Mundo

Parlamento rega criação de Estado palestiniano

O Parlamento de Israel aprovou por larga maioria uma declaração que critica o "reconhecimento unilateral" do Estado palestiniano, em consonância com o apelo emitido pelo Primeiro-Ministro, Benjamin Netanyahu, e numa antecipação a possíveis decisões de líderes internacionais.

23/02/2024  Última atualização 12H05
Parlamentares manifestaram por ampla maioria apoio às políticas de afirmação de Israel © Fotografia por: DR

Na votação, de quarta-feira, 99 dos 120 deputados alinharam com as teses defendidas pelo Governo de Netanyahu. "O Knesset (Parlamento) votou por ampla maioria contra as tentativas de impor o estabelecimento de um Estado palestiniano", ressaltou o Primeiro-Ministro israelita no fim da sessão parlamentar.

"Israel rejeita rotundamente os ditames internacionais sobre um acordo permanente com os palestinianos. O acordo, caso seja alcançado, apenas se concretizará mediante negociações directas entre as partes, sem condições prévias", indica o texto aprovado e que foi saudado por Netanyahu.

O Governo já tinha aprovado esta declaração no passado domingo, e no texto apenas se admite o reconhecimento da Palestina no caso de negociações directas entre as partes. No entanto, a guerra na Faixa de Gaza reabriu o debate sobre este tema crucial, incluindo nos Estados Unidos da América, o principal aliado de Israel.

O líder da oposição, Yair Lapid, também apoiou a declaração, e na sua intervenção no Knesset excluiu que Washington adopte uma posição unilateral, indicou o diário Times of Israel.

De acordo com o jornal The Washington Post, que cita dirigentes norte-americanos e árabes, a Casa Branca tem previsto anunciar, no âmbito de uma eventual trégua na Faixa de Gaza que possa incluir a libertação de reféns israelitas, uma proposta para a criação de um Estado palestiniano.

A decisão do Knesset coincidiu com a divulgação de uma sondagem do Instituto para a Democracia em Israel (IDI), que demonstra um aumento do apoio a uma solução diplomática na guerra em Gaza.

Um grande número de entrevistados respondeu positivamente à pergunta "Apoiaria ou opor-se-ia ao fim da guerra em Gaza que inclua a libertação de reféns, tranquilidade militar a longo prazo" com a garantia dos Estados Unidos, a paz com a Arábia Saudita, a libertação de presos palestinianos e o estabelecimento, a longo prazo, de um Estado palestiniano desmilitarizado.

Entre os árabes (palestinianos) israelitas, uma ampla maioria de 77% mostrou-se favorável, com apenas 9% a manifestar oposição. Entre os judeus israelitas, 55% revelou um certo grau de oposição, enquanto as opiniões a favor aumentaram de 29% para 37%.

Em paralelo, as Forças Armadas israelitas prosseguem os ataques por terra e ar em várias regiões da Faixa de Gaza e anunciaram uma "operação selectiva" no bairro de Zaytun, na cidade de Gaza, onde assegura que matou dezenas de membros do Hamas em combates "corpo a corpo" e ataques aéreos.

 

  Rússia culpa os EUA pelo conflito em Gaza

A Rússia acusouos Estados Unidos da América, perante o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), de usar uma abordagem que prejudicou as negociações de paz entre Israel e Palestina, provocando uma "onda de violência" em Gaza.

Num discurso, proferido na quarta-feira perante o tribunal das Nações Unidas, o embaixador russo na ONU, Vladimir Tarabrin, garantiu que "a actual onda de violência não é excepção", alegando que esta foi "precedida por uma política persistente dos Estados Unidos e dos seus aliados com o objectivo de congelar o 'status quo', diluindo processos políticos e promovendo a visão de um lado da solução".

Em 31 de Dezembro de 2022, a Assembleia-Geral das Nações Unidas adoptou uma resolução solicitando ao TIJ um "parecer consultivo" não vinculativo sobre as "consequências jurídicas decorrentes das políticas e práticas de Israel no território palestiniano ocupado.

O TIJ, com sede em Haia, está a realizar esta semana audiências sobre as consequências jurídicas da ocupação dos territórios palestinianos por Israel desde 1967, com um número sem precedentes de 52 países chamados a testemunhar.

O embaixador russo defendeu que "as políticas erráticas de Washington conduziram a um fracasso que custou milhares de vidas inocentes", lamentando que a comunidade internacional enfrente agora "a difícil tarefa de criar as condições para tirar a situação do actual impasse".

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Mundo