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O que é a cólera? *

A cólera é uma doença bacteriana infecciosa intestinal aguda, transmitida por contaminação fecal-oral directa ou pela ingestão de água ou alimentos contaminados. Frequentemente, a infecção é assintomática ou causa diarreia leve.

20/02/2024  Última atualização 11H14
A lavagem das mãos é uma das medidas de prevenção recomendadas pelas autoridades de Saúde para se evitar a cólera © Fotografia por: DR

Qual é a vacina da cólera?

A vacina contra a cólera (DUKORAL) é uma vacina inactivada, para administração oral, em indivíduos com idade igual ou superior a 2 anos e está indicada para viajantes para zonas endémicas/epidémicas da doença

 
Qual é a causa  da cólera?

A cólera é causada por uma bactéria chamada  Vibrio cholerae. Essa bactéria, conhecida popularmente como Vibrião colérico,  libera uma toxina chamada CTX, que se liga às paredes intestinais, onde ela interfere directamente no fluxo normal de sódio e cloreto do organismo.

Essa alteração faz com que o corpo secreta grandes quantidades de água, levando à diarreia e a uma rápida perda de fluidos e de sais importantes, os chamados electrólitos.

A transmissão da cólera é fecal-oral e se dá basicamente por meio de água e alimentos contaminados pelas fezes ou pela manipulação de alimentos por pessoas infectadas. A infecção pela bactéria costuma acontecer após uma pessoa consumir água, frutos do mar, frutas e legumes crus e alguns grãos contaminados, como arroz e milho, por exemplo.

 
Quais os sintomas da cólera?

A maioria das pessoas expostas à bactéria causadora da cólera não manifesta sintomas   e,  às vezes,  nem sabe que está infectada. Esses casos são chamados de assintomáticos. No entanto, mesmo quem não manifesta os sintomas da doença pode infectar outras pessoas. Isso acontece porque a pessoa infectada continua excretando bactérias nas suas fezes durante uma a duas semanas.

Os casos sintomáticos da doença, ou seja, quando há manifestação de sintomas, principalmente a diarreia, são facilmente confundidos com outros problemas de saúde.

Apenas  uma em cada dez pessoas  infectadas pela bactéria causadora da cólera desenvolve os sinais e sintomas típicos da doença, normalmente poucos dias após a infecção.

Os sintomas da cólera podem incluir em  diarreia náuseas e vómitos, principalmente durante a fase inicial da infecção

A desidratação em decorrência da perda de líquidos pode levar a outros sintomas, entre os quais irritabilidade, letargia, olhos encovados, boca seca, sede excessiva, pele seca e enrugada, pouca ou nenhuma produção de urina, pressão arterial baixa, arritmia cardíaca e  desequilíbrio electrolítico.

A desidratação pode levar a uma rápida perda de minerais  do sangue  (electrólitos) , um problema que é conhecido como desequilíbrio electrolítico. Este pode levar ao surgimentos de novos sinais e sintomas, como cãibras musculares , conhecidas  como choque, que ocorre quando o volume de sangue baixa e provoca queda na pressão arterial e na quantidade de oxigénio no sangue – o que, se não tratado, pode levar uma pessoa a óbito em questão de minutos.

 
Diagnóstico da doença

Embora os sinais e sintomas de cólera sejam inconfundíveis em áreas endémicas, a única maneira de confirmar o diagnóstico da doença é identificar a bactéria em uma amostra de fezes.

Testes rápidos de cólera já estão disponíveis, permitindo que os profissionais de saúde em áreas remotas possam fazer o diagnóstico precoce de cólera e dar início o quanto antes ao tratamento. A confirmação mais rápida da doença ajuda a diminuir as taxas de mortalidade e a controlar os surtos de cólera e uma possível epidemia.

Factores de risco

Todas as pessoas são susceptíveis à cólera. Uma vez tendo contraída a doença, você se torna imune a ela. Por isso, crianças que são filhas de mulheres que já tiveram cólera herdam a imunidade das mães, geralmente por meio da amamentação.

Alguns factores podem tornar uma pessoa mais vulnerável à doença ou mais propensa a manifestar os sinais e sintomas mais graves da cólera. Estes são:

Más condições sanitárias

A cólera pode surgir em ambientes que não disponham de condições sanitárias e higiénicas adequadas, com ausência de saneamento básico e de abastecimento de água potável, por exemplo. Essas condições são comuns em acampamentos e em outros locais de grande aglomeração humana, como campos de refugiados e em áreas pobres e devastadas pela fome, por guerra ou por desastres naturais.

 
Situação em Angola

Neste momento, Angola está no nível dois de alerta máxima de prevenção epidémica, devido ao surgimento de casos de cólera nos países fronteiriços como a Zâmbia e a República Democrática do Congo (RDC).

De acordo com a especialista em Saúde Pública, Helga Freitas, já existe vacina contra a cólera, mas Angola só poderá ter acesso caso seja registado algum caso da doença.

A responsável pela Saúde Pública no país sublinhou que a aquisição da vacina de cólera já está prevista no plano do Ministério da Saúde, sendo apenas administrada a partir dos dois anos de idade, por via oral, com uma eficácia de 85 por cento.

A directora nacional de Saúde Pública, Helga Freitas, disse que a vacina não está incluída no calendário nacional de vacinação, sendo apenas indicada em situações específicas. "Daí ser importante investir em medidas de prevenção, como a higienização adequada das mãos e dos alimentos antes de os consumir”.

A última vez que Angola enfrentou um surto de cólera foi entre 2016 e 2017. A doença afectou as províncias de Cabinda, Luanda e Zaire, com um total de 252 casos e 11 mortes.

 
Acções do Executivo para conter a doença no país

OMS alerta para risco de epidemia na África Oriental e Austral. Angola e Moçambique estão vigilantes. O Presidente João Lourenço diz que é "urgente" uma resposta "coordenada e eficaz" entre os países da SADC.

Neste momento, o Ministério da Saúde, com o apoio da Organização Mundial de Saúde, elaborou um plano nacional de contingência, com medidas de prevenção e resposta. As autoridades sanitárias estão a reforçar a vigilância e outras medidas em zonas de alto risco ao longo da fronteira com a Zâmbia e a República Democrática do Congo - que enfrentam surtos prolongados da doença.

Segundo o Centro Africano de Controlo e Prevenção de Doenças, de Janeiro de 2023 a Janeiro de 2024, foram documentados cerca de 253.000 casos e quase 4.200 mortes em 19 Estados membros da União Africana, com 72,5% das infecções detectadas no sul do continente.

 
*Pesquisa  do Jornal de Angola

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