Em declarações ao Jornal de Angola, o director do Gabinete de Estudo e Análise Estatística (GEAE) do MIREX, o embaixador Matias Pires, disse que a iniciativa é um reconhecimento do Estado angolano em relação à contribuição de Cabral na conquista da Independência Nacional, assim como honrar a sua memória como um dos combatentes da liberdade contra a dominação colonial, cuja acção teve impacto também em Angola.

Matias Pires fez saber que o colóquio vai contar com um único painel com quatro oradores, nomeadamente os académicos Óscar Monteiro, de Moçambique, Julião Soares de Sousa, da Guiné-Bissau, do antigo Presidente de Cabo Verde e actual presidente da Fundação Amílcar Cabral, o comandante Pedro Pires (por vídeo conferência), e o historiador angolano Cornélio Caley.

Está, igualmente, previsto intervenções da viúva e de uma filha de Cabral.

Depois das prelecções, prosseguiu Matias Pires, vai seguir-se o momento do debate, que se espera participativo. "Contamos ter um público diversificado entre antigos combatentes, políticos de todos os partidos, comunidade académica, entre professores, investigadores e estudantes, assim como o corpo diplomático acreditado em Angola”, frisou Matias Pires, acrescentando que vão estar, igual- mente, presentes no colóquio membros das comunidades de Cabo Verde e da Guiné-Bissau.

Os temas seleccionados vão abordar, para além da vida e obra de Cabral, memórias da luta anti-colonial desenvolvida pelas antigas colónias portuguesas em África.

De acordo com o programa do colóquio, a que o Jornal de Angola teve acesso, o evento destina-se, também, a contribuir para uma melhor divulgação e conhecimento da trajectória de luta dos povos das antigas colónias portuguesas, em geral, e a acção de Amílcar Cabral, em particular, reforçar e imortalizar o patriotismo histórico-político que é Amílcar Cabral no seio da juventude, bem como estimular a classe académica a aprofundar estudos sobre a luta de libertação levada a cabo nas antigas colónias portuguesas.

O colóquio internacional visa, ainda, contribuir para o fortalecimento dos laços de irmandade e amizade entre os povos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), enaltecer o papel de liderança de Angola no universo dos PALOP, retribuir o gesto manifestado pelo povo e pelas autoridades cabo-verdianas, por ocasião da celebração do centenário do Presidente António Agostinho Neto, assim como colher depoimentos que venham a enriquecer a História de Angola, por via do cruzamento de várias etapas da vida e obra de Amílcar Cabral com actores nacionais.

Combatente da liberdade

O centenário de Amílcar Cabral, considerado insigne combatente da liberdade dos povos africanos de expressão portuguesa e pai das independências de Cabo Verde e da Guiné-Bissau, fundador do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), vanguarda dos povos dos referidos Estados e co-fundador da Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas (CONCP), assinalar-se-á no dia 12 de Setembro de 2024.

No quadro do seu centenário, vários eventos estão agendados para marcar o acontecimento que celebra o nascimento daquele que é considerado um dos mais notáveis intelectuais e pan-africanistas dos PALOP, cujo percurso se liga, também, a Angola, quer enquanto engenheiro agrónomo, quer enquanto companheiro de luta de vários nacionalistas angolanos, com destaque para o Presidente António Agostinho Neto, seu colega (com Marcelino dos Santos, de Moçambique) na audiência papal, no Vaticano, em Julho de 1970.

Sensibilizada por esse passado comum de lutas e conquistas, forjados nas horas difíceis, Cabo Verde celebrou o centenário do Presidente Agostinho Neto, com vários actos, com destaque para a atribuição do seu nome a uma avenida do centro da Cidade da Praia e a realização de uma Conferência na Universidade de Cabo Verde, que foi presidida pelo Presidente José Maria Pereira Neves.

Neste sentido, avança o MIREX, considerando o facto de Angola ser o Estado-director dos PALOP e factor de equilíbrio com os membros da CPLP e a bem dos laços de amizade e fraternidade que unem os povos, foi proposto a realização do Colóquio Internacional sobre a Vida e Obra de Amílcar Cabral.