Os temas do disco retratam questões sociais, como o amor ao próximo, o respeito às diferenças, o patriotismo entre os povos e a valorização dos aspectos culturais e tradicionais do povo Nganguela, um grupo étnico que vive no leste e a sudeste do planalto central de Angola.

Em declarações, ontem, ao Jornal de Angola, o músico explicou que já tem as músicas gravadas, entretanto, por falta de patrocínios, tem sido difícil a conclusão do trabalho, por isso pede ajuda da classe empresarial a fim de  patrocinar a obra discográfica.

 "Música de qualidade requer um bom investimento. É da qualidade que surge a aceitação das pessoas, mas a falta de apoio financeiro tem sido a grande dificuldade dos artistas locais”, disse.

Mesmo assim, o artista garantiu que o  primeiro álbum vai estar disponível no final deste ano.

O músico afirmou, também, que vai  trabalhar incansavelmente até alcançar notoriedade a nível nacional e internacional.

Abias Cavuvi afirmou trazer, no álbum, um estilo melódico que retrata o quotidiano da sociedade, de maneiras a aconselhar as crianças, jovens e adultos. No disco, o artista vai apresentar músicas cantadas, maioritariamente, em Nganguela, sua língua materna. 

Os ritmos tradicionais locais, contou, são investigados e pesquisados a partir dos anciãos da região antes de serem interpretados ou gravados.

Abias Cavuvi disse que poderá contar com a participação de Gabriel Tchiema, Constantino, Livongue, instrumentistas da Banda Maravilha e da Orquestra Sinfónica Kapossoca.

Perspectivas e desafios

Abias Cavuvi assegurou ainda que, antes do lançamento do álbum, disponibilizou a uma nova música, intitulada "Vissaki vye Kuliana”, na língua Nganguela, que traduzido em português significa "A Mentira Mata”.

O cantor explicou que a ideia da mesma surge em função da mentira e falsidade que se tem verificado em várias dimensões sociais e que, de certa forma, tem destruído as relações interpessoais entre familiares, amigos, colegas e casais.

O músico esclareceu que o seu maior sonho é formar uma indústria musical no Cuando Cubango, primeiro com a abertura de uma produtora musical.

"Apesar das dificuldades e falta de apoios financeiros, o meu maior sonho é também criar uma escola de música a nível da circunscrição, principalmente trabalhar com crianças e jovens que mostrarem interesse em fazer música e ajudá-las a desenvolver as técnicas musicais”.

Início e trajectória da sua carreira

O músico, de 34 anos, começou a cantar desde a infância, na cidade de Menongue.  A nível profissional, já canta há mais de 20 anos. A primeira música foi lançada em 2001 e, até ao momento, conta com mais de dez faixas musicais disponibilizadas.

Abias Cavuvi fez parte da Banda Progresso, Banda Cuebe e Produções Jafar, na província do Cuando Cubango, que o impulsionaram a compor músicas e a dar os primeiros passos na carreira profissional.

Abias Cavuvi já participou em vários eventos e concursos musicais, com maior destaque para o concurso musical "Unitel Estrelas ao Palco”, em 2018 e 2020, onde chegou à semifinal nas duas edições.

Ao passo que nos anos 2014 e 2018, participou no concurso "Variante, tendo conseguido o segundo lugar nas duas fases nacionais.

O artista participou na primeira edição de trova do "Cantar de Agostinho Neto” em 2022, onde conseguiu o segundo lugar da competição.

Abias Cavuvi disse que o dinheiro dos prémios arrecadados nos referidos concursos, foram investidos para a criação da sua própria banda musical, denominada "Banda Cavuvi”.

Para a banda, além de apostar na carreira, o foco é também ajudar outros jovens fazedores de música a nível da província.