Cultura

Mbanza Kongo: Coordenador nega existência de Soberanos do Reino do Kongo

Fernando Neto | Mbanza Kongo

Jornalista

O coordenador do Tribunal Costumeiro, em Mbanza Kongo, Afonso Mendes desconhece a existência de cidadãos que se fazem passar por Soberanos do antigo Reino do Kongo, no país e no estrangeiro, na medida em que o reinado deixou de existir desde 1961.

17/04/2024  Última atualização 09H20
© Fotografia por: Afonso Mendes, autoridade do Lumbu Lua Ntótela

Afonso Mendes fez estas declarações durante a visita do governador do Zaire, Adriano Mendes de Carvalho, segunda-feira, ao Lumbu Lua Ntótela, local destinado a albergar julgamentos tradicionais, situado no pátio do Museu dos Reis do Congo, que tem desempenhado um papel fundamental na resolução de conflitos nas comunidades locais.

O governador foi pedir explicações sobre as várias figuras que se apresentaram nas embaixadas de Itália, Estados Unidos e do Dubai, intitulando-se como Reis do antigo Reino do Kongo.

Segundo Afonso Mendes, desconhecem essas figuras que assumem ser da linhagem dos Reis do antigo Reino do Kongo. "São falsos e querem ter alguma visibilidade. Nós somos os representantes do antigo reinado e estamos aqui a trabalhar e a preservar a cultura do Kongo dya Ntótela”, assegurou.

Pela gravidade de tais actos, o governador do Zaire, Adriano Mendes de Carvalho mostrou-se indignado com o facto dos supostos cidadãos estarem a descredibilizar a Corte Real e os verdadeiros representantes do antigo Reino.

"Estes indivíduos dizem-se os supostos Reis e que a Corte de Mbanza Kongo não existe. Por isso, precisamos mostrar ao mundo que estes indivíduos não são as pessoas certas”, afirmou.

A chefe de Departamento do Turismo, do Gabinete Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos do Zaire, Abia Graça Fortunato explicou que, a maior parte dos referidos indivíduos aparecem em Mbanza Kongo como turistas e aproveitam-se das fotografias que tiram com o coordenador do Lumbu e a directora da Cultura, para realizar as suas acções.

Muitas vezes, observou, recebem visitas de turistas nacionais e estrangeiros ao Museu do Reis do Congo, local onde trabalham os representantes da Corte Real do antigo Reino do Kongo, mas infelizmente, algumas pessoas utilizam as fotografias para se exibir como Reis. "Já tivemos mais de três indivíduos com este comportamento, incluindo um subinspector da Polícia Nacional do município do Tomboco e outros oriundos da República Democrática do Congo e de Luanda”, explicou.

A responsável esclareceu que, um "Rei deve governar ao lado do seu povo, no Kongo dya Ntótela e nunca na rua ou no estrangeiro.”

Actualmente, reforçou, existe apenas a Corte Real para salvaguardar os usos e costumes do antigo reino no Lumbu, em que recebem as pessoas com conflitos de terra, feitiçaria e outras situações de fórum tradicional.

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