sessão Ordinária do Conselho Executivo da União Africana, aberta ontem pelo presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, na presença do ministro das Relações Exteriores, Téte António, avaliou o relatório do Comité dos Representantes Permanentes (COREP), que compreende relatórios dos 15 Comités Técnicos Especializados (CTE) e seus Subcomités.

O COREP é o órgão da União Africana integrado pelos embaixadores africanos acreditados em Addis Abeba. As questões que têm que ver com a saúde financeira da organização e os aspectos relativos às parcerias estratégicas estão também em análise na reunião do Comité Executivo, que decorre até amanhã, na sede da organização continental, em Addis Abeba.

"Vamos até amanhã analisar também relatórios relacionados com o desenvolvimento e as preocupações relativas à Agência de Medicamentos e demais aspectos que dizem respeito à UA”, afirmou o ministro, que desembarcou ontem na capital etíope, chefiando uma delegação integrada pelos ministros da Indústria e Comércio, Planeamento e o secretário de Estado para a Defesa Nacional, respectivamente Rui Miguêns de Oliveira, Victor Hugo Guilherme e José Maria de Lima.

Téte António informou, contudo, que a discussão das questões relativas às Parcerias Estratégicas será transferida para outro encontro, que deve acontecer, provavelmente, em Julho próximo.

As parcerias estratégicas que o continente deve estabelecer com vários continentes (África-China, África-Turquia, África-UE)  devem ser melhor analisadas e enquadradas no contexto actual da conjuntura internacional, indicou o ministro Téte António.

A reunião do Conselho Executivo prossegue hoje com os trabalhos. Ainda há relatórios parcelares por analisar, assim como decorrerão também encontros paralelos, como do Comité de Candidaturas no Sistema Internacional, onde são seleccionados os quadros africanos para integrar as organizações internacionais.

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