Política

Governo de Angola reporta ODS sobre monitoria da insegurança alimentar

Nilza Massango

Angola, pela primeira vez, está a reportar o segundo Objectivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS), por contar com um sistema incorporado no Inquérito ao Emprego do Instituto Nacional de Estatística (INE), que monitora, por província, a escala da insegurança alimentar no país, afirmou, ontem, a representante da FAO, Gherda Barreto.

09/02/2024  Última atualização 08H45
Representante da Agência das Nações Unidas aproveitou para se despedir de Esperança da Costa, depois de cinco anos no país © Fotografia por: João Gomes| Edições Novembro
À saída de uma audiência com a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, sem avançar dados do nível de insegurança alimentar no país, Gherda Barreto, em fim de missão, anunciou à imprensa um "balanço positivo” e disse sentir-se satisfeita com o trabalho desenvolvido.

A representante da FAO frisou que, cinco anos depois, vai deixar o país com um novo Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) focado em dois eixos fundamentais, nomeadamente  da segurança alimentar e do capital humano.

 Este facto, segundo Gherda Barreto, é, para a FAO, uma grande satisfação quando os países, como Angola, demonstram grande vontade política de colocar a segurança alimentar das comunidades no centro da diversificação económica e da transformação dos sistemas agro-alimentares.

Para a representante daquela agência das Nações Unidas, é um balanço bastante positivo, uma vez que deixa uma equipa de 90 por cento de quadros angolanos, o que demonstra uma capacidade nacional em operacionalizar e implementar os projectos.

Gherda Barreto destacou, ainda, o posicionamento de Angola no compromisso maior de transformar os sistemas alimentares, por via dos ministérios das Relações Exteriores e da Agricultura e Florestas.

A diplomata das Nações Unidas acrescentou que o Ministério das Relações Exteriores apresentou, em 2023, na capital italiana (Roma), os 10 compromissos do país para transformar os sistemas alimentares, destacando-se a actualização da Estratégia Nacional de Segurança Alimentar.

Recomendações

Apesar do trabalho nos cinco anos de missão em Angola, a representante da FAO recomendou que o novo PDN faça um balanço entre infra-estruturas de grande escala e o capital humano, considerando isso importante para o desenvolvimento do país.

Gherda Barreto sublinhou, também, a valorização dos produtos agrícolas, defendendo que cheguem à cidade com um preço equilibrado. Solicitou que se faça um esforço maior no escoamento, de modo a colocar os preços dos alimentos mais justos em todas as províncias do país, reconhecendo haver, ainda, grandes diferenças.

Quanto ao quinto ODS, a diplomata sugeriu para as mulheres definirem as metas mais claras sobre o acesso à terra e ao financiamento, considerando necessário "quantificar em como elas em Angola vão receber mais terra e mais financiamento”.

Gherda Barreto lembrou que o país apresentou, no ano passado, os planos de investimento (Planapesca, Planapecuária e Planagrão) no maior fórum da FAO, com parceiros internacionais. No evento, Angola conseguiu posicionar-se ao apresentar um plano de negócios para atrair aproximadamente mil milhões de dólares, tendo demonstrado, em contrapartida, o que o Governo está a fazer para dinamizar os corredores agro-económicos do Leste e do Lobito.

Avanços no acesso ao financiamento

Na agenda sobre mulher rural, um dos temas importantes da FAO nestes cinco anos, a organização conseguiu acompanhar os ministérios da Acção Social, Família e Promoção da Mulher, da Agricultura e Florestas, e o então da Economia e Planeamento, na revisão do acesso ao financiamento.

Nesta altura, Gherda Barreto demonstrou satisfação com os avanços do Fundo de Apoio para o Desenvolvimento Agrário (FADA) e outros mecanismos financeiros que vão estar mais direccionados a fortalecer as capacidades, pois 60 por cento das mulheres estão dedicadas à agricultura e são  a maior força activa laboral. 

Lançamento do Atlas nos próximos dias

A FAO apoia os países a criar uma série de documentos para posicioná-los melhor na atracção de mais investimentos, como o primeiro Atlas Agro-Económico de Angola, baseado no Censo Agro-pecuário, a ser lançado nos próximos dias.

Sobre a produção de alimentos em Angola, referiu que existem políticas em curso para garantir a soberania alimentar de que o país tanto necessita.

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