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Trabalha actualmente na empresa de Recursos Humanos denominada “Multipessoal”, onde está há 10 anos como auxiliar de limpeza, mas aproveita as horas extras para fazer algum negócio. “Eu vou até Caxito ou Cabala a procura de negócio, vou de autocarro e quando regresso vendo os produtos aos vizinhos, colégios, empresas ou pessoas próximas. Vendo de tudo um pouco”, contou Filomena Pinto ao Jornal de Angola
Solteira, mãe de três filhos, natural de Luanda, Filomena Pinto, 44 anos, começou a trabalhar quando tinha 19, como empregada na casa de uma cidadã francesa.Este emprego durou um ano e meio, pois a sua chefe teve de voltar para a terra natal.Não tardou, Filomena Pinto passou a cuidar da casa de um deputado.
Entre um trabalho e outro, Filomena também chegou a ser cobradora de autocarro da Macon, por dois anos.
As necessidades da vida obrigaram-na a trabalhar em vários lugares ao mesmo tempo, para não desperdiçar as oportunidades que surgiam, apesar de não serem as mais favoráveis.
"Eu fazia tudo o que me aparecia, se tivesse que lavar um carro, eu lavava. Passei a cobrar na Macon. O motorista do autocarro em que eu subia sempre estava sem cobradora, que estava de licença de maternidade, então, conversei com o senhor, que me permitiu substituir a colega dele por dois meses, e, sem vergonha, fiz o meu trabalho”, contou, orgulhosa de si mesma.
Chegou a vender na antiga praça do Roque Santeiro, já tendo o seu primeiro filho. Algum tempo depois, sem muitos avanços na vida e ainda tendo de lidar com a separação do seu primeiro parceiro, dona Filomena continuou a trabalhar como empregada doméstica.
Hoje, já com três filhos (dois rapazes e uma menina), e ainda solteira, pois separou-se do segundo relacionamento, tudo o que almeja é vê-los formados e ter uma casa própria para dormir sossegada.
"Só vou me sentir realizada quando conseguir ter a minha casa, dormir tranquila, sem me preocupar em pagar renda e depois de ver os meus filhos formados”, disse.
Dona Filomena revelou que já teria a sua casa própria, mas o sonho foi interrompido.
"Eu já estava a construir a minha casa, no bairro Cassequel e até hoje não consigo recuperar, consegui construir, mas o Estado partiu. Eu tinha o documento, mas eles partiram e não me justificaram nada até hoje e vivo numa casa de renda, pagando com o dinheiro que consigo dos trabalhos que faço”, lamentou.
Trabalha actualmente na empresa de Recursos Humanos denominada "Multipessoal”,onde está há 10 anos como auxiliar de limpeza, mas aproveita as horas extras para fazer algum negócio.
"Eu vou até Caxito ou Cabala à procura de negócio, vou de autocarro e quando regresso vendo os produtos aos vizinhos, colégios, empresas ou pessoas próximas. Vendo de tudo um pouco”, disse a sorrir.
"As vezes sou chamada para cozinhar em festas de aniversário, noivado ou casamentos e vendo em maratonas, e, na época de carnaval, na Marginal”, continuou.
A principal dificuldade que enfrenta para a realização das suas actividades é a falta de transporte. Entretanto, não desiste. A sua veia de empreendedora é mais forte que qualquer obstáculo.
Filomena Pinto considera-se uma mulher guerreira e batalhadora. Ela não deixa os filhos passarem dificuldades. "Tudo o que faço é por eles, se não fosse por eles, talvez a minha vida fosse diferente”.
Para dona Filomena, algumas mulheres empregadas domésticas ou auxiliares de limpeza são discriminadas e menosprezadas. Contudo, encoraja estas profissionais a não desistirem.
"A todas as mulheres profissionais deste ramo e outras que sofrem preconceito por causa do cargo que têm, não desistam das vossas lutas, porque as batalhas da vida tornam as pessoas mais fortes”, apelou a mulher que não desiste dos seus sonhos, apesar dos tropeços da vida.
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