Sociedade

Luanda regista um cenário calmo no último dia do feriado prolongado

André Sibi e Weza Pascoal

Jornalistas

Luanda registou, terça-feira, último dia do feriado prolongado, um ambiente calmo.

14/02/2024  Última atualização 11H28
Circulação rodoviária era feita sem sobresaltos até em locais onde frequentemente se registam grandes engarrafamentos © Fotografia por: Arsénio Bravo| Edições Novembro
Na Chicala, à Ilha de Luanda, onde se tem registado a presença de vários cidadãos em barracas de venda de comida, fundamentalmente, mufete, bem como bebidas, o movimento foi fraco.

Para atrair clientes, homens e mulheres correm em direcção das viaturas, com sorrisos e palavras de carinho.

"Pode encostar aqui meu amor, tens direito a uma massagem ao almoçar na nossa barraca”, ouvíamos um pouco por todo o lado onde passamos, como, por exemplo, na barraca da dona Avozinha, onde a proprietária explicou que o primeiro casal apareceu por volta das 14 horas.

"Estamos no meio do mês e a maior parte das pessoas já não tem dinheiro”, disse uma funcionária, que aguardava, ansiosamente, que lhe disséssemos se iríamos ou não almoçar na sua barraca.

A barraca das donas Lola e Jú, também, estava praticamente vazia. Eram visíveis os condimentos para um bom mufete, com preços que começam a partir de três mil kwanzas, podendo chegar aos sete mil ou mais, de acordo com a qualidade e tamanho do peixe escolhido.

Além do mufete, outras iguarias, como calulu, choco, churrasco, carne, muamba, estavam confeccionadas e prontas para degustar.

A jornada laboral na Chicala é de 24 horas, durante uma semana, até o turno ser rendido por outro, que fica, igualmente, uma semana.

Ilha do Mussulo

A equipa de reportagem do Jornal de Angola deslocou-se, também, ao Embarcadouro do Capussoca, cujas instalações aparentam estar abandonadas. A beleza, brilho, cor e cheiro de um bom café feito à moda angolana, que era habitual no recinto, faz parte do passado.

Os vândalos tomaram conta do local, a preocupação passa por cobrar tostões a quem estacciona uma viatura e saber se vai ou não embarcar para o Mussulo.

"Kota, temos barcos à sua disposição. A viagem só custa mil kwanzas”, diz o lotador, que mostra a embarcação que aguarda pelos últimos passageiros para seguir para o Mussulo.

O movimento está fraco, explica Victor Rafael, mais conhecido por Cabinda. "Já não temos passageiros a entrar, a maioria está de regresso”.

António Clemente, que saía da Ilha do Mussulo, explicou que é um dos melhores lugares turísticos da capital do país. No seu entender, consta entre lugares indicados para quem precisa recompor as energias, antes de retomar as actividades laborais.

Se por um lado alguns regressavam, outros ainda aproveitavam as poucas horas do último dia do feriado prolongado para se deslocarem à Ilha do Mussulo, como Nelson Armando, que decidiu levar a família para conhecer aquele lugar paradisíaco.

"Desta vez, preferimos comer mufete e passar algumas horas na Ilha do Mussulo, para que alguns membros da família conheçam o local”, explicou.

Victor Rafael, mais conhecido por Cabinda, é o gestor da frota. Segundo explicou, por dia chegam a transportar cerca de mil pessoas. Nos finais de semana prolongados chegam a cruzar a Ilha do Mussulo cerca de duas mil pessoas. Para atender a demanda, conta com uma frota de 170 embarcações, com capacidade para transportar até dez passageiros sentados.

"A nossa pequena Associação de Pescadores e Marinheiros conta com aproximadamente 200 associados, devidamente preparados para intervir em caso de qualquer incidente”, garantiu. 

De segunda a quinta-feira a viagem custa 700 kwanzas. Durante os finais de semana os custos podem ir até mil kwanzas ou mais.

Trânsito automóvel

Quanto ao trânsito automóvel, circulava-se sem qualquer problema em quase toda a cidade, ao ponto de os automobilistas darem-se ao luxo de escolher onde estaccionar, o que não é habitual nos dias normais de trabalho.

Em vários pontos da cidade foi possível constatar a fraca presença de passageiros nas paragens.

O taxista Lourenço António disse à equipa de reportagem que o movimento era feito com normalidade, sem a agitação que se verifica nos dias normais, com a presença massiva dos funcionários, alunos, zungueiras, engraxadores e outros que tornam a cidade mais agitada.

Lourenço António referiu que, apesar da redução do número de passageiros, o trabalho decorria com normalidade.

A presença de efectivos da Polícia Nacional foi notória um pouco por todas as partes, onde circulou a equipa do Jornal de Angola.

Embarcações de luxo

A equipa do Jornal de Angola deparou-se com uma embarcação de luxo de uma família que recorre à Ilha do Mussulo para renovar os laços de fraternidade e aproximar os membros.

Vitória da Costa, uma das integrantes da família, explicou que aproveitam os finais de semana, sobretudo os prolongados, para renovar os laços.

Sobre o olhar da matriarca da família, a caminho dos 90 anos, a embarcação transportava filhos, netos, sobrinhos, noras e genros de uma família à moda antiga.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Sociedade