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Nyusi teme que o terrorismo possa dividir Moçambique

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, alertou que o terrorismo pode dividir o país, defendendo a união de todos para combater os grupos rebeldes na província de Cabo Delgado, no Norte de Moçambique.

18/03/2024  Última atualização 10H10
Filipe Jacinto Nyusi, Presidente de Moçambique, alertou que o terrorismo pode dividir o país © Fotografia por: DR

"O terrorismo pode dividir-nos. Se brincarmos, nós podemos ficar sem pátria”, declarou o Chefe de Estado moçambicano, sábado, citado pela Lusa durante uma cerimónia de graduação na Academia de Ciências Policiais (Acipol), nos arredores da capital moçambicana, Maputo.

Segundo Filipe Nyusi, a resolução do problema no Norte passa pela união dos moçambicanos e as forças estrangeiras que apoiam Moçambique no combate aos grupos armados em Cabo Delgado devem ser acarinhadas.  "Nós temos de estar unidos. O terrorismo é uma das únicas coisas contra as quais o mundo todo se junta para combater. A região juntou-se para combater o terrorismo. Então como é que o próprio país, que vive o próprio terrorismo, não se junta para o combater?”, questionou Filipe Nyusi.

"Nós não temos força moral para falar mal de quem nos vem ajudar”, acrescentou o Presidente moçambicano, rejeitando o argumento de que a pobreza é o factor da guerra em Cabo Delgado e também a sugestão de uma linha de diálogo com os terroristas, defendida sobretudo pelos dois partidos de oposição no Parlamento em Moçambique.

"Não há pobreza em Chicualacuala (província de Gaza, no Sul do país)?”, questionou Nyusi, alertando que "hoje (a guerra) está ali (Cabo Delgado) amanhã pode estar aqui (Maputo)”.

"Eu quero homenagear todos os jovens que estão a manter este país intacto. Eu falo com alguns deles e, passado dois dias, o jovem já não existe. (...) Não pode haver pessoas que, sem responsabilidade, usam as pessoas que se sacrificam no terreno para fazer política”, acrescentou Filipe Nyusi, manifestando a intenção do Executivo moçambicano em "continuar a investir nestes jovens”.

 A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. Depois de uma ligeira acalmia em 2023, estes ataques multiplicaram-se nas últimas semanas, criando cerca de 100 mil deslocados só em Fevereiro, além de um rasto de destruição, morte e famílias desencontradas.

Esta insurgência levou a uma resposta militar desde Julho de 2021, com o apoio do Rwanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral, libertando distritos junto aos projectos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a Sul da região. Desde 2017, o conflito já fez mais de milhão de deslocados, de acordo com as agências das Nações Unidas, e cerca de quatro mil mortes, indicou o Projecto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos.

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