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Governo pode reforçar ajuda a Cabo Delgado

O Primeiro-Ministro de Moçambique, Adriano Maleiane, admitiu, neste sábado, a necessidade de apoio adicional a Cabo Delgado face à fuga de dezenas de pessoas devido aos novos ataques, situação que está a criar "problemas de alimentação".

25/02/2024  Última atualização 09H40
© Fotografia por: DR

"Os recursos nunca chegam. A província necessita de apoios adicionais e temos feito tudo usando, também, os nossos parceiros", disse aos jornalistas Adriano Maleiane, citado pela Lusa à porta do Parlamento moçambicano, após uma sessão plenária.

O Primeiro-Ministro adiantou que não é fácil combater o terrorismo, apelando à colaboração de todos na denúncia das acções dos grupos insurgentes, que protagonizam ataques armados em Cabo Delgado desde 2017.

O governante afirmou que todos os sistemas de apoio do país estão em alerta e a redobrar esforços para ajudar os deslocados, apelando também para a solidariedade dos moçambicanos face à situação humanitária de Cabo Delgado. "A situação é lamentável, porque depois tem aquela população toda a ter de se movimentar de um lado para o outro e isso está a criar problemas de alimentação. Temos de encontrar solução para as pessoas e é isso que o Governo está a fazer", disse Adriano Maleiane.

A nova vaga de violência armada em Cabo Delgado dominou na quinta-feira os discursos de reinício das sessões plenárias do parlamento, com a oposição a exigir que o executivo encontre mecanismos de diálogo com os insurgentes. Nas últimas semanas têm sido relatados casos de ataques de grupos insurgentes em várias aldeias e estradas de Cabo Delgado, inclusive com abordagens a viaturas, rapto de motoristas e exigência de dinheiro para a população circular em algumas vias.

O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou há uma semana a autoria de um ataque terrorista em Macomia, em Cabo Delgado, e a morte de pelo menos 20 pessoas, um dos mais violentos em vários meses. A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos alguns ataques reivindicados pelo EI, o que levou a uma resposta militar desde julho de 2021, com apoio do Rwanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projectos do gás.

A Agência de Cooperação Internacional da Coreia do Sul (KOICA) comprometeu-se a disponibilizar quatro milhões de dólares ao Programa Alimentar Mundial (PAM) para apoiar os deslocados internos na província de Cabo Delgado.

O acordo para o efeito foi assinado na quarta-feira pela directora da KOICA em Moçambique, Jinjoo Hyun, e a responsável e representante do PAM nesse país, Antonella D’Aprile, segundo a agência moçambicana de notícias.

O montante será entregue ao PAM no âmbito do projecto intitulado "Melhorar a segurança alimentar e a resiliência das comunidades vulneráveis é contribuir para o nexo Humanitário-Desenvolvimento-Paz em áreas fragilizadas do Norte de Moçambique”. A contribuição será também usada para restaurar ecossistemas locais e fortalecer a resiliência da comunidade a eventos climáticos extremos, na província de Cabo Delgado, nos próximos três anos.

Inclui iniciativas para capacitar dezenas de milhares de pessoas afectadas por conflitos em curso no Norte de Moçambique, em linha com os esforços mais amplos de estabilização e construção da paz na região.

"Este projecto, implementado no âmbito do Programa de Conflito e Fragilidade, aumentará a resistência de 50 mil beneficiários e apoiará os seus esforços para construir um futuro pacífico e resiliente, dando prioridade às famílias chefiadas por mulheres”, frisou Jinjoo Hyun. 

Cheias isolam população na região Norte do país  

Populares isolados devido à subida do caudal de rios em alguns distritos da província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique, temem por novos ataques rebeldes face à nova onda de violência armada registada nas últimas semanas.  "Não há circulação de viaturas porque o rio Messalo está cheio. Não sei se isso não vai ser um problema para nós, porque os terroristas podem aproveitar-se disso para nos atormentar, por saberem que a ajuda pode chegar, mas de forma demorada", disse à Lusa um residente da localidade de Miangalewa, no distrito de Muidumbe, um dos que foram mais afectados no início da insurgência naquela província, em 2017.

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