Sociedade

Palestras fazem reduzir casos de malária em vários hospitais da capital do país

Engrácia Francisco

Jornalista

Médicos apelam ao Executivo no sentido de continuar a investir na aquisição de medicamentos e mosquiteiros impregnados com insecticida de longa duração para serem distribuídos à população

05/03/2024  Última atualização 12H03
No Hospital Geral de Luanda, foram atendidos 9.621 pacientes dos quais 910 com malária © Fotografia por: DR

Um total de 5.441 pacientes vítimas de malária foi atendido, na semana finda, em sete unidades hospitalares da capital, menos 33 casos em relação ao período anterior.

Os dados são dos hospitais Gerais de Luanda e Cajueiro, Josina Machel, municipal de Cacuaco, Cazenga, Zango, especializado do Kilamba Kiaxi e Neves Bendinha, além dos centros de Saúde da Samba e Sambizanga.

No Hospital Geral de Luanda, foram atendidos 9.621 pacientes, dos quais 910 foram diagnosticados com malária. De acordo com o director clínico, Magalhães Sobrinho, os casos de malária no hospital diminuíram nas últimas três semanas, devido à distribuição de mosquiteiros e às campanhas de sensibilização da população sobre as formas de evitar a doença.

Além da malária, disse, o hospital registou 420 casos de doenças respiratórias agudas, 131 de hipertensão, 89 de diarreia e 19 de acidentes vasculares cerebrais. O médico acrescentou que o banco de urgência de ortopedia assistiu a 377 casos de quedas, 160 de acidente de viação, 120 de agressões físicas, 77 de atropelamento, 54 de ferimentos provocados por arma branca e dez ferimentos por arma de fogo.

O Hospital Josina Machel atendeu, no final de semana, a 184 pacientes com malária, entre os 4.552 que procuraram pelos serviços da unidade sanitária, de acordo com a directora clínica.

Verónica Lázaro disse que as patologias mais frequentes no banco de urgência de medicina foram a malária, seguida de hipertensão arterial, doenças respiratórias agudas, tuberculose pulmonar, acidentes vasculares cerebrais e diabetes.

No banco de urgência de cirurgia, referiu, os casos mais frequentes foram os de politraumatismo, abdómem agudo, traumas crânio encefálicos graves e moderados, bem como abcessos e alvéolos dentários.

 
Cacuaco

A equipa médica do Hospital Municipal de Cacuaco registou, na semana passada, 570 casos de malária, entre 4.039 pacientes com várias patologias, informou a directora-geral.

Anizeth Cutatela deu a conhecer que, além da malária, foram registados 54 casos de diarreia, 40 de hipertensão, 39 de gripe e 16 de doenças respiratórias agudas. O hospital socorreu, igualmente, 102 pacientes vítimas de acidentes de viação.

 
Cazenga

O Hospital Municipal do Cazenga atendeu, na semana finda, a 1.772 pacientes, sendo 1.111 nas consultas externas e 661 nos bancos de urgência, disse a directora-geral da instituição.

Nilsa Sousa avançou que os médicos atenderam, nas urgências, a 300 crianças, das quais 212 foram diagnosticadas com malária. Na área dos adultos, foram, igualmente, diagnosticados 322 casos da doença. "Assistimos, também, 127 casos de traumatismo”.

A equipa médica do Hospital Geral dos Cajueiros atendeu a 3.780 pacientes, dos quais 1.172 recorreram ao estabelecimento por causa da malária, 546 com síndrome gripal, 425 com hipertensão e 148 com diarreia, segundo o director clínico, Tomás Fernando. 

 
Kilamba Kiaxi

Um total de 135 mulheres foi atendido, na semana passada, no banco de urgência do serviço de maternidade do Hospital Geral Especializado do Kilamba Kiaxi, das quais 26 foram diagnosticadas com malária, disse a directora clínica.

De acordo com Rosa André, a área de pediatria assistiu a 1.338 crianças, tendo como principais patologias as doenças respiratórias agudas (210 casos), diarreia (132) e malária (127).


 
Auto-medicação quase causa  a morte de uma cidadã

Maria António, de 48 anos, deu entrada no banco de Urgência do Hospital Geral de Luanda, no último sábado, com fortes dores de cabeça e fraqueza.

A cidadã disse que há sensivelmente duas semanas que tem sentido fortes dores de cabeça e fraqueza, mas hesitava em procurar ajuda médica por falta de dinheiro para aquisição dos medicamentos.

