Mundo

EUA insiste no fim definitivo do conflito

Os Estados Unidos reforçam os contactos no Médio Oriente para articular as propostas para uma trégua duradoura entre Israel e Hamas, numa altura em que apresentaram um projecto de resolução aos membros do Conselho de Segurança da ONU, apelando a um "cessar-fogo imediato" em Gaza, disse, na Arábia Saudita, o secretário de Estado norte-americano.

22/03/2024  Última atualização 12H45
Blinken articula com parceiros as propostas das partes © Fotografia por: DR

"Apresentámos uma resolução que está agora no Conselho de Segurança, que apela a um cessar-fogo imediato associado à libertação dos reféns e esperamos que os países a apoiem", afirmou, na quarta-feira à noite, Antony Blinken ao 'site' informativo saudita Al Hadath.

Blinken articula no Cairo, Egipto, as negociações para avançar uma trégua entre Israel e o Hamas. Uma resolução desse tipo enviaria um "sinal forte", acrescentou Blinken, que, durante um encontro com o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salmane, sublinhou o compromisso de Washington com uma "solução duradoura para a crise" e com a criação de um "futuro Estado palestiniano" que ofereça garantias de segurança a Israel, de acordo com o Departamento de Estado norte-americano.

O Movimento de Resistência Islâmica (Hamas) acusou, ontem, o Governo israelita de responder "negativamente" ao plano de três fases apresentado para alcançar um cessar-fogo, passo essencial para as negociações.

Osama Hamdan, um alto responsável da milícia palestiniana, disse que, apesar dos esforços do Hamas, Israel recuou e pode levar as conversações mediadas pelo Qatar a um "beco sem saída", segundo o diário palestiniano Filastin, ligado ao grupo islamita.

"A resposta à proposta das três fases apresentada aos mediadores foi negativa e não responde às exigências do nosso povo. Estas incluem a cessação das hostilidades em Gaza e o regresso dos deslocados às suas casas, bem como a retirada do exército israelita da Faixa de Gaza", afirmou.

Hamdan disse que o Hamas mostrou "flexibilidade", enquanto Israel "continua a afastar-se das questões que já foram acordadas" e a "adiar" uma resposta positiva, o que pode significar o fim definitivo das negociações.

O porta-voz palestiniano responsabilizou o Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, por "bloquear o acordo" e reafirmou que os Estados Unidos "têm de parar de enviar armas para Israel se querem realmente acabar com o genocídio em Gaza".

O Hamas, em Fevereiro, apresentou uma contraproposta para um possível cessar-fogo que prevê um plano de três fases ao longo de 135 dias, que incluiria a libertação de reféns em troca de 1.500 prisioneiros, o fim do cerco à Faixa de Gaza e um processo de reconstrução dos territórios palestinianos.

Secretário-Geral da ONU condena ataques a hospitais 

O Secretário-Geral da ONU está "profundamente alarmado" com a incursão de Israel no hospital Al-Shifa, apelando ao respeito pelo direito internacional. "Reiteramos que todas as partes devem respeitar o direito humanitário internacional e que os hospitais só podem perder o estatuto de protecção se forem utilizados fora da função humanitária", realçou António Guterres. O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza indicou que os pacientes e o pessoal médico encurralados no Al-Shifa, o maior hospital do enclave, "continuam em jejum por falta de alimentos e água, devido ao cerco das forças de ocupação".

As autoridades da Faixa denunciaram "um massacre sangrento", depois de o exército israelita ter declarado a morte de dezenas "de terroristas", que Gaza alegou serem civis palestinianos.

O porta-voz do Exército, Daniel Hagari, referiu que foram identificados 250 dos detidos como membros dos movimentos islamitas Hamas e Jihad Islâmica, enquanto estão a ser investigadas as ligações de outros 350 detidos com estes grupos.

"Estamos a falar de muitos membros da Jihad Islâmica, incluindo comandantes de batalhão e membros e responsáveis políticos do Hamas", explicou Hagari num vídeo gravado à entrada do hospital. No entanto, o director-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse estar "terrivelmente preocupado" com a situação e sublinhou que "os hospitais nunca devem ser campos de batalha".

Já o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) reiterou a necessidade de proteger os civis, incluindo pacientes, doentes, feridos e pessoal médico.

Líderes europeus falam de tragédia em Gaza

Os chefes de Governo e de Estado da União Europeia (UE) estão preocupados com a tragédia humanitária em Gaza, estando "sob pressão acrescida", dado o risco iminente de fome naquele território.

"Existe uma grande pressão para que o Conselho Europeu chegue a conclusões sobre o Médio Oriente", indicou, ontem, um alto funcionário europeu, numa altura em que várias organizações humanitárias internacionais têm vindo a alertar para o risco iminente de fome na Faixa de Gaza, na sequência dos bombardeamentos e dos impedimentos por parte de Israel para a passagem de ajuda para o enclave  palestiniano, controlado pelo Hamas desde 2007.

Falando na antevisão da cimeira europeia que termina, hoje, em Bruxelas, a mesma fonte assinalou haver agora "mais pontos em comum" entre os 27 países da UE, em função do que "tragicamente acontece pelo sofrimento humano", apesar de ainda persistirem diferentes posições sobre o conflito.

O Conselho Europeu arrancou com uma reunião informal entre os líderes da UE e o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, ocasião na qual o responsável relatou aos chefes de Governo e de Estado da UE os esforços da ONU para tentar prestar ajuda humanitária ao território palestiniano de Gaza.









Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Mundo