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EUA e França condenam novos colonatos em Gaza

Os Estados Unidos e França condenaram a intenção de Israel de intensificar os colonatos na Faixa de Gaza, com a possibilidade de operar uma redução do território do enclave, subjugando os palestinianos escolher onde viver na sua terra.

31/01/2024  Última atualização 12H30
Washington e Paris apelam a Telavive tem de deixar os palestinianos em paz © Fotografia por: DR

"Deixámos claro que não pode haver redução do território de Gaza", realçou ontem John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos da América, em conferência de imprensa. Também a França condenou a intenção das autoridades israelitas.

"Não cabe ao Governo israelita decidir onde os palestinianos devem viver nas suas terras", frisou o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês, em comunicado. Paris instou, também, o Governo israelita a condenar estas posições.

A intenção de Israel de intensificar os colonatos na Faixa de Gaza foi manifestada no domingo num comício que juntou milhares de israelitas, incluindo diversos ministros do Governo liderado por Benjamin Netanyahu, favoráveis ao regresso dos colonatos ao enclave.

Durante o encontro, os participantes instaram o Primeiro-Ministro, Benjamin Netanyahu, a reinstalar assentamentos na Faixa de Gaza, onde continuam os combates intensos entre o Exército israelita e o movimento islamita palestiniano Hamas.

Membros do Likud, o partido de Netanyahu, e outros ministros, de extrema-direita, participaram na iniciativa, e quando os combates redobravam de violência entre o Exército israelita e os combatentes do movimento islamita Hamas em Gaza, indicou a agência noticiosa AFP.

Os intervenientes exigiram a expulsão dos palestinianos da Faixa de Gaza, ao considerarem que a reinstalação de colonatos constitui a única solução para garantir a segurança de Israel.

Este encontro testemunha o reforço dos sectores de extrema-direita e ultra religiosos na sociedade israelita, com riscos de uma profunda convulsão política e social e eventuais problemas nas relações com os Estados Unidos, o seu indefectível aliado.

Israel ocupou a Faixa de Gaza, a Cisjordânia e Jerusalém leste após a guerra de 1967. Pelo menos meio milhão de israelitas vivem actualmente na Cisjordânia em colónias consideradas ilegais pela maioria da comunidade internacional, ao lado de três milhões de palestinianos.

Em 2005, Israel retirou os seus nacionais de 21 colónias instaladas na Faixa de Gaza. O território abriga 2,4 milhões de palestinianos, a larga maioria deslocada desde o início dos combates em Outubro passado.

O Primeiro-Ministro israelita nunca apoiou até agora o projecto de relançar colonatos em Gaza, declarando que o mesmo não constitui "um objectivo realista". E, ainda não convocou uma reunião do Executivo dedicada ao "dia do pós-guerra".

O Governo Netanyahu é o mais religioso e ultranacionalista da história do país e elegeu como prioridade a expansão dos colonatos na Cisjordânia ocupada desde a chegada ao poder no final de 2022.

Israel exige garantias para tréguas em Gaza

Israel considerou "construtiva" a reunião de domingo em Paris sobre uma possível trégua em Gaza, mas salientou que é preciso mais garantias para ultrapassar as lacunas importantes", por isso os encontros terão de continuar na próxima semana, numa altura em que vários países suspenderam o financiamento às operações humanitárias da ONU em Gaza.

Estados Unidos, Reino Unido, Japão, entre outros, disseram que aguardam pelo resultado do inquérito para decidir sobre a retoma do apoio à ONU. Meios locais em Gaza avançaram que 12 colaboradores das Nações Unidas foram suspensos, e caso se prove o seu envolvimento, têm de ser responsabilizados criminalmente.      

"Os chefes dos serviços secretos israelitas, juntamente com o chefe da CIA, o Primeiro-Ministro do Qatar e o chefe dos serviços secretos egípcios, concluíram, recentemente, uma cimeira dos serviços secretos na Europa, reunião que Israel considera 'construtiva'", afirmou o gabinete do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu, citado pela agência de notícias espanhola EFE.

O gabinete de Netanyahu sublinhou que "existem lacunas importantes que as partes continuarão a discutir em reuniões mútuas adicionais na próxima semana”.

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