Cultura

Pesquisador mostra soluções para sustentabilidade da festa

Katiana Silva

Jornalista

O actor e pesquisador cultural Roldão Ferreira defendeu, na passada quinta-feira, na rubrica “Conversas da Academia à Quinta-feira”, que o Carnaval deve ser uma actividade auto-sustentável em todo o país.

03/02/2024  Última atualização 12H55
Conferencista abordou a história do Carnaval em Angola © Fotografia por: DR

O pesquisador sublinhou que a cultura da quotização entre os membros dos grupos carnavalescos é praticamente inexistente e o Governo não pode continuar a patrocinar o Entrudo.

 Para o efeito, Roldão Ferreira apresentou como uma das soluções a implementação urgente do Selo do Carnaval, no valor de 5 por cento sobre o preço da cerveja e do tabaco, permitindo a auto-sustentabilidade desta que é considerada a maior festa do povo.

Abordando o tema "A História do Carnaval em Angola”, tendo uma audiência, via online, composta por investigadores de diversos países da lusofonia, sob moderação do escritor António Quino, Roldão Ferreira animou a primeira conferência do ciclo do mês de Fevereiro da rubrica promovida regularmente pela Academia Angolana de Letras.

De acordo com Roldão Ferreira, em terras angolanas a festa do Carnaval teve início em Luanda, no dia 15 de Agosto de 1648. No período colonial, o carnaval era dançado em diferentes cidades do país, embora de forma efusiva e predominante nas cidades de Luanda e Lobito.

"Enquanto o carnaval de Luanda se destaca em termos culturais, o carnaval do Lobito destacava-se em termos alegóricos”, disse.

Segundo Roldão Ferreira, desde cedo os grupos carnavalescos rivalizavam entre si, assinalando o facto de haver troca de piadas na disputa entre grupos e bairros. O pesquisador pontua ser uma disputa sadia, que embelezava o Entrudo.

Roldão Ferreira, autor do livro "Carnaval, a maior festa do povo de Angola”, explicou detalhadamente as diferenças entre o carnaval de rua, o desfile do carnaval e o carnaval de salão, conhecidos como os bailes de carnaval, sublinhando que actualmente têm estado a ganhar predominância os bailes de carnaval, enquanto as exibições de rua têm estado a desaparecer.

No que diz respeito a ritmos, o conferencista frisou a kazukuta, a dizanda, cidrália, cabetula, rebita e o semba como o género mais destacado na actualidade. Quanto a nomes mais sonantes da história do carnaval, destacou João da Belo, a quem atribui a proeza de introduzir os passos da dança com guarda-chuva, visto que o carnaval se dança em tempo de chuva. Destacou igualmente José Ferreira, Teófilo José da Costa e Mester Geraldo.

Quanto ao futuro do carnaval, apontou que passa necessariamente pela modernização e por uma maior diferenciação de estilos musicais, dança e coreografia, bem como uma maior aposta em alegorias.

Tany Narciso é o próximo convidado

O presidente da Associação Provincial do Carnaval de Luanda, Victor Natanael Narciso "Tany Narciso”, é o próximo convidado da rubrica, a ser realizada no dia 8 de Fevereiro, sob moderação de Manuel Sebastião, antigo director do Gabinete Provincial da Cultura do Governo da Província de Luanda.

 Tany Narciso vai falar sobre o "Carnaval 2024: da tradição à modernidade”. O debate enquadra-se nos preparativos da edição 2024 do Carnaval de Luanda, cujos desfiles acontecem nos próximos dias 11, 10 e 12, na Nova Marginal. No total, entre adultos e infantis, vão desfilar cerca de mais de 40 grupos. Na classe A, a edição passada foi vencida pelo grupo União Recreativo do Kilamba, sob comando de Poly Rocha.

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