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Mulheres grávidas e crianças em risco de morrer de fome

Quase 230 mil crianças, mulheres grávidas e mães recentes podem morrer de fome, nos próximos meses, no Sudão, se não existir ajuda urgente, alertou, ontem, a Organização Não-Governamental (ONG), Save the Children. Em comunicado citado pela Reuters, a ONG afirma que esta calamidade só poderá ser evitada se forem libertados "fundos urgentes e que salvem vidas para responder à crise maciça e agravada no Sudão”.

16/03/2024  Última atualização 12H15
Situação humanitária agrava-se a cada dia que passa no Sudão em consequência da guerra © Fotografia por: DR

"Estamos a assistir a uma fome maciça, ao sofrimento e à morte. E, no entanto, o mundo desvia o olhar. A comunidade internacional tem de se unir para actuar e evitar que se percam mais vidas. A história recordará esta inacção” refere Arif Noor, Director Nacional da Save the Children, no Sudão. Mais de 2,9 milhões de crianças no Sudão sofrem de desnutrição aguda e mais de 729 mil, com menos de 5 anos, sofrem de desnutrição aguda grave - de acordo com os novos números divulgados pelo Grupo de Nutrição no Sudão, numa parceria de organizações como a ONU, o Ministério Federal da Saúde e ONG, incluindo a Save the Children.

Destas crianças, mais de 109 mil são susceptíveis de ter complicações médicas como desidratação, hipotermia e hipoglicemia.

De acordo com o cluster, cerca de 222 mil crianças gravemente subnutridas e mais de 7 mil novas mães poderão morrer nos próximos meses se as suas necessidades nutricionais e de saúde não forem satisfeitas. Segundo Arif Noor,"a situação nutricional no Sudão é uma das piores do mundo. Não ter plantado no ano passado significa não ter comida hoje. Não plantar hoje significa não ter comida amanhã. O ciclo da fome está a piorar cada vez mais, sem fim à vista - apenas mais miséria”.

De notar que, de acordo com a Save the Children, o nível de financiamento actual é inferior ao do ano passado. "Os actuais níveis de financiamento do programa de alimentação de emergência no Sudão, neste momento, cobre apenas 5,5% das necessidades totais do país. Em contrapartida, no ano passado, o programa de alimentação de emergência foi financiado em 23% - ainda uma fracção do financiamento necessário, mas substancialmente mais do que agora”, lê-se no comunicado. Um outro factor crítico é o agravar dos combates no Sudão. "Em Dezembro, o estado de Al-Jazirah, outrora o celeiro do país, foi palco de intensos combates que conduziram a uma nova vaga de deslocações, com mais de meio milhão de pessoas a fugir das suas casas em busca de segurança. Esta situação conduziu a uma perturbação sem precedentes dos sistemas alimentares", refere o director da Save the Children no país.

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