Sociedade

Polígonos florestais correm risco de desaparecimento no Huambo

Justino Victorino / Huambo

Jornalista

A chefe de departamento do Instituto de Desenvolvimento Florestal (IDF) do Huambo disse, sexta-feira, que está preocupada com o abate indiscriminado de árvores, nos principais polígonos florestais da região.

30/03/2024  Última atualização 07H25
A desflorestação está a causar erosões, ravinas, seca, diminuição da produção agrícola e redução da fertilidade dos solos © Fotografia por: Justino Victoriano|Edições Novembro|
Luísa de Sousa informou que, doravante, vão traçar novos programas para inverter o quadro, e que pretendem pedir penas mais duras contra os infractores.

Convidada a ser oradora num encontro sobre a importância das florestas e a necessidade da sua preservação, que contou com a presença de empresas ligadas à exploração de perímetros florestais, ambientalistas, docentes da Faculdade de Ciências Agrárias, especialistas do Centro de Alterações Climáticas (CETAC) e estudantes do Instituto Médio Agrário do Huambo (IMA), a técnica alertou para o impacto da prática no meio ambiente.

Sem adiantar os tipos de medidas a serem tomadas, esclareceu que há necessidade e urgência de se pôr cobro à situação, tendo solicitado às administrações municipais da província a fazerem diligências precisas, para conter o corte indiscriminado das árvores e aplicar medidas que desencorajem esta actividade, de forma a proteger os polígonos florestais.

A chefe de departamento lamentou o facto de a prática já estar a criar sérios problemas ambientais na região. "A desflorestação está a ser causadora de erosões, ravinas, seca, diminuição da produtividade agrícola, alteração do ciclo hidrológico, redução da fertilidade dos solos, contaminação das águas e  muitas alterações climáticas”.  

Durante o encontro, especialistas analisaram temas relacionados com o "Impacto sócio-ambiental do desmatamento no Huambo”, "Impacto das queimadas, projecto do carvão sustentável”, "Espaços verdes”, "Reflorestamento da sede do Huambo e a ocorrência do garimpo”.

Escassez de fiscais

A especialista do IDF afirmou que a instituição tem sérias dificuldades para fiscalizar as florestas, por possuir poucos técnicos e a região ter inúmeras florestas, a maioria, referiu, alvo de exploração ilegal.

No encontro, a engenheira agrónoma Argentina Felícia disse que muitos destes madeireiros furtivos abatem as árvores na calada da noite e transportam para outras províncias do país, onde o negócio é mais lucrativo, tendo apontado o pinheiro como a espécie mais dizimada.

Empresas legais

No Huambo, existem três empresas de exploração florestal em regime de concepção, atribuído pelo Estado Angolano, por via do Ministério da Agricultura, Florestas e Pescas, nomeadamente a Estrela da Floresta, Macro- Service e a Reformem Reflorestamento. As demais estão na fase de arranque para a exploração legal dentro do mercado.

No quadro de exploração legal, a empresa Estrela da Floresta tem estado a repovoar uma área de dois mil hectares de plantio de eucaliptos e pinheiros nas zonas de Sanguengue, no município do Cachiungo, e na comuna do Cuima, município da Caála, de acordo com o responsável da instituição, Freitas Cachengue.

Este ano, informou, a empresa pretende plantar uma área de 2.200 hectares com espécies de eucaliptos, pinheiro e cedros, entre outras acções que estão a ser feitas, dentro da responsabilidade ambiental da empresa, além dos 800 hectares já repovoados nos anos de 2022 e 2023.

Intervenção garantida

O administrador municipal do Huambo assegurou que o assunto da desflorestação é uma preocupação que o Governo vai abordar com as autoridades do Instituto de Desenvolvimento Florestal local, para se inteirar sobre as razões e causas destes cortes anárquicos, assim como das próprias queimadas. 

Azevedo Cambiambia defendeu a necessidade de a população cuidar dos eucaliptos pelo facto da vegetação da região do Planalto Central, estar ameaçada em consequência do corte indiscriminado das árvores, tendo apontado como prioridade o repovoamento das áreas que mais sofrem com os abates de árvores.

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