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Missionários, padres e religiosas fogem das aldeias de Cabo Delgado

Missionários, padres e religiosas estão a fugir de aldeias remotas de Cabo Delgado para Pemba, capital daquela província do Norte de Moçambique, devido aos ataques de grupos terroristas associados ao Estado Islâmico, denunciou, ontem, a organização cristã ACN, citada pela Lusa.

17/02/2024  Última atualização 15H05
Forças Armadas de Moçambique reforçam a vigilância e prontidão combativa em Cabo Delgado © Fotografia por: DR

Referindo-se aos relatos no terreno, a organização internacional Ajuda à Igreja que Sofre (ACN, na sigla em inglês) referiu que "vários novos e simultâneos ataques de insurgentes armados" estão a abalar a província de Cabo Delgado.

"As actividades dos grupos insurgentes islâmicos intensificaram-se na região, criando uma situação extremamente complicada e uma atmosfera de medo e insegurança", relatou a organização de caridade, acrescentando que a fuga de missionários, padres e religiosas está a "sobrecarregar as estruturas" de apoio aos refugiados. "A insurgência no Norte de Moçambique começou em 2017, mas registou um aumento nos ataques desde o início de 2024. Só nos últimos dias, registaram-se vários novos ataques a cidades e aldeias, e pessoas foram mortas ou raptadas", apontou.

A instituição relatou, igualmente, que a 9 de Fevereiro estes grupos de insurgentes, que afirmam lealdade ao Estado Islâmico, atacaram três comunidades na zona de Mazeze, 100 quilómetros a Sul de Pemba. "As igrejas foram queimadas, assim como as casas da população", afirmou um missionário local, citado na publicação da ACN, dando conta de que os ataques, juntamente com "rumores de novos movimentos terroristas em localidades vizinhas", levaram ao "deslocamento de centenas de pessoas".

"Em muitos casos percorreram longas distâncias pelo mato para encontrar refúgio em Pemba ou na cidade vizinha mais próxima, Chiúre, causando sobrelotação", detalhou ainda. Uma missionária, não identificada por razões de segurança, também citada no documento, referiu que os terroristas destruíram casas e igrejas em várias aldeias e estão agora "espalhados pelos distritos Sul e centro" de Cabo Delgado, embora "o objectivo final dos movimentos ou ataques não seja claro" ainda. A situação, explicou, "é muito, muito complicada".

Mesquitas também foram atingidas

"Eles não limitaram os seus ataques a aldeias com igrejas cristãs. Como sempre, atacam absolutamente tudo, incluindo igrejas, mas também mesquitas, mas visam especialmente a população e as suas casas", relatou um sacerdote. No relatório descreve-se que "além do aumento do número de ataques", estes grupos de insurgentes "também parecem estar a tornar-se mais ousados nos seus métodos" e num recente ataque contra a povoação Mucojo, ainda em Janeiro, "em vez de destruírem casas e fugirem para o mato", acabaram por permanecer "durante pelo menos dois dias, apesar da presença próxima das forças armadas de Moçambique e de outros países aliados".

A ACN, Fundação Pontifícia criada em 1947, descreve-se como uma organização solidária que promove "um mundo em que o cristianismo possa prosperar em todos os lugares", sendo "leal ao Santo Padre".

 

 

 

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