Política

João Lourenço pede mais trabalho para acabar com os conflitos em África

Garrido Fragoso | Addis Abeba

Jornalista

Angola assumiu, neste sábado, na capital etíope, Addis Abeba, a primeira vice-presidência da União Africana (UA), abrindo assim as portas para a preparação da sua candidatura à presidência rotativa anual da organização continental, pela região da África Austral, a partir de 2025.

18/02/2024  Última atualização 08H00
Abertura da Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da UA foi testemunhada por mais de 30 líderes, com destaque para o Presidente João Lourenço © Fotografia por: Paulo Mulaza | Edições Novembro

A cerimónia de eleição de Angola para o cargo aconteceu na sede da União Africana, na capital etíope, durante a abertura da 37ª Cimeira Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, testemunhada por mais de trinta líderes políticos africanos, entre os quais o Presidente da República, João Lourenço.

Para a presidência rotativa anual da União Africana deste ano foi eleita a República Islâmica da Mauritânia, em substituição das Comores, enquanto as Repúblicas do Congo e do Ghana assumem, respectivamente, a segunda e terceira vice-presidência da organização continental.

Ainda ontem, Angola foi eleita membro do Conselho de Paz e Segurança com 46 votos, no termo da 44ª sessão do Conselho Executivo da União Africana, tendo sido o país mais votado.

A abertura da 37ª Cimeira Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da União Africana foi marcada por uma série de discursos de vários líderes africanos e personalidades convidadas, com destaque para a do presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, do presidente em exercício cessante da União Africana e Chefe de Estado da União das Comores, Azali Assoumani, do Chefe de Estado do Brasil, Lula da Silva, e do Primeiro-Ministro da Palestina, Mohammad Chtayyeh.

Os intervenientes foram unânimes em condenar o "massacre indiscriminado”, que está a ser cometido por Israel na Faixa de Gaza, e encorajaram a iniciativa da África do Sul de prosseguir com a denúncia dos crimes junto do Tribunal Penal Internacional (TPI).

Por a União Africana defender, desde o início do conflito no Médio Oriente, o fim das hostilidades e a solução de dois Estados (Palestina e Israel), a organização continental declinou o pedido de Israel de assistir a presente Cimeira como Estado observador.

O secretário-geral da Liga Árabe, Nabil Al-Arabi, considerou "bárbara” a guerra conduzida por Israel na Faixa de Gaza, lembrando que a mesma viola o direito humanitário internacional. Agradeceu aos Estados africanos que defendem a causa palestiniana.

O Presidente da União das Comores, Azali Assoumani, no seu discurso de passagem de testemunho, fixou, igualmente, a sua intervenção no tema central da cimeira. Defendeu a utilização eficaz dos recursos humanos para garantir um sistema de educação africano de qualidade.

Defendeu, também, a adopção de programas de ensino no continente que permitam um nível de escolaridade de qualidade, ao mesmo tempo que considerou a educação como o "ponto de partida” para o desenvolvimento sustentável dos Estados.

"Devemos revolucionar o Sistema de Ensino ao nível do continente, aumentar as taxas de formação e diminuir o absentismo na educação”, declarou, acrescentando não ser aceitável nos dias de hoje deixar crianças fora do Sistema Educativo, para não perigar o crescimento sustentável dos Estados.

Reconheceu "progressos encorajadores” no continente, sobretudo nos domínios da Zona de Comércio Livre em África, Promoção do Comércio e das Trocas Comerciais, incluindo ao nível dos protocolos de investimentos para aumentar a concorrência.  

Os Chefes de Estado vão até hoje, último dia da Cimeira, debater as crises no continente, abalado por golpes de Estado, mudanças inconstitucionais e conflitos globais.

A falta de fundos para o sistema de Paz e Segurança da União Africana, as implicações da guerra da Ucrânia e dos ataques no Mar Vermelho, os conflitos no Sudão, a ameaça jihadista na Somália, a Líbia dividida, a exposição do Sahel ao terrorismo e a tensão na República Democrática do Congo (RDC) estão, igualmente, na ordem dos debates.

Presidente recebe homólogos da RDC e do Rwanda 

À margem dos trabalhos da 37ª Sessão Ordinária de Chefes de Estado e de Governo da União Africana, o Presidente João Lourenço recebeu em encontros separados, na sede da UA, os Presidentes da RDC, Rwanda e o Primeiro-Ministro da Etiópia, respectivamente, Félix Tshisekedi, Paul Kagame e Abiy Ahmed Ali. O conteúdo das conversações não foi revelado aos jornalistas.

 À margem da Cimeira da União Africana, a Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, participou na 28ª Assembleia-Geral Ordinária da Organização das Primeiras-Damas de África para o Desenvolvimento. O evento decorreu na sede da UA e teve como tema central "Eduque-a e transforme a África, melhorando o acesso à saúde e à educação para mulheres e meninas africanas do século XXI”.

Na sexta-feira, o Presidente João Lourenço convocou uma Cimeira extraordinária na sede da UA, que colocou frente a frente os Presidentes da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, e do Rwanda, Paul Kagame, para debater a situação de paz no Leste da RDC.

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