A terceira Conferência Nacional do Março Mulher Universitária, que começou na última sexta-feira, encerrou, domingo, no cine Ndalatando, na província do Cuanza-Norte, numa organização da Universidade Kimpa Vita, durante a qual foi destacada a necessidade de se investir, cada vez mais na formação da mulher por ser um investimento com retorno seguro.
Segundo o governador da província do Cuanza-Norte, João Diogo Gaspar, os dados mostram que as mulheres têm sido a maioria em todos os níveis de ensino no país, constituindo-se num investimento com retorno seguro às famílias e para afirmação, emancipação e independência desta franja da sociedade.
"Desde esta perspectiva, temos exemplos que, no nosso país, as mulheres vão ocupando cargos de destaque nos órgãos de tomada de decisão, face à visão inovadora do Titular do Poder Executivo, pela aposta segura na mulher e nos jovens", realçou João Diogo Gaspar, na abertura da III Conferência Nacional do Março Mulher Universitária.
Para o governante, o lema "Evolução e Perspectiva da Mulher em busca de conhecimento Científico para um Desenvolvimento Global” é desafiador e pertinente, dado que traz uma perspectiva altruísta para o bem-estar da Humanidade, com uma linguagem comum, a da ciência, bem como uma construção e reconstrução da mulher na busca de conhecimentos. "É nisto que acreditamos, a capacidade da mulher, pois, quando ela acredita, vai à busca e não desiste, carregando nela palavras como coragem, força, resiliência, persistência, esperança, a própria ciência e outras valências, com força do género feminino", reforçou João Diogo Gaspar.
Frisou que, pela primeira vez e na História de Angola, o país tem uma Vice-Presidente da República (Esperança da Costa), presidentes da Assembleia Nacional (Carolina Cerqueira), do Tribunal Constitucional (Laurinda Cardoso) e outros exemplos de mulheres em cargos de decisão em órgãos de soberania.
A Universidade, enquanto espaço de emancipação, formação e construção de saberes, deve subsidiar todos os indivíduos que nela ingressam, de modo particular a mulher, face às dificuldades naturais da vida académica, a vivência da maternidade, principalmente às relacionadas com o preconceito de género e do processo de conciliação, disse o governante.
"Reafirmamos o compromisso com o ensino, investigação e inovação, na medida em que elegemos, para a nossa governação, a Educação como uma das maiores oportunidades e contamos convosco, enquanto académicas e não só, após análise profunda dos fenómenos da província, para darmos resposta a todas as situações que engrandecem o crescimento e desenvolvimento do Cuanza-Norte", ressaltou João Diogo Gaspar.
Resiliência e persistência na luta
Segundo o governador, educar uma mulher é educar toda uma sociedade."Tendes dado um passo forte e de coragem, apesar de, ainda em alguns lugares pelo mundo fora, existir a discriminação, mormente na ciência”, apontou.
Dos exemplos registados, João Diogo Gaspar lembrou que, de 1907 a 1910, a física austríaca Lise Meitner realizou as primeiras experiências sobre radiação no porão do Instituto de Química de Berlim.
Mesmo sendo doutora em Física Nuclear, acrescentou, Lise Meitner e outras mulheres eram proibidas de terem acesso aos laboratórios, salas de estudos e auditórios do Instituto, espaços reservados apenas para pesquisadores homens.
Mas as pesquisas iniciadas no laboratório improvisado no porão foram fundamentais para que, alguns anos depois, Lise Meitner pudesse decifrar a "experiência do Século”, na qual explicou que o núcleo do átomo podia ser seccionado e libertar enormes quantidades de energia, recordou o governador provincial do Cuanza-Norte.
"Infelizmente, foi o seu colega, Otto Hahn, que terá recebido o Prémio Nobel de Química. Podemos dizer que mais de cem anos já se passaram desde essa data e, hoje, graças à luta da mulher e ao esforço de cientistas, a exemplo de Lise Meitner, as mulheres estão nos laboratórios, nas salas de aula e nas bibliotecas de grande parte das Universidades, dos Institutos Superiores e Centros de Pesquisa”, enfatizou João Diogo Gaspar.
Segundo o governante, sabe-se que ao longo da construção da sociedade, por muito tempo, a mulher foi excluída de vários espaços, sobretudo na universidade, destacando que a aposta do Executivo angolano, liderado pelo Presidente João Lourenço, tem permitido que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades de formação, técnica e científica.
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