Sociedade

Mulheres reforçam os serviços de táxi

Carla Bumba

Jornalista

A rota Mutamba/Largo das Escolas, da empresa de Transportes Públicos Rosalina Express, é assegurada apenas por mulheres, que conduzem táxis do tipo hiace.

24/03/2024  Última atualização 11H05
Taxistas contaram ao JA parte das peripécias do dia-a-dia © Fotografia por: DR
Entre as motoristas que asseguram a referida rota está Fátima André, de 30 anos, que foi encorajada pela mãe, que usava os serviços daquela empresa, para se candidatar.

"Como conduzir foi sempre a minha paixão, fui me candidatar e graças a Deus, passei no teste, e, até hoje, faço a rota que a minha mãe utilizava sempre que se deslocava para a baixa da cidade”, disse.

Fátima André conta que trabalhar como motorista de táxi constitui um grande desafio, porque todos os dias se deparam com homens "machistas”, que minimizam a capacidade das mulheres.

Joelma Paiva, que está na empresa há um ano e três meses, disse que conseguiu o emprego num ápice. "Aprendi a amar o serviço, não foi algo escolhido nem planejado, mas, como Deus colocou no meu caminho, recebi de braços abertos”, sublinhou.

A motorista lembra o dia em que, ao sair da Universidade, deparou-se com o anúncio de vagas para motoristas. "Inscrevi-me e depois de dois testes, fui aprovada”.

Entre as dificuldades que encontra na sua actividade, disse serem as mesmas que enfrentam os motoristas dos azul e branco, pois, acrescentou, "uns aplaudem, outros ofendem, achando que não podíamos exercer esse serviço”.

"Já fui, várias vezes, conquistada por passageiros. Aliás, tem sido o prato do dia. Muitos pensam que não temos lares constituídos”, disse Joelma Paiva.

Há oito meses na empresa, Sandra António, outra motorista, disse que, com o emprego, consegue ajudar no sustento de casa.

O serviço de táxi, afirmou, requer muita força de vontade e paciência com o público.

Conta que conseguiu o emprego num momento de apertos. "Fiz parte das primeiras motoristas da rota, éramos apenas seis meninas e, hoje, já somos mais de dez mulheres motoristas em efectivo serviço”, disse.

Maria Panzo, de 42 anos, sempre trabalhou como taxista, com o seu próprio carro, com o qual fazia viagens interprovinciais no troço Luanda/Uíge e  Luanda/Cuanza-Norte.

"Pelo caminho, os outros motoristas me intimidavam, dizendo que não chegaria ao destino, porque sou fraca no volante. Riam-se de mim, mas, com fé e determinação, chegava ao meu destino”, assegurou.

Com o trabalho que fazia, ressaltou, conseguia sustentar a família e atender outras necessidades, mas, devido a uma avaria na viatura, decidiu, há três meses, trabalhar na Rosalina Express. 

A motorista adiantou que, como já fazia viagens de longo curso, conduzir nas ruas da cidade de Luanda tem sido fácil, apesar de reconhecer ser um trabalho "bastante cansativo, quer para homens como para mulheres”.

"Quando deixo o carro na base, subo num táxi e vou o caminho todo a dormir. Não é fácil ser taxista, mas não tenho escolha, preciso de ter o pão à mesa dos meus filhos, por isso cumpro, com amor, a minha tarefa”, explicou.

Para Maria Panzo, as mulheres podem fazer todo o tipo de trabalho, tal como os homens, porque têm as mesmas capacidades. "Muitas vezes fazemos até melhor que o homem, devido à nossa responsabilidade natural”, destacou.

O administrador da empresa Rosalina Express, Edgar Oséias, disse ao Jornal de Angola que a patrona da instituição prima muito pela emancipação da mulher.

"Com essa emancipação que a patrona pede, criamos o serviço Voltas Mutamba/Largo das Escolas só com motoristas mulheres”, disse.

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