Sociedade

Especialista defende reforço do diagnóstico precoce

Alexa Sonhi

Jornalista

O médico neurologista Walter Diogo disse, ontem, em Luanda, que cerca de 70 por cento dos pacientes com epilepsia podem viver sem o risco de convulsões, caso sejam diagnosticados precocemente e tratados de forma adequada.

27/03/2024  Última atualização 10H49
Walter Diogo lamentou o facto de apesar da sensibilização, a doença ainda ser discriminada © Fotografia por: DR
À margem da Primeira Conferência sobre a Epilepsia, que decorreu sob o lema "Desmitificando a doença”, o especialista adiantou que quando a patologia é descoberta cedo, as possibilidades de o paciente fazer crises epilépticas são reduzidas.

Durante a conferência, realizada ontem para assinalar o Dia Mundial da Epilepsia,  Walter Diogo explicou que a doença é uma das enfermidades neurológicas mais comuns em todo o globo, afectando cerca de 50 milhões de pessoas a nível do mundo.

O especialista em neurologia esclareceu que quase 80 por cento das pessoas com epilepsia vivem em países em vias de desenvolvimento. O neurologista sublinhou que, com base nos dados das Nações Unidas, se estima que 75 por cento dos doentes epilépticos nestes países não recebem tratamento. "Muitos ficam, por isso, expostos a convulsões e chegam a ter mortes prematuras”.

O também chefe de departamento de Neurociência da Clínica Girassol frisou que, apesar das campanhas de sensibilização, a epilepsia ainda é alvo de discriminação, preconceito e estigmas em muitas partes do mundo.

Definição da doença

O médico neurologista define a epilepsia como sendo uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos.

Geralmente, referiu, a doença expressa-se por crises epilépticas repetidas. A patologia, adiantou, é caracterizada por convulsões recorrentes, que ocorrem em episódios breves de movimentos involuntários em alguma parte do corpo ou de todo o corpo.

"A doença pode ser causada por uma lesão no cérebro, decorrente de uma forte pancada na cabeça, uma infecção (meningite, por exemplo), abuso de bebidas alcoólicas e drogas, e, por vezes, situações que ocorrem antes ou durante o parto”, explicou.

Para Walter Diogo, muitas vezes não é possível conhecer as causas que originaram a epilepsia. Mas, acentua que, as convulsões ocorrem quando uma descarga eléctrica excessiva ocorre num grupo de células cerebrais.

Nestes casos, prosseguiu, a pessoa pode cair ao chão, apresentar contracções musculares em todo o corpo, mordedura da língua, salivação intensa, respiração ofegante e, às vezes, até urinar. De acordo com o médico, existe, também, a crise do tipo "ausência”, conhecida como "desligamentos”. "Nesta situação, a pessoa fica com o olhar fixo, perde o contacto com o meio ambiente por alguns segundos”.

As crises de epilepsia, esclareceu, são sempre de curtíssima duração, muitas vezes não são percebidas pelos familiares ou pessoas  próximas.  Em relação ao tratamento da epilepsia, o médico disse que o mesmo é feito através de medicamentos que permitem evitar as descargas eléctricas cerebrais anormais. "Atacando as causas evitam-se as crises”, disse.

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