O Presidente João Lourenço recebeu, sexta-feira, em audiência, em Lisboa, o ex-Primeiro-Ministro português, António Costa, que foi agradecer, pessoalmente, o Chefe de Estado angolano pela "excelente relação" que foram mantendo ao longo dos oito anos que esteve à frente do Governo.
A directora-geral adjunta do Fundo Monetário Internacional (FMI), Antonieta Sayeh, felicitou, quarta-feira, em Luanda, o Governo angolano, pelas reformas que tem do leva a cabo para fazer face aos choques económicos com os quais se confronta.
"Angola é um país bem dotado e, se essas reformas forem bem empreendidas, prevemos um futuro brilhante para este país", vaticinou a economista liberiana, para quem o FMI está disponível em apoiar as políticas angolanas em matéria de assistência técnica e de formação, caso o país necessite.
Num mundo caracterizado por recorrentes choques, com destaque para o mercado petrolífero, Antonieta Sayeh encorajou Angola a continuar, na qualidade de produtor de petróleo, com as reformas, dada a volatilidade do preço do barril de petróleo no mercado. "Angola precisará de empreender, cada vez mais, esforços no sentido de se adaptar a esses choques, razão pela qual encorajamos o Governo angolano para continuar com essas reformas, principalmente aquelas iniciadas no ano transacto, que têm que ver com o processo de retirada dos subsídios aos combustíveis", ressaltou.
A directora-geral adjunta do Fundo Monetário Internacional destacou, igualmente, a visão do Presidente João Lourenço em relação ao processo da diversificação da economia, combate à corrupção e criação de um bom ambiente de negócios.
"Ficamos, também, bastante encorajados em relação à prioridade que o Senhor Presidente de Angola empreende em matérias de educação de qualidade e às capacidades e valências necessárias no sentido de continuar a fazer com que a educação avance e tais reformas possam ter resultados positivos", frisou.
Antonieta Sayeh, que visita Angola pela primeira vez, na qualidade de directora-geral-adjunta do Fundo Monetário Internacional, avançou à imprensa que a audiência com o Presidente da República teve como objectivo o reforço e o aprofundamento da parceria e cooperação com o país.
Um novo empréstimo está fora de hipótese
À pergunta se durante o encontro com o Presidente da República foi abordada a possibilidade de um novo empréstimo financeiro a Angola, Antonieta Sayeh respondeu, negativamente, lembrando que o país já concluiu, em 2021, com sucesso, o programa de financiamento que mantinha com o FMI. O sucesso deste programa, disse, constitui o lastro para todas as questões que a instituição aborda, hoje, com Angola, no quadro do reforço da cooperação.
Em entrevista concedida, há dias, ao Jornal de Angola, a directora-geral adjunta do Fundo Monetário Internacional revelou que Angola - actualmente, a quinta maior economia e a segunda maior exportadora de petróleo da África Subsaariana, depois da Nigéria -, está a desempenhar um papel mais importante na integração económica do continente, nomeadamente enquanto signatária do Acordo que cria a Zona Livre de Comércio Continental Africana.
"O país implementou reformas importantes durante tempos muito difíceis. Num contexto de baixos preços do petróleo, entre 2016 e 2020, e, depois, durante a pandemia da Covid-19, as autoridades implementaram o Programa de Financiamento Ampliado 2018–2021, apoiado pelo FMI", destacou.
Antonieta Sayeh referiu, na entrevista, que Angola conseguiu reequilibrar o seu orçamento através do aumento da receita fiscal e da criação de espaço orçamental e de poupanças, bem como por via da introdução do IVA e de uma reestruturação selectiva da dívida externa. "O Banco Central tomou, também, outras medidas importantes de reforma do quadro das políticas monetária e cambial, como a liberalização do regime cambial e uma transição gradual rumo ao regime de metas de inflação", ressaltou.
A directora-geral adjunta do FMI fez saber que estas políticas e reformas implementadas por Angola foram importantes para apoiar a recuperação económica iniciada em 2021–2022, o que acabou por se reflectir na recuperação da produção verificada durante este período. Essas iniciativas, prosseguiu, ajudaram a reforçar a capacidade de adaptação de Angola aos choques. "Foi o que vimos, em 2023, quando as autoridades conseguiram restringir a política orçamental e a política monetária em reacção ao choque no sector Petrolífero, evitando, assim, um aumento mais acentuado da dívida", salientou Antonieta Sayeh.
O
Fundo Monetário Internacional, mais conhecido pela sua sigla FMI, é uma
importante agência financeira das Nações Unidas e uma instituição financeira
internacional financiada por 190 países membros, com sede em Washington, DC,
Estados Unidos da América. É considerado o credor global de última instância
aos Governos nacionais e um dos principais apoiantes da estabilidade cambial.
A
sua missão declarada é trabalhar para promover a cooperação monetária global,
garantir a estabilidade financeira, facilitar o comércio internacional,
promover o elevado emprego e o crescimento económico sustentável e reduzir a
pobreza em todo o mundo. Estabelecido em 27 de Dezembro de 1945, na Conferência
de Bretton Woods, principalmente de acordo com as ideias de Harry Dexter White
e John Maynard Keynes, começou com 29 países membros, tendo como objectivo reconstruir
o sistema monetário internacional após a Segunda Guerra Mundial. A instituição
desempenha, agora, um papel central na gestão das dificuldades da balança de
pagamentos e das crises financeiras internacionais. Através de um sistema de
quotas, os países contribuem com fundos para um conjunto do qual os
Estados-membros podem contrair empréstimos caso tenham problemas na balança de
pagamentos.
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