Nangolo Mbumba foi empossado no mês passado, em Windhoek, como Presidente da República da Namíbia, na sequência da morte do Presidente Hage Gottfried Geingob.

Quarto a assumir a Presidência da Namíbia, Mbumba era até então Vice-Presidente da República, cargo agora ocupado por Netumbo Nandi Ndeitwa.

Na sexta-feira, o Presidente  João Lourenço recebeu, em audiência,o ministro da Defesa e Veteranos de Guerra da Namíbia, Frans Kapof, na qualidade de enviado especial, que procedeu à entrega de uma mensagem de Nangolo Mbumba ao Chefe de Estado angolano. O conteúdo documento não foi partilhado.

Kapof disse ter aproveitado a ocasião para agradecer todo o apoio de Angola à Namíbia durante a realização das exéquias do Presidente Hage Geingob.

"Aproveitei a oportunidade para exprimir a gratidão e o apreço do Governo da Namíbia ao Presidente da República de Angola pelo apoio que nos foi prestado durante aquele momento difícil, que foi o passamento físico do nosso Presidente”, disse Frans Kapof.

O Chefe de Estado angolano  deslocou-se à Namíbia para expressar a sua solidariedade com a nação namibiana, pela dor e luto causados pela morte prematura do Presidente Hage Gottfriend Geingob.

Na qualidade de Presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), o Chefe de Estado angolano falou da dolorosa responsabilidade de render homenagem na cerimónia e da tristeza ao despedir-se de um "irmão, amigo, camarada e companheiro de luta”. Hage Gottfriend Geingob, ressaltou João Lourenço, foi uma figura incontornável no processo de libertação de África, defensor da liberdade, da democracia e da dignidade dos povos africanos, em particular dos namibianos, pelo qual dedicou grande parte da sua vida.

Os feitos de Hage Gottfriend Geingob, prosseguiu o Chefe de Estado, são de tão grande dimensão e amplitude que não se podem descrever em breves palavras, de tal modo como o mesmo se dedicou na causa de construir uma nação em progresso.

Hage Gottfriend Geingob, enquanto Presidente em exercício da SADC, em 2018, recordou João Lourenço, desempenhou um papel activo e impulsionador na agenda para a industrialização regional, promovendo o desenvolvimento de infra-estruturas, capacitação de jovens e desenvolvimento sustentável.

Visita à zona fabril

O programa de trabalhos  prevê, para às 14 horas de hoje, uma visita do Presidente namibiano à empresa Karam Indústria, localizada no Pólo Industrial de Viana. Trata-se de uma empresa da indústria transformadora que produz material de cobre, alumínio, aço e PVC, com destaque para a produção de cabos eléctricos de baixa e média tensão, que têm sido exportados para a Namíbia.

No mercado nacional desde 2014, com mais de 3.000 trabalhadores angolanos (efectivos e prestadores de serviços) e 100 expatriados, a Karam Indústria  comercializa e distribui, também, os seus produtos para os Estados Unidos da América (EUA), Canadá, Itália, Espanha, Turquia, Japão, Indonésia, Dubai, Senegal e África do Sul.

Téte António e a actual Vice-Presidente da Namíbia Netumbo Nandi-Ndaitwah

Irmandade entre os dois países

As Repúblicas de Angola e da Namíbia cooperam nos sectores da Defesa e Segurança, Transportes, Energia e Água, Saúde, Petróleo, Turismo, Pescas, Agricultura, Finanças, Geologia e Minas, entre outros, quer a nível bilateral, quer no quadro da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Em Outubro do ano passado, Angola e a Namíbia reafirmaram, durante uma reunião conjunta, realizada em Luanda, a importância da coexistência pacífica e da boa vizinhança ao longo da fronteira comum, bem como a necessidade de solucionar a questão dos criadores de gado namibianos instalados na parte Sul do país.

O compromisso foi reiterado durante uma reunião entre o ministro das Relações Exteriores, Téte António, e a homóloga namibiana Netumbo Nandi-Ndaitwah (agora Vice-Presidente da Namíbia), durante a qual as partes se comprometeram a repor a legalidade nestes locais de pasto da província do Cunene.

Os governantes sublinharam o princípio "sacrossanto” e a importância do respeito às regras, regulamentos e leis de Angola e da Namíbia, sublinhando que os namibianos são bem-vindos sob condição de obedecerem e respeitarem a integridade territorial e a soberania de Angola.

Durante o encontro, as duas entidades passaram em revista o Acordo Bilateral sobre a Circulação de Pessoas e Bens, assinado em 1992, que observa a interdependência, os laços interpessoais e o património cultural partilhado ao longo da fronteira comum, bem como a livre circulação num raio de 60 quilómetros.

Por outro lado, reiteraram o interesse na preservação das reservas naturais protegidas, em harmonia com os objectivos e princípios da Área de Conservação Transfronteiriça Kavango-Zambeze (KAZA CFTA).

Para a vice-Primeira-Ministra e ministra das Relações Internacionais  e Cooperação da Namíbia, é de enaltecer as autoridades angolanas, por permitirem que os criadores de gado namibianos exerçam a pastorícia em Angola, devido aos efeitos das alterações climáticas, assegurando que o gesto atesta os laços de longa data de amizade e irmandade entre os dois países.

Reiterando as relações históricas entre os dois países e a necessidade da realização inaugural da Comissão Bi-Nacional no início de 2024, como plataforma para reforçar o comércio e o investimento, os dois ministros acordaram acelerar a finalização e assinatura do acordo bilateral sobre Cooperação em Matéria de Comércio, Bovinos, Carnes e Derivados de Carne.