"Comecei a tomar banho com algumas folhas e também fervia para beber”, contou, acrescentando que no princípio as dores pareciam desaparecer, mas, em pouco tempo, regressavam com mais intensidade. "Não aguentei e tive de vir às pressas ao hospital”, contou.

O médico Magalhães Sobrinho explicou que Maria António deu entrada no hospital com um quadro clínico grave, mas, depois de ter sido assistida pela equipa médica, já se encontra em recuperação. "A paciente deu entrada no hospital com febre alta e, depois dos exames, descartou-se a malária. Acreditamos que o mal-estar foi provocado pela fadiga”, disse.

De acordo com o médico, a paciente foi medicada e no mesmo dia recebeu alta médica, tendo sido recomendado repouso e atenção às medidas de prevenção de várias doenças, sobretudo a malária. Além disso, Maria António levou para casa um mosquiteiro impregnado com insecticida.

 
Especialistas

A médica Verónica Lázaro, especialista em medicina interna, explicou que a malária é uma infecção dos glóbulos vermelhos no sangue, causada pela picada do mosquito.

A especialista disse que a dor de cabeça, febre, mal-estar, calafrios, dores musculares, fadiga, falta de apetite, náuseas, vómitos e diarreia são os sintomas mais comuns da doença.

Verónica Lázaro avançou que a malária traz consigo várias complicações, como a anemia, principalmente nas crianças, e a icterícia (coloração amarelada da pele e olhos), sendo, também, a primeira causa de transfusões em hospitais.

A especialista em medicina interna defendeu a necessidade de se intensificar as palestras sobre educação para saúde nas comunidades e a entrega de mosquiteiros à população.

"Devido às chuvas, há muita água parada e lixo nos quintais e nas ruas. É necessário a limpeza das valas de drenagem”, recomendou a médica, acrescentando ser importante o uso de repelentes nas áreas do corpo expostas e manter as portas e janelas fechadas no início da tarde.

De referir que os técnicos da Saúde continuam a aconselhar a população no sentido de não fazerem auto-medicação, para evitarem intoxicação,  e a procurar as unidades sanitárias mais próximas, logo após os primeiros sintomas de doença .


Ocorrências em outras unidades hospitalares

O Hospital Municipal do Zango 2 atendeu, na semana finda, a 1.714 pacientes, avançou, ontem, o clínico geral, Sebastião Senga.

O médico esclareceu que, durante o período em análise, foram registados 598 casos de malária, 32 de gripe, 17 de doenças diarreicas agudas, 15 de hipertensão arterial, sete de doenças respiratórias agudas, 29 de traumas causados por agressões físicas, 26 por acidentes de viação e três por ferimentos com arma de fogo.

Sebastião Senga deu a conhecer que 376 crianças foram assistidas na pediatria, 337 adultos em clínica geral e 242 mulheres deram entrada na maternidade, das quais 53 deram à luz

 
Samba

O Centro de Saúde da Samba socorreu, na semana finda, 3.481 pacientes, dos quais 837 ficaram internados, informou a directora clínica.

Rosa Manuel explicou que foram registados 208 casos de malária, 174 de febre, 111 de problemas respiratórios agudos, 72 de diarreia aguda e 25 de hipertensão arterial.

 
Sambizanga

O banco de urgência do Centro de Saúde do Sambizanga socorreu 547 pacientes com diversas patologias, informou a directora clínica.

Augusta Chandicua explicou que a unidade sanitária registou 468 casos de malária, 99 de desnutrição, 60 de doenças respiratórias agudas e 55 de diarreicas agudas.

Segundo a médica, 138 pacientes foram socorridos em clínica geral, 185 crianças na pediatria, 169 em Tisiologia, 15 em psicologia e sete em estomatologia.

 
Neves Bendinha

O banco de urgência de queimados do Hospital Geral Especializado Neves Bendinha atendeu, nas últimas 72 horas, a 42 pacientes, disse a directora clínica.

Antonieta Guilherme explicou que entre os pacientes atendidos, 25 são crianças, acrescentando que dez ficaram internados devido à gravidade das lesões, tendo-se registado a morte de dois cidadãos que se encontravam em estado crítico, na unidade nos cuidados intensivos.

A médica esclareceu que as queimaduras são causadas, fundamentalmente, por líquidos ferventes. "No banco de medicina, assistimos a 329 pacientes, dos quais 19 internaram, tendo-se registado 491 casos de malária e 130 de doenças respira- tórias agudas”.


Madalena Quissanga

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