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ONU chocada com execuções no Mali

O Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos comunicou, ontem, estar “chocado com as alegações credíveis de que as Forças Armadas do Mali executaram pelo menos 25 pessoas na região central de Nara, a 26 de Janeiro". Além destas alegadas execuções sumárias, Volker Tür manifestou-se, também, alarmado com a informação de que cerca de 30 civis foram mortos "em ataques de indivíduos armados ainda não identificados em duas outras aldeias - Ogota e Oimbe - na região de Bandiagara durante o fim-de-semana".

03/02/2024  Última atualização 13H44
Nações Unidas preocupadas com relatos alegadamente factuais de massacre no Mali © Fotografia por: DR
"É essencial que todas as alegações de privação arbitrária da vida, incluindo execuções sumárias, sejam investigadas de forma completa e imparcial e que os responsáveis sejam levados à Justiça em julgamentos que cumpram as normas internacionais", afirmou. As autoridades do Mali devem, igualmente, garantir que as tropas, bem como os seus agentes ou aliados, respeitem o Direito Internacional em matéria de direitos humanos e o Direito Internacional Humanitário, nomeadamente tomando todas as medidas possíveis para assegurar a protecção dos civis, segundo o alto representante.

"A violência contra civis e pessoas fora de combate é estritamente proibida", reiterou. Türk referiu um episódio em que o seu "gabinete corroborou dois outros assassínios" cometidos por membros das Forças Armadas do Mali e por militares estrangeiros aliados, em que pelo menos 31 civis morreram.

"A 24 de Setembro de 2023, 14 pastores foram alegadamente executados em Ndoupa, na região de Ségou, e a 5 de Outubro, 17 outros civis foram alegadamente executados na aldeia de Ersane, na região de Gao. Não temos conhecimento de quaisquer investigações por parte das autoridades sobre estes alegados assassínios", concluiu.

Os golpes de Estado no Mali (24 de Maio de 2021), Níger (26 de Julho de 2023), Burkina Faso (6 de Agosto de 2023) derrubaram Governos eleitos democraticamente e conduziram ao poder juntas militares que acusaram as forças ocidentais, em particular a antiga potência colonial (França), de ingerência. Em Setembro, os três países, que tinham formado a Aliança dos Estados do Sahel (AES), acordaram reforçar a cooperação e negociaram acordos de auxílio militar, em caso de intervenção externa.

Os três países alegam também estar sob ataque de grupos extremistas islâmicos e criticaram os governos anteriores de terem falhado nessa matéria. As tropas francesas foram expulsas e há o registo de elementos do grupo russo Wagner no terreno.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) tem criticado os governos dos três países e vários governantes admitiram a possibilidade de acções militares no terreno para repor a ordem democrática. Devido às críticas e às sanções im- postas, os três países anunciaram a saída da organização sub-regional.

Região do Sahel

 A ameaça terrorista de grupos fundamentalistas islâmicos continua a ser elevada em zonas de conflito em África e o risco aumentou em algumas regiões, incluindo na Europa, alertaram ontem especialistas da ONU.

De acordo com um novo relatório citado pela Reuters, na África Ocidental e no Sahel, "a violência e a ameaça aumentaram novamente" nas zonas de conflito, levantando preocupações entre os países membros da ONU.

Os especialistas apontaram para "um défice nas capacidades de contraterrorismo", que o Estado Islâmico e os grupos afiliados à Al-Qaeda continuam a explorar.

"A situação está a tornar-se cada vez mais complexa com a fusão de disputas étnicas e regionais com a agenda e as operações destes grupos", afirmaram.

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