Cultura

Festival Internacional de Jazz marcado pela fusão do Semba e Rumba Congolesa

Analtino Santos

Jornalista

O angolano Sanguito e o congolês democrático Jean Goulald actuaram, na noite de ontem, na Baía de Luanda, no encerramento do Festival Internacional de Jazz, numa perfeita demonstração de que o estilo musical dialoga com vários outros elementos rítmicos, entre os quais o semba e a rumba congolesa.

02/05/2024  Última atualização 16H00
Irmãos Bill e Shy Perry agradeceram a organização do evento pela homenagem ao pai © Fotografia por: Luís damião | edições novembro

O evento foi realizado durante dois dias, no âmbito da Bienal de Luanda, para saudar o 30 de Abril, Dia Internacional do Jazz. O experiente saxofonista Sanguito esteve acompanhado por Dinho Silva (bateria) e Dalú Roger (percussão nacional), artistas que partilharam o palco com os jovens Capitão (guitarra), Rolan (teclados), Manilson (baixo) e Yuri (trombonista).

Os  dois artistas proporcionaram momentos memoráveis do jazz de fusão. O congolês Jean Goulald Kalala trouxe uma proposta musical que lhe é peculiar, com misturas de reggae, blues, r&b e jazz, que com a alegria contagiante da rumba congolesa ofereceu ao grande público momentos inolvidáveis.

O hibridismo musical dos artistas da República Democrática do Congo esteve na mesma linha do Geograph Music Station, que encerrou o primeiro dia do festival.

O projecto veio de Portugal e tem a direcção do percussionista angolano Mick Trovoada, que mais uma vez trouxe artistas de diferentes nacionalidades residentes em terras lusas, como aconteceu com Diasporando.

No guião do espectáculo estavam o baterista Dilson Groove e Nelito Gomes, com um passado histórico nos chamados conjuntos angolanos de música moderna, como os Indómitos, New Lovers e "Os Cinco de Luanda”.

Os mesmos colaboraram com Zé Agostinho e Filipe Mukenga, no Duo Missosso, tendo gravado com André Mingas, Rui Mingas e Belita Palma.

Na caravana de estrelas da música constaram ainda o cabo-verdiano Lúcio Vieira, o bissau-guineense Jery Bidan, o gambiano Mbye Ebrima, o moçambicano André Cabaço, o ucraniano Maryan Yanchyk, o israelita Illya Kushner, o turco Gulami Yesildal, o italiano Francesco Valente, o russo Dimitri Ledovskii e os portugueses Cláudio Gomes, Giel, Soraya Morais, Pri Azevedo, Gel e  Orlando Santos. Do Brasil veio uma formação liderada por Emile Silva Pereira e Priscilla Balby.

Passaram ainda por esta edição do Festival Internacional de Jazz de Luanda os americanos Mississipi Blues, Eleanor Quartet, Nuno Mingas, a camaronesa Seke Time, Massoxi e outros grandes nomes deste estilo musical de referência mundial, numa edição marcada pela presença de verdadeiros heróis do Jazz.

O momento serviu também para uma homenagem ao americano Bill Howl Mady Perry, que pisou pela última vez um palco angolano na edição passada do Festival Internacional de Jazz, realizado pelo Resiliart Angola, em parceria com o Executivo angolano e a UNESCO.

O primeiro dia do festival foi prestigiado pela presença da Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, o ministro da Cultura, Filipe Zau, o governador de Luanda, Manuel Homem, membros do Executivo, o director Regional da UNESCO para a África Central, Paul Coustere, e entidades do corpo diplomático acreditado no país.

Desenhamos este projecto para ser uma festa híbrida

O músico Jay Lourenzo, responsável pela direcção artística do festival, afirmou, ontem, ao Jornal de Angola, que o evento foi desenhado para ser uma festa híbrida. "Nós desenhamos o evento de modo a ser virtual e presencial e tem duas componentes, sendo uma parte musical e a outra a exposição de artes plásticas”, afirmou.

O cantor destacou as homenagens aos cantores Rui Mingas, Sara Tavares e Bill Perry. 

O artista escolhido para fechar o concerto foi o angolano Sanguito, que deu nota positiva ao projecto.

O secretário-geral da União Nacional dos Artistas e Compositores - Sociedade de Autores (UNAC-SA), Eliseu Major, apreciou a proposta do grupo Geograph Music Station, pela forma como conceberam os arranjos das músicas.

Rosário Matias, representante da União Nacional dos Artistas Plásticos  (UNAP), reiterou o compromisso de continuar a trabalhar com o Resiliart Angola.

A cantora norte-americana Eleanor Dubinsky, uma das representantes internacionais do jazz, valorizou a iniciativa, que vai ao encontro do espírito de jazz.

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