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Lula da Silva aceita convite para estar na cimeira dos BRIC’s

O Chefe de Estado brasileiro, Lula da Silva, aceitou quinta-feira o convite feito pelo ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, para participar na Cimeira dos BRICS, em Outubro, na Rússia, indicou ontem um comunicado oficial de Brasília, citado pela Lusa.

24/02/2024  Última atualização 06H20
Presidente da República Federativa do Brasil, Luíz Inácio Lula da Silva, vai estar presente na reunião do bloco económico © Fotografia por: DR
Segundo o comunicado da Presidência brasileira, o convite foi formulado por Lavrov num encontro no Palácio da Alvorada, na residência oficial do Chefe de Estado em Brasília, à margem da reunião do G20 (grupo dos 20 países mais industrializados do mundo), que decorreu no Rio de Janeiro.
No comunicado é indicado que Lavrov reforçou o convite já feito pelo homólogo russo, Vladimir Putin, para a Cimeira dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, numa primeira fase, e Etiópia, Egito, Irão e Emirados Árabes Unidos, numa segunda), obtendo como resposta a confirmação da presença de Lula da Silva. Segundo o comunicado, escrito em tom diplomático, a Rússia manifestou também o apoio ao pedido do Brasil para ocupar um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas, o que o Presidente brasileiro agradeceu.

Por seu lado, prossegue a nota, Lula da Silva reafirmou a importância de uma nova governança global para lidar com temas como a inteligência artificial e as mudanças climáticas, "que não podem ser enfrentadas isoladamente".  O Presidente brasileiro sublinhou a importância das iniciativas que o Brasil tomou, junto com outros países detentores de florestas tropicais, para combater o desmatamento e de procurar "formas mais justas de remuneração pela preservação desses biomas".

Ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Lula da Silva defendeu ainda a necessidade de "aprimorar os mecanismos de financiamento aos países em desenvolvimento". No âmbito bilateral, Lula da Silva destacou os números do comércio que atingiu um recorde histórico em 2023 e a necessidade de diversificar a pauta comercial, sem adiantar pormenores.

Sobre a Ucrânia, a que o comunicado dedica apenas uma linha, Lavrov expôs as posições da Rússia em relação ao conflito na Ucrânia.  "O Presidente Lula reiterou a posição de que o Brasil continua disposto a colaborar com os esforços em favor da paz", lê-se na nota, sem mais pormenores. Na reunião, a pedido do chefe da diplomacia russa, ainda segundo o comunicado, Lula da Silva e Lavrov analisaram temas da agenda bilateral, os debates ocorridos no G20 e questões globais.

Jair Bolsonaro fica em silêncio no interrogatório

O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro ficou em silêncio esta quinta-feira na Polícia Federal, em Brasília, num  interrogatório no âmbito do inquérito que investiga uma alegada tentativa de golpe de Estado planeada após a sua derrota nas eleições presidenciais de 2022. "Esse silêncio não é simplesmente o uso do exercício constitucional silêncio, mas uma estratégia baseada no facto de que a defesa não teve acesso a todos os elementos que estão a ser imputados ao ex-Presidente na prática de certos delitos”, disse Paulo Bueno, advogado de Bolsonaro, aos jornalistas.

"A falta de acesso a esses documentos, especialmente as declarações do tenente-coronel Mauro Cid, e as ‘mídias’ electrónicas obtidas dos telemóveis de terceiros e computadores apreendidos na investigação impedem que a defesa tenha o mínimo conhecimento de, por quais elementos, o ex-Presidente é agora convocado para esse depoimento”, acrescentou. O advogado também alegou que não houve constrangimento com a convocação de Bolsonaro, já que o apuramento dos factos é do seu interesse, e reiterou que o ex-Presidente só não respondeu às perguntas da Polícia por considerar que é parte de uma investigação "semissecreta”.

Bolsonaro e 22 ex-colaboradores do seu Governo foram convocados para prestar esta quinta-feira depoimento pela Polícia Federal, para testemunhar sobre supostos planos golpistas antes da posse do actual Presidente, Luiz Inácio Lula da Silva. O principal documento é a minuta de um alegado decreto que seria editado antes de 1 de Janeiro de 2023, para impor um "estado de sítio”, e que preveria a "intervenção” do Supremo Tribunal Federal e da Justiça Eleitoral para manter Bolsonaro no poder.

Essa suspeita levou a uma grande operação policial no passado dia 8 de Fevereiro quando as casas de cerca de 20 pessoas consideradas suspeitas pelos investigadores foram revistadas e quatro aliados próximos de Bolsonaro foram presos. Segundo uma nota da Polícia Federal, a operação ocorreu para investigar uma "organização criminosa que actuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito, para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então Presidente da República, Jair Bolsonaro, no poder”.

A mesma nota destacou que as investigações apontavam "que o grupo investigado se dividiu em núcleos de actuação para disseminar a ocorrência de fraude nas eleições presidenciais de 2022, antes mesmo da realização do pleito, de modo a viabilizar e legitimar uma intervenção militar, em dinâmica de milícia digital”.

Bolsonaro foi alvo de um mandado de busca e apreensão na operação, sendo obrigado a entregar o passaporte. Além do decreto e de actos preparatórios do alegado plano golpista realizado antes da posse de Lula da Silva, a autoridade policial brasileira investiga a relação de Bolsonaro com a invasão violenta das sedes dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de Janeiro de 2023, que suscitou uma forte condenação da comunidade internacional.

Investigações em curso sobre os actos de vandalismo e destruição realizados nos edifícios do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil por milhares de apoiantes do ex-Presidente brasileiro indicam que o ataque tinha o objectivo de semear o caos e tentar retirar do poder Lula da Silva, que havia tomado posse há apenas oito dias. Nos últimos meses, a polícia brasileira, o Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal avançaram em investigações e punição aos executores desses actos.

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