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Dois efectivos da Polícia Nacional foram, quinta-feira, homenageados, pelo Comando Municipal de Pango Aluquém, por terem sido exemplares ao rejeitarem o suborno no exercício das actividades, na província do Bengo.
Frederico Nhanga Benedito, artisticamente conhecido por Humorista FNB o Assuntoso, é filho de José Aleixo Sequeira Benedito e de Maria da Conceição Nhanga. Nasceu a 28 de Outubro de 1996 e é natural de Mucari, município de Caculama, província de Malanje.
"Quando eu tinha cerca de três anos, a minha família optou por residir em Luanda, fugindo do intenso conflito armado que assolou Malanje e todo o país”, começa assim a sua apresentação.
Na capital do país, apesar da segurança, o foco da família de Frederico Nhanga Benedito era a procura de melhores condições de vida. "Não foi fácil”, reconhece.
"Em 1999, não tendo casa própria para morar e nem condições para arrendar uma residência, passamos a morar em locais diferentes, mas, com o suporte de um dos irmãos do meu pai, conseguimos reverter o quadro e passamos a morar debaixo do mesmo tecto, no bairro Gamek à Esquerda, zona do Paiol”.
A infância de Frederico Nhanga Benedito não foi das melhores, diz-nos. "Dadas as dificuldades que enfrentei, desde muito jovem, ainda criança, comecei a vender petróleo no Mercado da Madeira, juntamente com os meus dois irmãos, para podermos ajudar os pais e, assim, acreditávamos que o pão não iria faltar à mesa, foi uma fase muito difícil, pretendíamos ter uma infância melhor do que a que tínhamos”.
Depois de três ou quatro anos, o pai conseguiu o primeiro emprego como motorista, numa empresa de refrigerantes, melhorando um pouco a condição de vida da família.
"Com esta mudança na vida da minha família, consegui ingressar no ensino, em 2004, mas, a alegria durou pouco tempo, porque o meu pai contraiu uma doença, sendo submetido a uma intervenção cirúrgica. Então, tivemos de deixar os estudos mais uma vez”.
Foi um golpe duro para Frederico Nhanga Benedito, que não podia concretizar tão cedo os seus objectivos de ser formado e contribuir com os seus conhecimentos "para o bem-estar da família e o progresso colectivo”.
Depois desta fase triste para a família, o pai melhorou e regressou ao trabalho, dando de novo esperança à família.
"Com poucos recursos e condições, sempre estive na lista dos melhores estudantes, exemplar e disciplinado, até que consegui terminar o ensino médio no curso de Energia e Instalações Eléctricas, no Instituto Médio Industrial Simione Mucune. Foi o culminar de uma fase que me deixou satisfeito e com força para continuar com o meu foco”, realça. "Estou, actualmente, a frequentar o ensino superior no curso de Engenharia Informática. Confesso que nunca passou pela minha cabeça formar-me em Engenharia, pois a minha meta era ser padre, para que pudesse transmitir a palavra de Deus às nações, mas o sonho morreu pelo caminho”.
Apesar desta mudança, explica, "mantenho-me sempre firme na Igreja, onde trabalho com crianças e jovens”.
Depois da conclusão do ensino médio, Frederico Nhanga Benedito desejava também ser piloto. "Amo este ramo, mas sem sucesso, bati várias portas para que pudesse efectuar a formação, em vão, o sonho caiu por terra”.
Não
desistir da vida
"Esta situação levou-me à depressão, pensei em desistir da vida, pois muitas coisas davam errado, inclusive pensei em cometer suicídio por duas vezes, pensando que seria a forma de resolver o que sentia por dentro, mas, com a intervenção de pessoas próximas, venci esta fase. Passei a acreditar que os fortes lutam até ao fim, que na vida nada dura para sempre, tudo tem um fim e com sacrifício podemos alcançar objectivos, pode não ser os que planeamos inicialmente. Devemos ir à luta e estarmos rodeados por pessoas que nos ajudem a crescer”.
Hoje, explica, "não seria conhecido por humorista, caso cometesse suicídio, por isso, enquanto não chegar a minha vez de partir para a outra dimensão da vida, luto e vencerei”.
Frederico Nhanga Benedito também tem a paixão pela educação e ensino e, actualmente, informa, "sou construtor de mentes, pois sou professor”.
Mas, como entrou para o mundo das artes? "Em 2009, a minha família muda para o bairro Cassequel, sector Antonov-57, vulgo Catinton. Com a mudança de bairro, tive que deixar de frequentar a Igreja Católica da Paróquia Santa Cruz-Madeira, isto no Gamek, e passo a participar no Centro Nossa Senhora de La Salette, da Paróquia São João Calábria, uma comunidade católica, onde faço parte do Movimento Mensageiro da Paz. No grupo, exerci a função de formador e animador”.
"Em 2018, fui convidado pelo Movimento Levarte, Pólo Benfica, e pela primeira vez subi a um palco para actuar e fui muito aplaudido. Ganhei motivação e optei por seguir a vida de humorista”.
No ano seguinte, recebe convite de um amigo para fazer parte do Movimento Literário Baronesa do Amor, Cultura e Artes, tendo várias aparições em programas de rádio e televisão e em vários palcos de Luanda, Cuanza-Norte e Malanje.
"Foi neste período que nasceu o nome: FNB O Assuntoso. FNB surge de Frederico Nhanga Benedito. O Assuntoso, pois a perspectiva é que as minhas piadas criem motivos de reflexão para o público”, realça. "Com o humor, a minha visão não se limita a fazer rir as pessoas, mas também transmite uma mensagem para ajudar a mudar a vida de alguém, pois o artista tem o papel de mudar atitudes e comportamentos. O humor é pedagógico e faz bem à saúde”.
E, o jovem humorista conclui: "Recomendo a todos os que têm um sonho que não parem de sonhar, lutem, porque o sucesso pode estar perto, basta lutar mais um pouco. Nos nossos bairros, há muito talento, uns precisam de um pequeno empurrão somente para chegarem ao topo. A minha fonte de inspiração é o humorista Calado Show, um dos melhores do país, com quem gostaria de partilhar o palco”.
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